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      Alex Solnik

      Alex Solnik, jornalista, é autor de "O dia em que conheci Brilhante Ustra" (Geração Editorial)

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      Perigo de gol

      Justiça boa é aquela na qual o processo corre em silêncio e, quando chega ao final, concluído o julgamento, esgotados todos os recursos, é informada a sentença que passa a ser cumprida. No entanto, como o próprio Moro admitiu estamos vivendo "tempos excepcionais". Entre "tempos excepcionais" e "tempos de exceção" o caminho é curto

      Justiça boa é aquela na qual o processo corre em silêncio e, quando chega ao final, concluído o julgamento, esgotados todos os recursos, é informada a sentença que passa a ser cumprida. No entanto, como o próprio Moro admitiu estamos vivendo "tempos excepcionais". Entre "tempos excepcionais" e "tempos de exceção" o caminho é curto (Foto: Alex Solnik)

      Quando uma bola levantada na área é disputada por vários jogadores e o juiz apita "falta", alguns locutores costumam dizer que ele apitou "perigo de gol".

      Sergio Moro, que também é juiz pode usar do mesmo expediente para decretar a prisão de Lula. Apitar perigo de gol. Ou, no caso dele, perigo de que ele destrua provas.

      Pronto, basta essa alegação (para usar a palavra de que Temer tanto gosta) para Lula ir para o xilindró.

      Alguém poderia pensar: pô, mas por que Lula não embarca para o exterior enquanto não lhe tiram o passaporte?

      Porque, nesse caso, segundo um advogado criminalista amigo meu, sua prisão seria decretada no dia seguinte e ele seria considerado foragido da Justiça.

      Qualquer cidadão que é réu pode ser preso a qualquer momento.

      No entanto, há questões a considerar.

      Justiça boa é a justiça silenciosa e impessoal. Ninguém tem que saber qual juiz está julgando o que, a não ser as partes interessadas. Somente no Brasil juízes viraram celebridades, com direito a férias na Ilha de Caras.

      Juiz não tem que dar palestra, entrevista nem escrever cartas à Folha pedindo a cabeça de um membro do conselho editorial do jornal, a fim de preservar a sua autoridade.

      Justiça boa é aquela na qual o processo corre em silêncio e, quando chega ao final, concluído o julgamento, esgotados todos os recursos, é informada a sentença que passa a ser cumprida.

      No entanto, como o próprio Moro admitiu estamos vivendo "tempos excepcionais".

      Entre "tempos excepcionais" e "tempos de exceção" o caminho é curto.

      Quando a justiça usa show-off, espalhafato, powerpoint, abandona o seu caráter jurídico para se tornar uma operação política dirigida contra um determinado partido político.

      Tenho chamado alguns presos da Lava Jato de presos políticos. Não porque pertençam a organizações políticas que tentam derrubar o poder vigente, mas porque o fato determinante de suas prisões é mais político que jurídico, em muitos casos, para não generalizar.

      O povo está gostando do espetáculo e apoia Moro, poderiam dizer seus fãs. Mas o povo também gostava de assistir aos espetáculos de luta entre cristãos e leões e da queima de judeus nas fogueiras da Inquisição.

      A voz do povo não é a voz de Deus, a não ser que ele seja um cara do Mal.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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