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Ribamar Fonseca

Jornalista e escritor

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Pazuello pode ser a gota d'água para o fim do governo

Colunista Ribamar Fonseca afirma que o depoimento de Eduardo Pazuello "pode ser a gota dágua, apesar do habeas corpus concedido pelo STF que lhe permite ficar em silêncio". O general criou "um problema maior para si mesmo", acrescenta. "Primeiro, a iniciativa torna evidente o seu temor da CPI e, segundo, representa a confissão de que tem algo a esconder", diz

Eduardo Pazuello e a CPI da Covid (Foto: Pedro França/Agência Senado | Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Se o Brasil conseguir sobreviver a Bolsonaro e a Artur Lira o próximo Presidente da República, que não deverá ser o capitão, vai ter muito trabalho para reconstruir o país. A destruição em todas as áreas acontece tanto na órbita do Executivo quanto do Legislativo, o que provavelmente levou Bolsonaro a dizer que “graças a Deus temos Artur Lira na presidência da Câmara dos Deputados”. Na verdade, eles formam uma dupla predadora que, atuando perfeitamente afinada e contando com os votos garantidos pelo Bolsolão no Congresso, estão destruindo as conquistas sociais, a educação – especialmente a ciência -, as estatais, a floresta amazônica e, sobretudo, a alegria e a dignidade do povo brasileiro. Se Bolsonaro conseguir passar pela CPI da Pandemia e chegar até o final do mandato parte da população terá sido ceifada pela Covid, outra parte terá sucumbido de fome, o desemprego terá mergulhado outra parcela na pobreza absoluta e a Nação terá regredido pelo menos 20 anos. 

Apesar dessa verdadeira hecatombe que desabou sobre o Brasil com a eleição de Bolsonaro, a pior gestão em toda a História do nosso país, surpreendentemente uma pequena parcela da população, segundo registram as mais recentes pesquisas, ainda idolatra o capitão, provavelmente porque não sentiu ainda os efeitos desastrosos do seu governo. Além do maior índice de reprovação desde o início do seu governo, Bolsonaro está atrás de Lula nas pesquisas de intenção de votos, o que intensificou a atividade da sua fábrica de fakes, que inundou as redes sociais com todo tipo de mentiras. Na realidade, é fácil perceber que Lula e a CPI estão deixando Bolsonaro em pânico. Com a derrota nas eleições de 2022 cada dia mais evidente, o capitão já começa a falar em fraude, preparando o terreno para justificar o resultado das urnas e fazer a mesma confusão realizada por Donald Trump, seu ídolo e exemplo, quando perdeu o pleito para Joe Biden. Ele não quer largar o poder e vai fazer tudo o que puder para manter-se no cargo. 

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Com o desenvolvimento da CPI da Covid, no entanto, as chances de Bolsonaro conseguir a reeleição vão ficando cada dia mais distantes, até porque não está descartada a possibilidade dele ser afastado do cargo antes do término do seu mandato. O depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello pode ser a gota dágua, apesar do habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal que lhe permite ficar em silêncio. O general, na verdade, acabou criando um problema maior para si mesmo ao ingressar com o HC no STF: primeiro, a iniciativa torna evidente o seu temor da CPI e, segundo, representa a confissão de que tem algo a esconder. Se responder às perguntas pode se comprometer mais ainda e se ficar em silêncio estará confessando a culpa sobre o conteúdo da pergunta. Aparentemente ele não tem saída, mas pode ficar tranquilo quanto à possibilidade de  prisão: se o presidente da Comissão, senador Omar Aziz, não teve coragem para prender o ex-titular da Secom, Wanjgarten, muito menos terá coragem para prender um general da ativa. 

De qualquer modo, qualquer que seja o desfecho do seu depoimento o ex-ministro da Saúde terá sua imagem, já muito desgastada com a desculpa esfarrapada do encontro com auxiliares contaminados pela Covid para fugir da comissão, completamente destroçada, com inevitável reflexo em suas atividades na tropa e, consequentemente, na corporação. Ele será sempre visto como o general que se acovardou, fugindo do embate com os senadores. Na verdade, a imagem dele começou a derreter quando foi desautorizado publicamente por Bolsonaro a comprar 46 milhões de doses da vacina Coronavac. E revelou vergonhosa subserviência ao aceitar a humilhação dizendo que “um manda e outro obedece”, provocando uma debochada gargalhada do Presidente. Segundo rumores que circularam logo depois, seus colegas de farda teriam dito que ele deveria ter se exonerado do cargo naquele momento, rejeitando a humilhação. Depois do seu depoimento é bem provável que Pazuello vista o pijama.

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O fato é que a CPI está apertando o cerco a Bolsonaro que, sem ter para onde correr após fracassadas todas as tentativas para abortar a instalação da comissão, passou a insultar o relator Renan Calheiros e, também, o ex-presidente Lula, seu principal adversário nas eleições do próximo ano. A sua situação deverá ficar mais delicada ainda com a possível convocação do seu filho Carlos para prestar depoimento, pois já ficou claro que o vereador se tornou uma espécie de ministro sem pasta, participando ativamente das reuniões ministeriais e das decisões. Diante desse panorama, o capitão só permanecerá no Palácio do Planalto, após as conclusões dos trabalhos da CPI, caso o deputado Artur Lira, desafiando todo mundo, permaneça sentado sobre os mais de 100 pedidos de impeachment que se encontram na Câmara. Se o parlamentar, porém não resistir às pressões Bolsonaro poderá ser afastado do cargo até o fim do ano e os seus sonhos de permanecer no Planalto se transformarão em pesadelo. 

Com Lira na presidência e R$ 3 bilhões do orçamento secreto para o Bolsolão o presidente Bolsonaro vai poder aprovar tudo o que mandar para a Câmara que, lamentavelmente, tem trabalhado contra os interesses do país e do seu povo. A aprovação da proposta de novo licenciamento ambiental, um retrocesso sem tamanho que só dará prejuízos à Amazonia, felizmente poderá ser derrubada no Senado, onde será submetida a debate público. A esperança é que esses parlamentares-sabujos que estão legitimando as ações deletérias do governo, eleitos na esteira de Bolsonaro, receberão o cartão vermelho nas próximas eleições. São parlamentares de um mandato só, a exemplo do próprio capitão. Alguns governadores, também eleitos na onda antipetista que levou Bolsonaro ao poder, igualmente não voltarão, a exemplo, entre outros, dos governantes de Minas, Rio e Santa Catarina. O capitão, na verdade, sabe que o seu tempo de Presidente, um aborto da democracia que não se repetirá sem a Globo e a Lava-jato, está acabando e, por isso, o seu desespero. A sua indústria de fakes está trabalhando a todo vapor, mas, por mais convincentes, as mentiras não conseguirão segurá-lo por tanto tempo. 

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