Pentecostalismo e a guerra contra a Palestina

Não sou evangélico, muito menos pentecostal ou neopentecostal, mas me intriga o fato desses religiosos trocarem a ética do Cristianismo e o próprio Jesus Cristo pela ética retributiva do Velho Testamento e a figura de Moisés. Como se pode ser cristão, ignorando as lições de Cristo e o novo testamento?

Já foi dito por um especialista que essa associação entre certos crentes no mosaismo é um certo ramo do pentecostalismo americano e a sua doutrina do dispensassionismo. Mesmo assim intriga esse Cristianismo sem Cristo, essa relação com o judaísmo e sua ética olho por olho, dente por dente.

Como é possivel fechar os olhos para a carnificina praticada por Israel contra crianças, doentes, mulheres, civis, escolas, hospitais, igrejas na faixa de Gaza? - qual é a hermenêutica bíblica que permite tal justificação moral, religiosa e penal?

Se é justo condenar a morte de cidadãos judeus e manter reféns outro tanto, isso não justifica o massacre, o genocídio, o holocausto do povo palestino, que ja vem de décadas, sem solução nenhuma, porque o governo de Telaviv nao aceita a jurisdição do TPI e nem cumpre as resoluções da ONU.

Deve ser uma leitura estranha, bizarra essa da tradição judaico cristã, temperada com o pragmatismo profano norte-americano no que diz respeito aos bens materiais e a manifestação material da glória de Deus. Conheço muitos evangélicos que tem uma visão crítica dessa leitura e lutam contra a injustiça e não aceitam essa carnificina dos palestinos.

É preciso entender as características da recepção do pentecostalismo americano no Brasil e sua penetração no seio da população mais pobre do país depois da crise da teologia da libertação e das CEBs. Recepção conservadora, pragmática e interesseira que alimentou o negacionismo e o bolsonarismo no Brasil. Movimento que cresce tem visibilidade e projeto político mais ainda com o amplo acesso aos meios de comunicação.