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Stefano Dumontet

Biólogo e professor universitário

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Pesadelo

Veja o que aconteceu na “democrática” Itália alguns meses atrás. Um pesadelo que nunca quis viver

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Este artigo aborda uma questão muito controversa, que também deveria deixar todos, seja qual for a opinião, de acordo sobre os princípios básicos que caracterizam uma verdadeira democracia.

Apesar da natureza do assunto que estou prestes a tratar, que pertencia à recente pandemia, eu não sou estimulado por nenhum propósito polêmico. Não vou abordar nenhum assunto delicado, como a questão da origem da pandemia, da eficácia das vacinas e nem mesmo das medidas tomadas para contrastá-la. Tenho uma ideia bastante precisa do que aconteceu, mas o assunto é tão sensível que pretendo respeitar todas as interpretações deste acontecimento.

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Antes de iniciar a análise do que aconteceu na Itália, entre o segundo semestre de 2021 e a primavera de 2022, seria útil remembrar alguns dos artigos da tanto celebrada constituição da república italiana. Como, por exemplo, o artigo número 13, que estabelece a inviolabilidade da liberdade pessoal de qualquer tipo de constrangimento que possa impedir movimentos ou ações e também de qualquer tipo de coação que venha prejudicar a autodeterminação dos indivíduos, ou a integridade de sua consciência. O artigo número 21 estabelece o direito de expressão do pensamento oralmente, por escrito ou por qualquer meio de difusão, incluindo qualquer meio de comunicação de massa. A lei, portanto, reconhece o direito de expressar seus pensamentos de forma muito ampla, como parece natural em um sistema que se diz democrático. Artigos que foram pisados descaradamente pelas instituições e pela mídia corporativa.

Tendo dito tudo isso, podemos passar a chamar a atenção dos leitores brasileiros sobre os feitos de imensa gravidade que os italianos, fiéis às disposições constitucionais, sofreram na trágica circunstância das medidas governamentais relativas à obrigação vacinal, que nunca virou lei.

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Sob o pretexto da situação emergencial devida a suposta pandemia, uma violenta campanha midiática foi organizada para criminalizar aqueles que se recusaram a tomar as vacinas experimentais, chamados coletivamente de “no-vax”. Foi uma verdadeira “campanha de ódio” fomentada pelas instituições e conduzida pelas mídias.

As palavras utilizadas são impressionantes. Relato a seguir uma série de declarações públicas de políticos, jornalistas, médicos e enfermeiros. Optei por não citar nomes, exceto para os políticos, para não dar a impressão de redigir uma lista de proscrição, exatamente como gostariam de fazer muitos daqueles que se manifestaram com tanta violência.

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Jornalistas:

“Gostaria de vê-los morrer como moscas.”; “Os cães são sempre permitidos. Só vocês, como é certo, vão ficar de fora.”; “Estamos esperando que os no-vax sejam extintos por conta própria.”;“Gostaria que o vírus comesse seus órgãos em dez minutos reduzindo-os a um mingau esverdeado que caiba em um copo para ver quantos no-vaxes inflexíveis restam no mundo.”;“Os raiders têm que cuspir na comida deles.”; “Um dia faremos a limpeza étnica dos não-vacinados, como o governo de Ruanda exterminou os tutsis.”; “Mande a polícia (carabinieri) na casa deles”; “Não é bom desejar a morte, mas alguém sentirá falta dos no-vax?”; “Precisamos de Bava Beccaris, eles devem ser alimentados com chumbo.” (Bava Beccaris foi um general tristemente conhecido por ter liderado a repressão sangrenta - 83 mortos - dos motins de Milão em 1898.)

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Políticos:

“Carrinhos separados para os não-vacinados”, Mauro Feliceri, vereador; “No-vax fora de lugares públicos”, Eugenio Giani, Presidente da Região Toscana; “Pode ser útil para quem optar por não se vacinar andar com um cartaz pendurado no pescoço”,Ângelo Giovannini, prefeito; “Não os chame de no-vax, chame-os pelo nome: criminosos”, Alessia Morani, deputada; “Seus apelos para não serem vacinados são apelos para morrer”, Mário Draghi, primeiro-ministro; “Peço a Deus que os não-vacinados se infectem e morram rapidamente”, Giovanni Spano, vice-prefeito; “Vamos dificultar a vida deles, são perigosos”, Piepaolo Sileri, vice-Ministro da Saúde; “Os no-vax são nossos talibãs”, Giovanni Toti, presidente da região da Ligúria. 

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Medicos:

“Campos de extermínio para quem se recusa vacinar-se.”; “Se dependesse de mim, também construiria algumas câmaras de gás.”; “Eles serão colocados em prisão domiciliar, trancados em casa como ratos.”; “É certo deixá-los morrer na rua.”; “Eles são criminosos, deveriam ser perseguidos como os mafiosos.”.

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Enfermeiros:

“Vou furar a veia deles uma dúzia de vezes, fingindo que não consigo tomá-la.”; “Se as unidades de terapia intensiva lotarem, farei um esforço para puxar a tomada.”; “Vou colocar as sondas necessárias nos lugares habituais, vou fazer isso com um pouco mais de prazer.”; “Se você chegar positivo no hospital, a Covid vai parecer um spa comparado ao que eu vou fazer com você”.

Também o Papa tinha uma linha dura dentro e fora do Vaticano. Ele ameaçou os funcionários da Cidade do Vaticano, que se recusaram a tomar a vacina anti-covid, de medidas severas, incluindo demissão.

Esta é somente a ponta do iceberg do ódio derramado em punhados, durante 24 horas, todos os dias pela mídia corporativa. Jornais e TV participaram em uma perseguição como nunca foi vista desde os dias das leis raciais fascistas. Uma perseguição tão violenta que compareceram nas cidades italianas cartazes como aquele que, em Lucca, preconizava o uso do gás Zyklon B contra os no-vax (https://www.lanazione.it/lucca/cronaca/manifesti-choc-gas-ai-no-vax-sconcerto-e-condanna-unanime-1.7231168). O Zyklon B foi o gás tóxico utilizado pelos exterminadores nazistas na “solução final”. 

Tudo isso aconteceu na “democrática” Itália alguns meses atrás. Um pesadelo que nunca quis viver. Um pesadelo que paira sobre qualquer país em que não sejam mais respeitados os direitos democráticos, reconhecidos por todas as constituições, de plena autodeterminação dos cidadãos. 

Primo Levi, famoso escritor italiano de origem judaica, que sobreviveu aos campos de extermínio nazistas, escreveu:

“...não começou com as câmaras de gás... começou com políticos dividindo as pessoas entre nós e eles... começou com discurso de ódio e intolerância, nas praças e através da mídia... começou com crianças expulsas da escola ...e acima de tudo começou quando as pessoas pararam de se importar, quando as pessoas ficaram entorpecidas, obedientes e cegas, acreditando que tudo isso era normal”.

Assim os “no-vax” foram expulsos da vida social, expulsos dos lugares públicos, expulsos dos lugares de trabalho, ficando sem salário, expulsos do transporte público. Foram alvo de um ódio inacreditável e também sujeitos a limitações ridículas, como a proibição, para os professores não vacinados, de ensinar telematicamente durante o período de fechamento das escolas e das universidades. É assim que todos os “no-vax”, acima de 50 anos, foram submetidos a uma sanção de 100 euros.

As crianças não vacinadas foram expulsas das escolas, do esporte e de qualquer contato social. Os países brigaram entre eles a causa da sua diversa disposição em relação à ministração da vacina aos filhos de menor idade. Brigas que terminaram nos tribunais. Também os tribunais julgaram o desejo das crianças de ser vacinadas contra a vontade dos país. Tudo isso foi relatado com grande clamor na mídia, criando fraturas sociais e familiares insanáveis. Seria útil relatar que, segundo o instituto estatístico italiano (ISTAT), em 2020 (o pior ano da pandemia) a faixa etária entre 0 e 24 anos teve uma taxa de mortalidade 18,3% menor que a média dos 5 anos anteriores. Os jovens, portanto, nunca estiveram em risco e nenhuma consideração científica pode ser invocada para justificar a violência da propaganda destinada a vaciná-los.

Tudo isso em completa ausência de qualquer lei, ratificada do parlamento italiano, contendo provisões para a obrigação vacinal. Apesar disso, e na contramão das indicações previstas pelas leis da comunidade europeia, foi implementado o famigerado “green pass”, um instrumento sem base legal que, de fato, foi usado como elemento discriminatório. Os possessores do “green pass” tiveram reconhecidos todos os direitos civis, enquanto aqueles que se recusaram a tomar a vacina foram privados de boa parte deles. As pressões foram enormes e o “green pass” foi usado sem vergonha para afastar do trabalho e da vida civil todos aqueles que expressaram um ponto de vista alternativo em relação à suposta pandemia e foi também usado, subrepticiamente, para reprimir manifestações de rua. O “green pass” nada mais é que um gigantesco cadastramento da população e um instrumento útil para futuras repressões. Tudo o que aconteceu pode ser visto, então, como um experimento bem-sucedido de engenharia social. 

Os no-vax foram indicados come a fonte de todos os problemas. Mario Draghi disse “A maioria dos nossos problemas decorre dos não vacinados”. Come se o desemprego, a morte programada da indústria italiana, a crise demográfica, a disparidade econômica cada vez maior entre o norte e o sul do país, as máfias, as “demolição controlada” do sistema de assistência sanitária pública, o prevaler do capital financiário rentista e parasitário e também a pobreza em aumento foram causados pelos no-vax. Uma técnica subliminal de distração de massa bem-sucedida. 

Parece-me bastante claro que estamos perante da morte da democracia. Uma morte bem organizada e bem mascarada. Uma morte cuja motivação foi completamente e intencionalmente equivocada. 

Todos os “proclamas” feitos a favor da ciência, pelos políticos e pelos “opinion leaders”, supostamente orientados para o cuidado da população contra uma doença perigosa, recebiam sustentação dos mesmos atores que mentiram descaradamente sobre qualquer assunto, que fizeram com que a Itália dedicasse apenas 1,4% do PIB à pesquisa científica (contra 2,1% da média europeia e 2,5% dos países da OCSE), que aumentaram as despesas militares no pleno da pandemia diminuindo as despesas da assistência sanitária, que deixaram fechar 173 hospitais, causando uma redução de 46.000 unidades médicas, somente nos últimos 10 anos.

Uma chave de leitura, entre outras, para entender essa estranha e trágica história, pode ser encontrada nas palavras de Ursula von der Leyen: “...os lockdowns esfriaram a inflação”. Uma declaração que mais de tantas palavras explica bem as verdadeiras preocupações dos líderes políticos. 

Para concluir, estamos perante a morte da democracia, sufocada por inúteis máscaras faciais, torturada por uma campanha de ódio de pendor fascista, violentada por uma cruzada volta a imposição de produtos que nem podem ser definidos vacinas, já que agora está claro que não imunizam. 

O poder exercido em estado de exceção se torna sempre brutal, seja qual for a nação em causa e seja qual for a sua liderança política. Fora do controle do parlamento, salvo caso seja um parlamento complacente privado de fato dos seus poderes como aconteceu na Itália, qualquer política se torna repressiva

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