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Bepe Damasco

Jornalista, editor do Blog do Bepe

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Pobre militante do PT

Se continuar com esse ar blasé, fingindo não ver que vivemos tempos de guerra, o governo será derrotado no parlamento, nos tribunais e, o que é pior, nas ruas

Se continuar com esse ar blasé, fingindo não ver que vivemos tempos de guerra, o governo será derrotado no parlamento, nos tribunais e, o que é pior, nas ruas (Foto: Bepe Damasco)
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É de doer o coração o padecimento do militante do Partido dos Trabalhadores. Entregue à própria sorte, em meio à arena dos leões, ele tenta resistir como pode ao massacre midiático contra o governo do seu partido. Mas a solidão é grande. Diante de toda sorte de ataques sórdidos, vilanias e infâmias, o governo da presidenta Dilma adota o silêncio como tática suicida de luta. Seduzida, talvez, por aconselhamentos de marqueteiros ou paralisada diante de sua falta de jeito e vocação para a refrega política, a presidenta e seu círculo mais próximo de colaboradores conseguem não se incomodar com o escrachado movimento de desestabilização do seu governo que está em curso.

Quem abre os jornais e revistas, assiste aos noticiários da TV ou ouve as emissoras de rádio dedicadas a notícias tem contato com um país que está se desmanchando. O Brasil é terra arrasada. Tudo culpa do governo federal. A gestão da água é, constitucionalmente, responsabilidade dos governos estaduais. Não importa a omissão e a incúria de Alckmin no caso Cantareira. A culpa é da Dilma. Nunca se investiu tanto  em produção e linhas de distribuição de energia elétrica como nos governos Lula e Dilma. Mas não há tréguas no terrorismo sobre racionamento e apagão, que, aliás, nunca se concretizam,. Dia e noite a imprensa bate na tecla da falta de planejamento e investimento do governo atual.

Tudo isso muito bem ancorado pelo destaque avassalador do festival de denúncias, delações premiadas e disse me disse da Operação Lava Jato. Afinal, para a mídia, quem inventou a corrupção no Brasil foi o PT. Se aproveitando desse terreno fértil, a marcha do golpismo andou algumas casas nos últimos dias com a tabelinha entre o jornalismo canalha da Veja e FHC. Transbordando ressentimento por todos os poros devido à sua monumental rejeição no meio do povo, o ex-presidente chegou até a encomendar parecer jurídico para dar ares de legalidade ao golpe paraguaio que prega.

E o mais chocante é que o governo, mesmo ante atmosfera tão carregada, se mantenha impávido no seu autismo político. A barbeiragem na condução da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados parece também não ter afetado os áulicos do Planalto. A eleição de um ultraconservador, inimigo de todas as causas progressistas, para comandar a Câmara e a estarrecedora constatação de que o governo conta, para o que der e vier, com apenas 138 deputados (a votação de Arlindo Chinaglia) seria motivo mais do que suficiente para um freio de arrumação do governo no que toca à sua relação com a base parlamentar, partindo de uma autocrítica sobre a tática utilizada. Que nada, pela versão oficial, o "governo nada tem a ver com a disputa da Câmara."

Enquanto isso, o militante do PT enfrenta o cunhado reacionário no almoço de família, sendo obrigado a ouvir da tia, do primo e dos amigos também a ladainha "só votei no PT e na Dilma porque você pediu, mas estou arrependido." Ouvir na padaria e nos botequins da vida que o seu partido é sinônimo de corrupção já faz parte do calvário cotidiano do petista. Mas, ainda que de forma quixotesca, ele resiste. Com todo abandono, ainda marca presença nas redes sociais e até nas ruas. Só que paciência e abnegação têm limites. É visível o desânimo que vai tomando conta dessa galera. Pudera. Sem explicações públicas minimamente convincentes, o governo adota um ajuste fiscal penalizando somente os trabalhadores, coisa que qualquer tucano assinaria embaixo. Segue-se um mês de silêncio. O debate com a militância está interditado.

É importante que, mesmo sem a regulação da mídia (debate que o governo perdeu o timing para travar com a sociedade e que agora ficou ainda mais difícil com a eleição de Cunha para Câmara ), o governo dispõe de instrumentos para enfrentar a batalha da comunicação e disputar a opinião pública. Não os utiliza porque não quer. Se a Secom parasse de empanturrar de dinheiro o monopólio da mídia, diversificando e democratizando sua milionária verba publicitária, e se a presidenta Dilma e seus ministros adotassem uma linha articulada e permanente de defesa do governo, não deixando ataque sem resposta, já seria um alento. Por que não utilizar com frequência a cadeia nacional de rádio e TV ?

Só não vê quem não quer : Lula e Dilma são os alvos dessa grande engrenagem golpista que inclui o PIG e parte considerável do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal. E se continuar com esse ar blasé, fingindo não ver que vivemos tempos de guerra, o governo será derrotado no parlamento, nos tribunais e, o que é pior, nas ruas.

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