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Edison Brito

Ativista do Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment, militante do PT, profissional da Navegação Aérea na Infraero

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Por descaso com a história a luta contra o golpe se resumiu a um pleito eleitoral

A ditadura, assim como a escravidão, não foi esmiuçada e analisada sob os diversos pontos de vistas. Não me refiro ao ambiente universitário. Estes eventos deveriam ser debatidos e ensinados já no ensino fundamental

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Tivemos mais de 300 anos de escravidão, e até hoje não estudamos o impacto que esta política escravocrata teve na formação do caráter do brasileiro.
Humanos africanos trazidos à força para uma terra estranha, com línguas e costumes diferentes, transportados acorrentados em porões de navios fétidos. Os negreiros. Assustados, maltratados, sem comida, água. Morriam às centenas. E os corpos simplesmente atirados ao mar. Sem preocupação. Afinal, eram animais. E o lucro, imenso.

Desembarcavam tontos, curvados, olhar perdido, extenuados. Imediatamente postos à venda. Cais do Valongo. Dentes, idade, sexo examinados. Dependendo, lavoura ou trabalhos domésticos. E lá iam eles servirem a seus novos senhores.

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Em 13 de Maio de 1888 foi decretado o fim da escravidão. Lei Áurea.

Artigo 1: "É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brazil. Artigo 2: Revogam-se as disposições em contrário". Só isso.

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E o que fazer com os quase dois milhões ex-escravos? Alguma indenização? Alguma ajuda aos libertos? Deram terras para que pudessem trabalhar? Alguma preocupação com a integração deles com a sociedade? Não. Nada! Nenhum tipo de compensação. Largados sem eira nem beira.

E apenas dois anos depois, 1890, os republicanos queriam que as pessoas virassem a página da escravidão. Esquecessem as atrocidades do escravismo. Oras bolas!

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Percebam o que diz um dos versos do hino Proclamação da República: "Nós nem cremos que escravos outrora/Tenha havido em tão nobre País.../
Hoje o rubro lampejo da aurora /Acha irmãos, não tiranos hostis./Somos todos iguais! ..."

Como assim "Nós nem cremos que escravos outrora/Tenha havido em tão nobre País.../"?

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Houve sim e deveria ser estudado. E não deixado pra lá. E por culpa desta postura estúpida, interesseira e covarde 130 anos depois da abolição os pretos ainda tem que lutar contra a discriminação, o racismo e pelo fim da escravidão de fato.

"O nosso caráter, temperamento, a nossa moral acham-se terrivelmente afetados pelas influências com que a escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira (...) enquanto essa obra não estiver concluída, o abolicionismo terá sempre razão de ser". Joaquim Nabuco.

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Este comportamento de avestruz também foi mais uma vez utilizado quando a ditadura de 64 apodreceu e caiu. Em 1985.

Há algo mais vil do que a tal lei da anistia? Eu, que oprimi, censurei, reprimi, torturei e matei entrego o poder aos civis, mas antes vou me "autoanistiar". E pronto. E os ministros do atual STF revalidam esta aberração. É certo isso?

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Recentemente soubemos que as execuções de prisioneiros eram praticas comuns. E do conhecimento e com a anuência dos ditadores presidentes. Garrastazu, Geisel e Figueiredo.

E que havia preocupação dos americanos em doutrinar a formação dos oficiais das FFAA a pensarem a favor do EUA.

E que agora, a partir desta doutrinação, começamos a entender por que não há nenhum militar nacionalista. Por que o exército convidou os americanos a participar dos treinamentos de guerra na Amazônia. Por que os militares veem a riqueza do Pré-Sal ser dada a empresas estrangeiras e não se pronunciam. Ficam mudos com a venda da Petrobrás, da Eletrobrás e da EMBRAER. Compreendemos também o ódio ao PT e ao Lula.

O ministro da defesa, o general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna, afirmou que os documentos são para historiadores e encerrou o assunto sobre os assassinatos como política de Estado. Ou seja, empurrou para debaixo do tapete, novamente. É isso aí, corporativismo acima de tudo.

Os militares percebem o Brasil sob a ótica dos "yankees". Assim não dá, não é mesmo?

A ditadura, assim como a escravidão, não foi esmiuçada e analisada sob os diversos pontos de vistas. Não me refiro ao ambiente universitário. Estes eventos deveriam ser debatidos e ensinados já no ensino fundamental.

O descaso com a nossa história permitiu, com uma facilidade exacerbante, o golpe de estado de 2016. Permite que chefe do exército ameace o Supremo. Que apareça um Bolsonáro, mas não um Lamarca. Que cidadãos peçam intervenção militar. Que direitos sociais sejam retirados. Que injustiças sejam praticadas. Que "Marielles" sejam mortas. Que jovens da periferia sejam exterminados e seus autores fiquem impunes. Que a Globo continue a existir.

E que a única chance de reconduzirmos o país à democracia e à justiça se restrinja a um pleito eleitoral.

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