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Joaquim de Carvalho

Colunista do 247, foi subeditor de Veja e repórter do Jornal Nacional, entre outros veículos. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa). E-mail: joaquim@brasil247.com.br

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Político indiciado por estuprar netas era operador influente do PL e se dizia próximo de Bolsonaro

Neste domingo, quando o PL oficializar a candidatura de Bolsonaro, certamente haverá discurso a favor da família e nenhuma palavra sobre José Renato da Silva

(Foto: Reprodução)
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Neste domingo, durante convenção do PL para oficializar a candidatura de Jair Bolsonaro à reeleição, é quase certo que haverá discursos em favor da família.

Mas o que certamente ficará fora da pauta do encontro é o caso do ex-dirigente José Renato da Silva, afastado da vice-presidência do partido depois de ser indiciado por estupro da própria neta.

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Os áulicos de Bolsonaro poderão dizer que José Renato era uma figura menor no partido e distante daquele que ocupa o Palácio do Planalto.

Engano.

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O partido — a que se filiou a evangélica Michelle Bolsonaro, tinha (e talvez ainda tenha) em José Renato um operador influente, homem de confiança de Valdemar da Costa Neto.

Ele era tão influente que, em 2017, presidiu a comissão provisória do Muda Brasil, que Valdemar da Costa Neto tentou fundar como apêndice de seu próprio partido, o PL, que na época se chamava Partido da República.

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A finalidade do Muda Brasil era uma só: abrigar Jair Bolsonaro em seu projeto de se candidatar a presidente.

Em nome de Valdemar, José Renato chegou a organizar encontros de Bolsonaro com lideranças políticas, para apresentar o projeto de candidatura presidencial.

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O Muda Brasil era a alternativa ao desgastado PL, associado à corrupção por conta de Valdemar da Costa, que tinha passado uma temporada na cadeia. 

Com o Muda Brasil, a aliança de Bolsonaro com Valdemar se mantinha, mas sem que esteve mostrasse a sua face. 

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Na época, Bolsonaro era parceiro da Lava Jato no discurso anticorrupção e se apresentar de braço dado com Valdemar desmontaria a farsa.

O agora denunciado por estupro das netas José Renato da Silva era próximo da família Bolsonaro, conforme ele próprio declarou à coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

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"Ex-dirigente do PR de Valdemar Costa Neto, José Renato diz que ainda 'não pode tocar conversas com quem quer que seja', mas admitiu ligação com a família Bolsonaro. Em 2014, ele atuou na prestação de contas do deputado Eduardo Bolsonaro (PSC-SP)”, registrou o Painel, sem que tenha sido desmentido.

José Renato protocolou na justiça eleitoral o pedido de registro do partido, mas não obteve sucesso. Em outubro de 2017, o TSE rejeitou sua criação.

O partido não conseguiu comprovar a veracidade das assinaturas de muitos apoiadores. 

Foi a partir daí que Bolsonaro negociou com o Patriotas e depois com o PSL, com o qual firmou acordo para disputar as eleições em 2018.

No ano passado, Bolsonaro retomou a aliança com Valdemar da Costa Neto, desta vez sem o biombo José Renato da Silva. 

Mas José Renato certamente estaria na convenção do Maracanazinho neste domingo se, em abril, não tivesse sido indicado por estupro das netas.

O caso talvez permanecesse em sigilo se as meninas não tivessem contado à direção da escola os abusos que sofriam em casa.

Na época, a mãe, Cíntia Renata Lira da Silva, estava em viagem ao Egito, e avó, que foi esposa de José Renato, tomou a iniciativa de procurar a Delegacia da Mulher.

Cíntia apoiou as crianças e contou à Polícia que ela própria tinha sido estuprada pelo pai, quando tinha 6 anos, mais ou menos a idade das filhas.

Quando o caso se tornou público na cidade de Suzano, um dos redutos eleitorais de Valdemar da Costa Neto, Cíntia quebrou o silêncio e fez um desabafo no Instagram.

“A coragem que não tive enquanto filha, tive enquanto mãe (…) A violência sexual não só tira a nossa autoestima, como nos faz sentirmos humilhadas, destrói qualquer capacidade de nos movermos “, escreveu.

“Eventualmente nos deparamos com comentários sem sentido, que ferem a alma: 'Deixa isso pra lá que logo tudo se resolve’”.

Por fim, declarou: “Nosso tempo de casulo já se esgotou. É hora de voarmos como borboletas livres”.

Os políticos da cidade sabem que, para Renata, a dificuldade de expor o caso foi maior do que se imagina, já que ela ocupa um cargo de confiança na prefeitura da cidade, o de secretária de Administração, por indicação do próprio pai.

José Renato da Silva, que não teve a prisão decretada, não é visto em Suzano. Ele estaria em Guararema, outra cidade sob influência de Valdemar da Costa Neto.

O presidente do PL não fez nenhuma declaração sobre indiciamento de seu operador político. 

José Renato foi afastado do cargo que ocupava, como chefe de gabinete da liderança do PL na Assembleia, e parece haver um movimento para que o caso caia no esquecimento.

Bolsonaro também não fez nenhum comentário. Os áulicos mais uma vez poderiam argumentar: O que ele tem com isso?”.

Diretamente, nada, mas é inegável que eles todos, incluindo Bolsonaro, formavam um time só. E há muito tempo.

O irmão de Bolsonaro, Renato, era funcionário fantasma na Assembleia Legislativa de São Paulo, lotado no gabinete do deputado André do Prado, do mesmo grupo de Valdemar da Costa Neto.

Recebia salário de R$ 17 mil quando o caso veio à tona, em abril de 2016, mais ou menos o mesmo salário de José Renato da Silva, que também ocupava um cargo de confiança por nomeação de André do Prado, no gabinete da liderança do PL — na época, ainda com o antigo nome PR.

Quando o escândalo do irmão Renato se tornou público, Jair Bolsonaro, então deputado federal, disse que não tinha nada a ver com isso. “Se meu irmão praticar um crime, fizer uma besteira, é problema dele, não vai ter o meu apoio, ele que se exploda”.

O que se pode afirmar agora com segurança é que a ligação política que garantia a Renato cargo de marajá na Assembleia não era deste, mais de Jair Bolsonaro.

Uma ligação que nunca deixou de existir e que terá seu ápice neste domingo, quando o PL oficializar a candidatura de Bolsonaro. 

O Muda Brasil era só uma fantasia para manter as coisas como sempre foram, tocado por um homem que fazia política quando não abusava da filha ou das netas. Amanhã, seus antigos correligionários certamente gritarão em nome de Deus, da família e da pátria.

.x.x.x.x.

Veja o vídeo com a reportagem sobre uma das imoralidades do submundo do PL, o emprego fantasma do irmão de Bolsonaro:

 

 



 


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