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Nêggo Tom

Cantor e compositor.

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Paulo Guedes e a doméstica monstruosidade de uma elite fascista e excludente

Aquela história de que pobre andando de avião incomodava não era apenas discurso político da esquerda. Era uma realidade manifesta através do som das baixelas de prata das madames, que protestavam contra Dilma Rousseff

Ministro da Economia Paulo Guedes (Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado)
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Assim como não é preciso entender de economia para ser Presidente da república, não é preciso entender de meretrício para saber que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, politicamente falando, é um bom filho de uma profissional liberal do ramo. E a intenção aqui é confrontá-lo mesmo. Não de forma gratuita, mas pontual e providencialmente. E que não se retire das notas taquigráficas uma possível falta de decoro deste que vos escreve. Pois ela reflete a opinião de muitos que não têm esse espaço para externar publicamente a sua indignação, a respeito da última declaração dada pelo "posto Ipiranga" do presidente Bolsonaro.

Ao manifestar-se contente com a alta do dólar, porque isto impedirá que empregadas domésticas possam ir à Disney, Paulo Guedes externa toda a monstruosidade de uma elite fascista, reacionária, racista, excludente e portadora de todos os tipos de preconceitos que alguém possa nutrir em relação ao outro. Elite esta que confiou a ele, e não a Bolsonaro, a missão de devolvê-los um país mais desigual, mais injusto socialmente, menos inclusivo e que voltasse a estabelecer uma quilométrica distância social entre ricos e pobres.

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Aquela história de que pobre andando de avião incomodava não era apenas discurso político da esquerda. Era uma realidade manifesta através do som das baixelas de prata das madames, que protestavam contra Dilma Rousseff, digo, contra um governo que, bem ou mal, incluiu os mais pobres dentro de um contexto social um pouco mais digno. Do alto de suas varandas gourmet, a elite verbalizava todo o seu ódio contra os pobres que estavam começando a frequentar alguns espaços, antes destinados a uma minoria branca e privilegiada.

Segundo Paulo Guedes, com o dólar mais baixo “era uma festa danada”, e os pobres estavam querendo se igualar aos ricos, viajando para o exterior toda hora. Aí não, né? O que essa ralé está pensando que é? “Peraí.”, como ele mesmo pontuou. Se não estivéssemos sob a naturalização dos absurdos, esse senhor já estaria demitido. Porém, o atual governo vem normatizando o bizarro e instituindo tudo o que é estúpido e nefasto, como uma nova forma de fazer política. E o pior de tudo, é que nos matemos pacíficos e passivos diante da barbárie imposta.

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Não foi a primeira vez em que Paulo Guedes verbalizou o seu desprezo pelos mais pobres. Ele já havia declarado que pobres não sabem poupar dinheiro e consomem tudo. Tudo o que, cara pálida? O que um pobre tem para poupar? Tal declaração, mostra toda a desconexão do ministro com a realidade da maioria da população, demonstra insensibilidade e falta de empatia com a dificuldade que os menos favorecidos encontram para sobreviverem. É repugnante e asqueroso ouvir do responsável pela economia do país, que ele se deleita com a exclusão e com a desigualdade social. E nem se dá ao trabalho de disfarçar a sua maldade. 

A verdade é que as empregadas domésticas citadas por Paulo Guedes, têm uma representatividade muito mais abrangente, dentro do contexto ao qual foram inseridas por ele. Elas são os pobres e os negros que podiam andar de avião, que ingressaram numa universidade, que compraram a sua casa própria, que elevaram a autoestima e que ganharam um pouco mais de visibilidade e dignidade dentro da sociedade. Ou seja, tudo que boa parte da nossa elite não aprova e teme, porque ameaça o seu status quo.

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Paulo Guedes é o pato da Fiesp materializado. Uma espécie de besta apocalíptica, que após ser curada de sua ferida de morte, recebeu do sistema o poder de governar e destruir os mais pobres. E aqui há um sentido literal. Essa é a missão que ele tem cumprido impiedosamente e com fiel devoção ao deus mercado. Paulo Guedes não é um liberal. Ele é adepto da libertinagem capitalista. Já deixou isso bem claro, quando foi para o exterior oferecer o país a quem quisesse comprá-lo. Esse é o governo patriota no qual milhões de brasileiros, incluindo pobres e empregadas domésticas, confiaram o seu voto.

E nem dá para dizer que foram enganados. Desde o começo eles deixaram claro que governariam para os mais ricos, que era preciso facilitar a vida dos patrões e que o trabalhador deveria escolher entre ter direitos ou ter emprego. Bolsonaro chegou a dizer que pobre não estava preparado par ser educado. Mourão chamou de “desajustados”, os filhos de mães solteiras moradoras de comunidades. Qual é a surpresa com a fala de Guedes, festejando o fato de os pobres estarem se fodendo?

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Por favor, não retirem o “fodendo” das notas taquigráficas. Há licença poética e sociológica nele. Além do meu desejo de que o atual ministro da economia, um dia também se desfrute com o termo. Não dá para aceitar com urbanidade, tamanho desrespeito e desprezo para com a nossa classe trabalhadora. Eu sou filho de uma ex-empregada doméstica que trabalhou muito, nunca pode ir à Disney, mas que me ensinou algo que o senhor Paulo Guedes nunca aprendeu na vida. Ter respeito e empatia pelo próximo.

Vai pra Disney, Paulo Guedes! Vai pro raio que o parta!

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