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Washington Araújo

Jornalista, escritor, professor da UnB, tem 17 livros sobre mídia e direitos humanos. Autor do blog de jornalismo e cultura Cidadaodomundo.org

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Paris apagou suas luzes enquanto o mundo as acendeu para lhes dar esperanças

O flagelo do terror, com a potencialização da violência, parece que veio para ficar. E os acontecimentos da sexta macabra em Paris, no coração da pátria da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, são testemunho eloquente disso

O flagelo do terror, com a potencialização da violência, parece que veio para ficar. E os acontecimentos da sexta macabra em Paris, no coração da pátria da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, são testemunho eloquente disso (Foto: Washington Araújo)
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O flagelo do terror, com a potencialização da violência, parece que veio para ficar. E os acontecimentos da sexta macabra (13/11/15) em Paris, no coração da pátria da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, são testemunho eloquente disso. Qual ópera urbana às avessas, os momentos mais trágicos têm início antes mesmo do desenrolar da história: em sete lugares de grande afluência de público, majoritariamente na casa dos 20 anos, o que inclui o principal estádio de futebol da capital francesa e casa noturna ampla o suficiente para levar ao palco show de rock, em menos de duas horas 127 pessoas foram mortas, mais de 100 ficaram reféns por homens vestidos com bombas e cerca de outros 80 ficaram gravemente feridos.

Em Paris as chamas do terror pegaram de jeito as redações de jornais e tevês e rádios, tomaram de assalto milhões de plataformas virtuais e produziram uma tragédia de imagens e uma uma nunca vista insônia planetária - o horror, o horror mesmo.

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O famigerado Estado Islâmico assumiu a autoria dos atentados ao tempo em o presidente francês François Hollande fechava todas as fronteiras do país, decretava estado de emergência, algo só acontecido em tempos de paz no país em 1961. E, ainda mais, colocava 6.000 policiais nas ruas de Paris para encontrar, com revistas e casas e repartições, os responsáveis pelos atentados.

Como de hábito uma imensa onda de solidariedade tomou conta do mundo: Paris apagou suas luzes enquanto o mundo as acendeu para lhes dar esperanças. E monumentos símbolos de várias nações foram imediatamente iluminados com as cores da França. O nosso Cristo Redentor, sempre ativo militante das causas da paz, foi o primeiro a se banhar de azul, vermelho e branco. Depois, monumentos do Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha demonstraram dessa forma sua completa solidariedade.

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O grande desafio a ser enfrentado não só por Hollande, mas antes, por todos os líderes mundiais é que o Estado Islâmico não possui um estado a ser atacado – é um exercito paramilitar que inicialmente foi armado pelo Ocidente para derrubar o regime de Bashar al-Assad na Síria e que, agora, se volta contra o próprio Ocidente. O Estado Islâmico aglutina radicais de ramos fundamentalistas muçulmanos e tem aumentado seu protagonismo na guerra civil na Síria já matou 250 mil pessoas, promoveu o caótico deslocamento de cerca de 11,5 milhões de pessoas, e impulsionou 800 mil refugiados a bater na porta de dezenas de países da Europa.

Como cidadãos comuns seguimos o velho ritual: expressar perplexidade, sofrer diante das imagens e dos vídeos da tragédia, acompanhar o anúncio do número de vítimas, saber de gestos de solidariedade, fazer orações.

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Neste último aspecto surgem algumas novas reflexões. As correntes de orações que logo se formam após tragédias ocorridas em lugares belos, opulentos e desenvolvidos como Paris, Londres ou New York são magnificadas e recebem, desde o momento em que se ouviu o último disparo e se percebeu o baque da queda da primeira vítima, massiva cobertura midiática em seletivo contraponto com a pífia cobertura e contidos gestos mundiais de solidariedade quando as vítimas tombam, mesmo que sejam às centenas e milhares, em cenários nem sempre belos, quase sempre não desenvolvidos e muito longe de serem opulentos como Damasco, Basra, Islamabad, Ramallah, Nova Deli, Mariana.

Um dia após o 11/9 a manchete do Monde foi: "Somos todos americanos". Neste 14/11 esta é a manchete nos EUA: "Somos todos parisienses". Infelizmente o mundo se une mais na dor. Infelizmente a solidariedade longe de ser irrestrita, tem sempre viés seletivo. Mas um dia haveremos de nos ver como um só povo, como uma única e mesma espécie - humana. E, então, nesse dia da Maior Paz, em todas as línguas as manchetes estamparão uma simples verdade: 'SIm, somos todos humanos.'

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É esta solidariedade seletiva existe apenas para nos dizer que persiste no mundo um ultrajante e insustentável abismo a separar aquela pequena porção da humanidade que é muito rica e afluente (e que fariam faraós corar de inveja!) da imensa maioria da humanidade (bem mais que 2/3 da população humana) que simplesmente nada possui, desassistida em sua saúde, debilitada em sua educação, desamparada dos serviços públicos de energia, água e esgoto e, principalmente deserdada de emprego e renda.

Ao mundo faz muita falta o estabelecimento de um Princípio de Segurança Coletiva mundial: Ao invés de travar guerras - as nações e seus líderes - deveriam (des)travar urgentemente consultas para resguardar a segurança e o bem-estar da humanidade. Não existe solução paleativa para as injustiças que sustentam essa velha ordem mundial lamentavelmente defeituosa. E qualquer solução tem de mirar o todo, a inteira raça humana. Vêm-me à mente o poderoso chamado de Baháu'lláh (1817/1892), o fundador da Fé Bahá'í: "Até quando o mundo continuará inconsciente, desatento, ao chamado para estabelecer a Maior Paz?"

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Este vídeo feito por um jornalista na saída lateral da Bataclan, - um dos lugares do massacre das últimas horas em Paris - foi divulgado hoje cedo pelo Le Monde. Vi o vídeo (link abaixo) e senti o terror dessas pessoas anônimas, na grande maioria jovens na faixa dos 20 anos. Concluí, um tanto abatido, que o mundo vai mal, muito mal. Precisamos de rezas fortes. E com o poder da epístola de Ahmad.

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