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Jean Menezes de Aguiar

Advogado, professor da pós-graduação da FGV, jornalista e músico profissional

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Por que Aécio Neves não decola?

O pior para os tucanos é que esta ausência de empolgação pode ter um reflexo um tanto quanto confirmatório. O de ratificar, em algum grau, o acerto da política do PT. Aí um segundo paradoxo

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Tudo bem que 'porquês' são sempre dificuldades praticamente invencíveis. Também, diversas variáveis acabam entrando nas análises. Isto desequilibra os cenários possíveis.

Politólogos em época de campanhas eleitorais se esforçam para traçar perfis, panoramas e obter respostas. Mas as ciências sociais e humanas têm fronteiras sabidamente frouxas, aceitando variações largas, por exemplo, aspectos subjetivos de quem analisa.

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Por estas razões, conceitos como 'objetividade' e 'isenção', tão festejados por uns, são uma grande ilusão. Mesmo assim, certos indicadores se não são respostas, se revelam como grandes questionamentos.

Aécio Neves talvez seja, nesta eleição de 2014, o grande paradoxo político. A um momento surpreende pela impotência nas estatísticas de intenção de voto. A outro, confirma prognósticos petistas que muitos observadores achavam que era somente discurso fidelizado do Pt, relativamente ao sucesso da própria gestão.

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Com um mega partido a lhe sustentar, Psdb, totalmente estruturado e preparado há muitos anos para enfrentar o Pt, Aécio já está mais que maduro para concorrer a presidente. Muito mais do que velhos barões carcomidos do partido. E mesmo Marina Silva.

Esta estruturação prévia não foi capaz de gerar o Aécio-revelação. Este fracasso acabou abrindo questionamentos. Algo como – em que consistem, então, as tão propaladas fraquezas do Pt, de Dilma, da gestão atual? É claro que a morte do irmão siamês político Eduardo Campos e a entrada da candidata furacão-marola Marina Silva desequilibrou o cenário. Contrariamente a Aécio.

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Mas uma primeira conclusão é que se percebe um Psdb cansado, morno, sem condições de empolgar as massas. Mesmo representando, originariamente, bolsões imensos da elite e das classes dominantes que, em primeira ou última palavra, detêm poder de discurso midiático, difusão televisiva, jornalões e grande imprensa.

Fatores avulsos e menores confirmam as suspeitas de uma concordata ideológica do Psdb. O extravagante Clube Militar, por exemplo, fechar com Marina Silva tem uma forte simbologia de falta de confiança nos tucanos. Não se precisa supor algo maquiavélico do tipo: Marina é autoritária, não teria base congressual a lhe sustentar, daí só um golpe, e os velhos de guerra do Clube estariam com ela.

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A falta de militância autêntica e genuína do Psdb ao lado do vazamento da informação de que sua militância é profissional e comprada, sim, dinheiro, são fatores que podem ter abalado seriamente a credibilidade de um eleitorado difuso.

O Psdb se tornou um paquiderme partidário doente e contaminou sua maior estrela da atualidade e esperança de muitos, Aécio Neves. Sua impotência nas pesquisas talvez nem se deva somente ao presidenciável, mas à legenda que antropologicamente se dedicou ao muro e a um centrismo híbrido. Agora paga seu preço numa eleição decisiva.

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O pior para os tucanos é que esta ausência de empolgação pode ter um reflexo um tanto quanto confirmatório. O de ratificar, em algum grau, o acerto da política do PT. Aí um segundo paradoxo.

No salões profissionais, sociais e familiares da chamada classe 'média' – tanto a econômica quanto a intelectual- raramente se ouvem defesas declaradas ao governo Pt. As piadas, análises e críticas são sempre de que o governo petista é um desastre. Então há uma disjunção entre essa chamada classe média e as estatísticas. É aquela dicotomia referida no início, sem qualquer maniqueísmo: quem tem mais fala e voz na mídia e na sociedade de um lado, representando um tônus crítico ao Pt; e o povo maciço do outro.

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Na interface, há a boa e velha imprensa. Mais uma vez, grandes máscaras usadas pela hipocrisia jornalística caem nas eleições. De novo. Sim, a imprensa e seus veículos fazendo suas escolhas eleitorais. Poderiam até ser legítimas se não viessem depois com os cinismos de 'isenção jornalística', 'objetividade', 'comprometimento com fatos' e outras mentiras.

Aécio acabou representando uma grande frustração para muitos. Não por ele em si, mas por uma política que o Psdb insistiu em manter. Próceres do partido, visivelmente à direita, como o governador de São Paulo, causam muito estrago na cabeça de um eleitorado cansado de promessas mediatas e conservadoras.

Mas nem toda culpa é das propostas políticas, partidos e candidatos. O eleitorado se vê ávido, faminto e consumista. É como se a pressa da comunicação instantânea dos celulares tivesse mudado a cabeça de todos. Propostas ideológicas que demandem pensar não atendem mais. Quer-se um salvacionismo, um prometismo, um garantismo, coisas próprias de uma demanda social líquida, irresponsável e gulosa. Mesmo que muito seja mentira.

Não se trata de o eleitorado ser imbecil, mas o consumismo o tornou imediatista. Aí o bom-mocismo de Aécio não funciona. Nem a superioridade hight society do Psdb. E quem apostou visceralmente contra o Pt, somente com Aécio, perdeu. Por seu turno, Marina é um meio termo híbrido que não se sabe o seria de verdade.

Do blog Observatório Geral

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