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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

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Por mais Anittas na busca pela consciência de classe coletiva

"Para muitos pode parecer chocante uma mulher milionária e com carreira internacional achar que os Ministérios fazem parte do Poder Judiciário. Entretanto, não é. Dinheiro não é sinônimo de inteligência"

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Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Como está o nível de sanidade mental diante de tudo que temos vivido? Difícil imaginar, nos últimos anos, que chegaríamos a tal ponto, não é mesmo? Por isso, mais que nunca é preciso desenvolver projetos políticos que conversem com a sociedade para tentar mudar o curso da História, que está nos levando para um desfiladeiro horroroso, sem fundo. 

Provavelmente, você deve ter visto que na semana passada estourou uma polêmica envolvendo a cantora Anitta. Ela fez uma live com a comentarista da CNN, Gabriela Prioli, falando sobre aspectos básicos da democracia e do funcionamento da República. A repercussão foi grande. Alguns acusando a cantora de marketing, outros vendo nisso a possibilidade de uma possível candidatura e, claro, os haters atacaram a falta de conhecimento demonstrada por ela durante a transmissão. 

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Para muitos pode parecer chocante uma mulher milionária e com carreira internacional achar que os Ministérios fazem parte do Poder Judiciário. Entretanto, não é. Dinheiro não é sinônimo de inteligência. Da mesma forma que pobreza não significa ignorância. É preciso entender que muitas pessoas que fazem sucesso e que vêm das áreas da periferia do Brasil não tiveram acesso a uma educação de qualidade quando crianças. Despontaram com o talento - seja na música, no futebol ou em outra profissão – mas sem estudo. 

No entanto, este debate deve ser aprofundado. Qual a importância de uma pessoa com a influência da Anitta fazer uma live expondo sua falta de conhecimento e debatendo aspectos básicos da democracia? Enorme, a meu ver! Se todos nós tivéssemos a coragem de expor nossas limitações e, a partir disso, fôssemos atrás de informações e estudos, com certeza a realidade do país seria outra. 

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É preciso entender que são poucas pessoas, infelizmente, que têm a capacidade de entrar em um diálogo de alto nível sobre democracia, Poder Público, economia, justiça, etc. E cabe a nós, que temos domínio sobre os temas, levar o debate para estes que não têm. Uma conversa de forma leve, descontraída e, acima de tudo, didática. Precisamos sair do pedestal de que somos os mais inteligentes para podermos debater com as pessoas.

E isso é paradoxal, até mesmo entre nós da esquerda. Propagamos que todos e todas devem ter a chamada “consciência de classe”. Mas, pouco fomentamos para que estas pessoas consigam ter subsídios suficientes para adquirir esta consciência. A partir do momento – e é assim que funciona hoje – que a busca pela consciência de classe se torna algo subjetivo, ou seja, parte do interesse da pessoa, nós perdemos. Sabe por quê? Não são todos que irão buscar conhecimento para entender seu lugar no mundo e as lutas que devem travar. 

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O fomento à consciência de classe precisa partir do sistema educacional. Contudo, quando percebemos os gargalos existentes, principalmente na periferia, é preciso que aqueles que, por um motivo ou outro, conseguiram chegar na condição de pessoas conscientes se unam para poder criar mecanismos de gerar conteúdo, de maneira interessante, para quem não teve a possibilidade de ter acesso a livros e textos. 

Por isso a atitude da Anitta é extremamente importante. Como uma pessoa que atinge públicos tão distintos, uma live como a feita semana passada gerou conteúdo, mesmo que básico, para muitas pessoas. E pode ser o pontapé para que estimule uma busca maior de informações não só por parte dela, mas de quem assistiu também. E cabe a reflexão: estamos fazendo a nossa parte? Ou só cobramos a consciência de classe sem gerar nenhum conteúdo para as pessoas que têm dificuldade de chegar neste estágio de desenvolvimento intelectual?

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A academização da esquerda – que critiquei em outros textos aqui no 247 – e o foco apenas em pautas identitárias, por parte de alguns grupos, nos afastou de quem precisamos dialogar, abrindo espaço para o domínio das periferias pelas igrejas neopentecostais. Não podemos tratar que todas as pessoas tenham o mesmo conhecimento que nós e nem as criticar por não ter um domínio profundo sobre temas políticos, econômicos e sociais. 

O nosso papel - da esquerda e do campo progressista - é fomentar, ensinar e dialogar para que todas as pessoas, em especial as menos favorecidas tenham conhecimento sobre a política nacional, os problemas históricos do país, os preconceitos, a influência da elite sanguessuga nos programas de governo, entre outros temas, para que consigamos fazer com que cada um e cada uma entenda seu lugar no mundo e pelo o que devem lutar – como disse nos primeiros parágrafos. Quando chegarmos a este ponto, teremos um país que irá para frente. 

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Para terminar, te pergunto: o que está fazendo para que as pessoas ao seu redor, ou até mesmo as que não conhecesse a fundo, tenham consciência de classe?

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