CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Paulo Moreira Leite avatar

Paulo Moreira Leite

Colunista e comentarista na TV 247

1184 artigos

blog

Pesquisa sobre Lula é profecia que se auto-realiza

"Levantamento Data-Folha confirma que o país segue intoxicado por mais de uma década de massacre midiático", escreve Paulo Moreira Leite, do Brasil 247

(Foto: Stuckert)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Paulo Moreira Leite

A pesquisa publicada hoje, pelo DataFolha, é a primeira amostra da luta ideológica que o país irá enfrentar depois que Lula recuperou os direitos políticos, reconquistando o direito de disputar a presidência, já na condição de favorito (50% contra 39% para Bolsonaro, informa o Ipec, 7/3/2021).  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Não custa lembrar, para começar, que o respeito ao direitos de Lula não é um caso inteiramente resolvido. No mesmo despacho em que declarou a nulidade das condenações de Lula, o ministro Edson Fachin transferiu a palavra final ao plenário do STF. 

"Afeto o julgamento ao Tribunal Pleno," escreveu Fachin, no primeiro parágrafo. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Com essas quatro palavras,  o ministro sinalizou um movimento duplo. Devolveu os direitos políticos de Lula, notícia que provocou um pequeno terremoto no país. Ao mesmo tempo,  deixou uma porta escancarada para a entrada de pressões interessadas em reverter a decisão. Este é o contexto do DataFolha. 

Perguntar, hoje, se o eleitor considera Lula culpado ou inocente de condenações produzidas pelos métodos criminosos revelados pelas gravações da Vaza Jato é um escândalo em si. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Representa um esforço previsível para jogar a opinião publica sobre o Supremo, caso o tribunal, presidido até setembro de 2022 por Luiz Fux,  decida pautar o debate sobre sentença de Edson Fachin. 

Em vez de fazer uma pergunta objetiva para o eleitor -- em quem pretende votar, por exemplo  -- a pesquisa investe num levantamento onde reina a subjetividade -- descobrir a opinião do eleitor sobre a natureza das condenações de Moro.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Basta recordar o caráter inteiramente tendencioso da cobertura midiática da Lava Jato, parte ativa da construção da mitologia que produziu Sérgio Moro e abriu caminho para Jair Bolsonaro, para compreender aonde o levantamento quer chegar quando pergunta sobre a "culpa" de Lula. É de sentir vergonha. 

Trata-se de uma típica profecia que se autorealiza -- sem valor algum, portanto.  

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Após uma década de massacre contínuo por uma midia monopolizada, pergunta-se ao leitor se ele acha que a condenação de Lula foi justa. 

Seria ingenuidade esperar uma resposta diferente. O trabalho de investigação-da-investigação da Lava Jato, indispensável para que a população tenha noção do peixe que lhe venderam, não chegou sequer à metade e é provável que já tenha terminado. 

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Limitou-se à divulgaçao de que a Operação se valia 

de métodos de trabalho condenáveis, que justificariam a anulação de várias condenações. 

Nenhum veículo, contudo, levou uma investigação até o final, para chegar às consequências práticas e beneficiários diretos de apurações orientadas  no compadrio, em benefício de preferências pessoais ou conveniências políticas de Moro, Dallagnoll e Cia. 

Eventuais responsáveis jamais foram investigados, muito menos punidos. De uma forma ou de outra, todos foram preservados, seja em gratidão pelos serviços prestados, seja porque podem vir a ser úteis no futuro. Sergio Moro perdeu pontos no Ibope mas segue aparecendo em lista de candidatos a presidente. Nem todos amigos que fez na mídia o abandonaram. Pelo contrário. 

Nessas condições, é obrigatório recordar um pensamento desenvolvido em 1846 por Karl Marx e Friederich Engels, numa obra clássica, "A Ideologia Alemã". Ali, eles apontam um ponto básico da sociedades humanas sob o capitalismo: "a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante". 

Parece difícil negar que o DataFolha encontrou o que buscava e que a grande mídia ajudou a construir -- ideologia. 

A resposta é diferente, no entanto, quando se pergunta ao eleitor em quem pretende votar. A comparação entre o DataFolha com os dados do 

Ipec mostra uma situação invertida. 

A diferença  entre os dois levantamentos sublinha que o massacre da mídia teve forças para confundir a visão de muitos brasileiros e brasileiras sobre Lula. 

Mas não foi capaz modificar sua visão sobre seus direitos e seus interesses.

Só por isso, não custa lembrar, a força política de Lula preocupa o condomínio reacionário que o impediu de disputar as eleições, em 2018, e pretende voltar à carga contra sua presença em 2022. 

Alguma dúvida?

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO