Pazuello jantou o Exército
“Ao sair impune da participação no ato político de apoio a Bolsonaro, o general da ativa Eduardo Pazuello pode passar a mão na barriga e dizer com convicção que ‘jantou’ o Exército, parafraseando a gíria dos bolsonaristas”, afirma o jornalista Aquiles Lins, editor do 247
Por Aquiles Lins
O Comando do Exército decidiu nesta quinta-feira (3) que não irá punir o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por ter participado do ato político de apoio a Jair Bolsonaro no dia 23 de maio, no Rio de Janeiro.
Segundo a nota da Corporação, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Oliveira, concordou com os argumentos pífios apresentados pelo militar, de que a o desfile de motocicletas e o posterior comício não eram um “evento político-partidário”, porque Bolsonaro não é filiado a um partido político no momento.
A disciplina e a hierarquia são os dois pilares mais importantes de sustentação do Exército. Ao abrir mão da disciplina para o flagrante delito do general Pazuello, hoje secretário de Assuntos Estratégicos do governo, o Exército abre um precedente perigoso que vai dificultar conter novos atos de indisciplina praticados por membros da corporação.
O Exército reforça com esta atitude o fato de que está submetido ao projeto político neofascista de Jair Bolsonaro. O general e vice-presidente Hamilton Mourão já havia alertado que uma punição a Pazuello seria importante para evitar “anarquia nas Forças Armadas”.
Ao sair impune e com a autorização para atuar politicamente sendo um general da ativa, Eduardo Pazuello pode passar a mão na barriga e dizer com convicção que “jantou” o Exército, parafraseando a gíria dos bolsonaristas quando se referiram ao depoimento de Pazuello à CPI da Covid.
Está tudo dominado.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
