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Florestan Fernandes Jr

Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e Diretor de Redação do Brasil 247

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PEC propõe 1.256 novas polícias municipais no Brasil

"Projeto atende aos interesses da indústria armamentista e amplia no horizonte o risco ao estado democrático de direito", diz Florestan Fernandes Jr.

(Foto: Reprodução)
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Está em discussão na Câmara dos Deputados uma Proposta de Emenda Constitucional para criação da Polícia Municipal, em substituição às Guardas Civis municipais. Até a última terça-feira, a PEC já contava com 172 assinaturas de parlamentares ali incluídas, desde integrantes da “bancada da bala” – comumente associada ao bolsonarismo, até mesmo alguns parlamentares da base do atual governo.

A ideia do autor da PEC, deputado federal Sargento Portugal (PP-RJ), é enquadrar as guardas municipais no artigo 144 da Constituição Federal, que dispõe sobre as categorias do serviço público responsáveis pela área da Segurança Pública.

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Se a PEC for aprovada, 1256 municípios no país passariam a ter suas próprias “Polícias Municipais”, com autonomia e poder de policiamento armado. Uma espécie de “descentralização” da segurança pública que, no discurso dos autores da PEC, visa “desafogar” o sistema de segurança.

Em uma contabilidade simples, teríamos uma força policial estimada em 130 mil homens, que somados aos 498.310 policiais militares da ativa[1], resultaria em um efetivo policial de 628.310 policiais armados. Um policial para cada 426 brasileiros, perfazendo um contingente bem maior que o das forças armadas, com seus 360 mil militares na ativa.

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Um projeto que claramente atende aos interesses da indústria armamentista e que amplia no horizonte o risco ao estado democrático de direito. Neste ponto, a história recente nos dá provas de que as polícias têm se tornado um ambiente quase hegemônico de politização e, insufladas e arregimentadas por políticos da extrema direita, deram demonstrações claras de apoio ao projeto golpista de Bolsonaro.

Foram recorrentes os casos de manifestações políticas de policiais militares da ativa, embora o regulamento da corporação proíba expressamente esse ativismo. Toda essa “partidariazação” bolsonarista ficou muito clara na falta de ação da PM do Distrito Federal durante os atos terroristas do 8 de janeiro. Naquele dia, em meio à destruição das sedes dos três poderes, muitos PM foram flagrados fazendo selfies com os golpistas. Lembro ainda do motim da PM do Ceará, em 2019, durante a gestão do governador Camilo Santana (PT). Um movimento de paralisação ilegal que só se encerrou após ter culminado com um tiro no peito do senador Cid Gomes.

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Esses eventos que citei exemplificativamente, induz a uma pergunta: Com mais de meio milhão de policiais armados e com a mente permeável a discursos golpistas, quem precisaria do apoio das forças armadas para dar um golpe de estado?

Seria esse o melhor caminho para combater a expansão da criminalidade?

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A questão é muito complexa e não comporta soluções simplistas. Penso que, mais do que expandir o efetivo e, como pretende a PEC, tornar o controle das polícias difuso (ou seria descontrole?), o combate ao crime organizado passa necessariamente pela qualificação dos agentes de segurança, pela sofisticação das inteligências, da integração da rede de comunicação entre as várias polícias do país.

[1] Fonte: anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública (2022)

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