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Rodrigo Vianna

Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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Pesquisas mostram estabilidade; voto cirista pode definir eleição

"Se 2 ou 3 pontos saírem de Ciro para Lula no dia da eleição, a fatura estará liquidada no primeiro turno", avalia o jornalista Rodrigo Vianna

Ex-ministro Ciro Gomes e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)
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Por Rodrigo Vianna

Na semana que passou, a campanha presidencial saiu das ruas e entrou nas telas. Não só porque começou a propaganda política no Rádio e na TV, mas principalmente porque as energias dos candidatos e eleitores se voltou para dois eventos televisivos: as entrevistas ao Jornal Nacional e o primeiro debate de 2022, este realizado por um pool comandado pela Band.

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O sucesso estrondoso de Lula no JN, os tropeços de Bolsonaro no mesmo JN, a péssima repercussão da postura misógina e belingerante do atual presidente na Band, ao atacar jornalistas e candidatas mulheres, e a boa atuação de Simone Tebet e Ciro na Band (contratastando com um Lula recuado, jogando para empatar): essas foram as marcas dos últimos dias de campanha televisiva. Tudo isso criou a expectativa de alguma mudança nas pesquisas.

Ao mesmo tempo, a campanha bolsonarista esperava que a nova leva de enquetes apontasse aumento significativo de apoio ao capitão, por conta do pagamento dos auxílios.

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Os primeiros sinais são de que nada disso aconteceu.

Neste início de semana, MDA e IPEC (ex Ibope), pesquisas com boa reputação no mercado (são classificados como "muito confiáveis" em ranking elaborado pelo UOL), mostraram quadro de grande estabilidade na corrida eleitoral.

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As duas captaram boa parte do efeito das entrevistas ao JN e um pouco do efeito do debate na Band. E o resultado? Nada se moveu. As duas pesquisas seguem a apontar a possibilidade real de Lula liquidar a fatura já no primeiro turno, ainda que no limite da margem de erro.

Na IPEC, Lula tem pouco mais do que a soma de todos os adversários; na MDA, tem pouco menos do que a soma dos mesmos concorrentes. Vamos a um resumo...

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CNT/MDA 

Lula 42%  (está nessa faixa desde julho de 2021)

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Bolsonaro 34% (subiu sete pontos pontos desde julho de 2021)

Ciro 7%

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Tebet 2%

Outros 1% 

Ou seja: Lula 42% x 44% Bolsonaro/Ciro/outros  

(Lula está no limite inferior, com a margem de erro de 2 pontos, para liquidar a eleição no primeiro turno).

===

IPEC (ex Ibope)

Lula 44% 

Bozo 32%

Ciro 7%

Tebet 3%

Outros 1%

Ou seja: Lula 44% X 43% Bolsonaro/Ciro/outros

(Lula também está no limite, mas dessa vez para cima, para liquidar no primeiro turno).

Alguns analistas destacaram o "crescimento de 7 pontos de Bolsonaro" na pesquisa CNT/MDA, como um bom sinal para o capitão. Mas o dado deve ser visto com cautela. O avanço, na verdade, embute a migração do voto em Moro e Dória - que desistiram (ou "foram desistidos) no início de 2022. Não tem nada a ver com o início da campanha na TV.

Esse movimento de concentração do voto conservador em Bolsonaro já havia sido captado por outros institutos. Tudo indica que Bolsonaro está perto de seu teto, ao concentrar nele o significativo manancial de votos fascistas/conservadores/neoliberais/antipetistas. Acho provável/possível que Bolsonaro chegue a 35% ou 37% até a eleição. 

Parece tambem que Lula está muito perto do seu teto (cerca de 45% dos votos totais = 50% dos votos válidos).

Por isso, um quadro absolutamente normal será uma diferença da ordem de 8 a 10 pontos entre Lula e Bolsonaro na reta final do primeiro turno: 45% X 35%, com Ciro/Tebet/outros somando 10%.

Se esse cenário ocorrer, é provável também uma corrida ao voto útil.

Haver ou não segundo turno dependerá muito do voto cirista. Nesse sentido, Lula foi muito habilidoso no debate da Band, ao acenar para Ciro e o PDT com paciência e respeito. Se 2 ou 3 pontos saírem de Ciro para Lula no dia da eleição, a fatura estará liquidada no primeiro turno, ainda que a diferença não seja significativa para o segundo colocado.

O movimento pode vir do eleitor moderado cirista, ou do próprio PDT. Tudo agora vai depender de uma sintonia fina nesse último mês... Lula não precisa de grandes arroubos, mas de diálogo.

Um 7 de setembro amalucado pode enfraquecer Bolsonaro entre os indecisos. E franjas do voto conservador menos maluco podem ir para Tebet ou até para nulo/abstenção.

Muito vai depender tambem do que Lupi (mais do que Ciro) calcular que rende mais:

- forçar segundo turno e com isso abrir portas na Globo e junto ao grande capital, que gostariam de um Lula mais fraco e obrigado a mais concessões;

ou

- ajudar Lula a resolver a eleição no primeiro turno, e garantir logo bom espaço para o PDT no futuro ministério.

Tendo a achar que Lupi (já mais velho e sem grandes ilusões de poder) está mais preocupado em ajeitar a vida da família do que em garantir o futuro político do PDT, que vai encolher na Câmara e nos governos estaduais por causa dessa linha perigosa adotada por  Ciro.

Hoje, com Ciro/PDT no páreo até o fim, a probabilidade maior é de haver segundo turno. A habildade de Lula nos bastidores e um pingo de espírito brizolista que ainda reste a Lupi: isso pode definir a parada no dia 2 de outubro.

Aguardemos ainda o DataFolha, na próxima quinta, para bater o martelo sobre a consolidação do quadro eleitoral.

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