"Polícia Federal - A Lei é para todos", alguém leva esse título à sério?"
Não há razão para assistir ao filme "Polícia Federal, a Lei é para todos". Primeiro. O título é uma mentira. A lei no Brasil não é para todos. Dependendo de quem comete o delito a lei pode funcionar ou não, o fulano pode ficar preso ou não, ser punido ou não
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Não há razão para assistir ao filme "Polícia Federal, a Lei é para todos".
Primeiro. O título é uma mentira. A lei no Brasil não é para todos. Dependendo de quem comete o delito a lei pode funcionar ou não, o fulano pode ficar preso ou não, ser punido ou não. Vejam o caso do Rafael Braga e de Breno Fernando Solon Borges. Um é preto,pobre, periférico, ex-catador de lixo e supostamente foi flagrado na posse de 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um rojão. Ele nega todas as acusações. Foi condenado a 11 anos de prisão. Adquiriu tuberculose na penitenciária. O outro é branco, engenheiro, classe média alta e é filho da presidente do Tribunal Regional Eleitoral e integrante do Tribunal Pleno do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, foi preso por portar 130 quilos de maconha, 199 munições de fuzil calibre 762, de uso exclusivo das forças armadas e uma pistola nove milímetros. Está solto. Tem síndrome de borderline. Mas se este exemplo é insuficiente devemos lembrar que o Brasil é um dos países mais injustos socialmente logo, falar que a lei é pra todos, no sentido que o filme deseja passar, é de uma ingenuidade tão grande que beira a estupidez. Fora os Aécios, Sarneys, FHC´s, Temer entre outros notórios corruptos.
Segundo. Quem compra hoje em dia um produto de origem duvidosa? Se o filme é apenas uma obra de arte por que a produção esconde os financiadores? Ou, por que os mesmos preferem o anonimato? São mecenas às avessas? Estranho, não é mesmo?
Bem, e já que não sabemos quem são os "omi" da bufunfa podemos perfeitamente especular, vamos lá: são grupos de pessoas que trabalham nas sombras. Eleitores do Aécio. Têm ódio ao Partido dos Trabalhadores, à Dilma e ao ex-metalúrgico. Interessadas em lavar ou sonegar dinheiro e em adular a PF, o judiciário e o governo para conseguir benesses e proteção. E, evidentemente, contribuir com o golpe, ajudando a destruir a imagem do Lula e do PT.
Terceiro. Porque o filme é parcial. A polícia federal liberou a gravação da coercitiva na casa do ex-presidente para que os atores e diretor tivessem noção de como se deu a coisa toda, algo que considero ilegal ou no mínimo antiético. Os procuradores prestaram assessoria informal à produção. Logo, o filme pode ser tudo, menos ser tachado de imparcial.
Quarto. Aparentemente a película foi feita para agradar única e exclusivamente aos lavajatenses, principalmente ao juiz de primeira instância e herói dos coxinhas, Sérgio Moro. Ver as imagens do imparcial de Curitiba e séquito entrando no cinema, comendo pipoca e rindo de certas cenas é de provocar náuseas em defunto. No longa metragem Bastardos Inglórios, de Quentim Tarantino, há uma cena que lembra muito esta. Na plateia, enquanto era exibido um "sniper" alemão matando centenas de americanos, Adolf Hitler aparecia dando gargalhadas, só faltou as pipocas. Qualquer semelhança não é mera coincidência.
Quinto. Porque o filme é covarde. Nega o óbvio. Diz não fazer propaganda, mas faz. Que se engane quem quer ser enganado. Reproduzo um trecho do comentário do crítico de cinema Pablo Villaça, ele afirmou que "propaganda faz parte do cinema desde o início". "O que incomoda é que haja negação de que o filme é propaganda e que essa propaganda deixe, simplesmente, de ser maniqueísta e chegue a beirar o caricatural... Em vários momentos do filme, vários personagens dizem: 'Não! Nós não estamos ligados a nenhum partido, nossos interesses são a verdade e os fatos. Conduzam esses fatos onde conduzirem'. Várias vezes. Eu acho muito sintomático que o próprio filme sinta a necessidade de, repetidas vezes, dizer que não tem lado".
O filme é lançado num momento em que luzes são jogadas sobre o golpe. Em que a atuação, as evidências e a imparcialidade dos elementos da força tarefa são postas em xeque. Em que a população começa a olhar com desconfiança a atuação do Moro. Em que o MPF inocenta Lula das mentiras ditas pelo Delcídio. Em que Dilma é mais uma vez inocentada das tais pedaladas. Em que aparece um advogado denunciando um compadre e amigo do imparcial de Curitiba de atuar junto às delações. Em que Temer será denunciado mais uma vez por crimes pelo PGR.
Agora se longa fosse classificado como ficção, aí sim seria um filme honesto. Só não assisto porque tempos piores virão e cada centavo economizado vale à pena.
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