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Marcia Carmo

Jornalista e correspondente do Brasil 247 na Argentina. Mestra em Estudos Latino-Americanos (Unsam, de Buenos Aires), autora do livro ‘América do Sul’ (editora DBA).

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Por que Lula estará no Chile em setembro?

No dia 11 de setembro, Lula irá participar de atividades de 50 anos do golpe militar do ditador Augusto Pinochet contra o presidente socialista Salvador Allende

Gabriel Boric e Lula (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou convite do colega chileno Gabriel Boric para participar, no dia 11 de setembro, das atividades que recordarão os 50 anos do golpe militar do ditador Augusto Pinochet contra o presidente socialista Salvador Allende, contaram ao Brasil 247 fontes dos dois governos. Naquele dia de 1973, Pinochet liderou bombardeios contra o palácio presidencial La Moneda, em Santiago. Lá dentro estava o presidente Allende, que se matou, com sua própria arma, no palácio. A informação foi confirmada pela senadora Isabel Allende, filha do ex-líder do Chile (que é prima da escritora que tem seu mesmo nome), e por peritos após investigações realizadas em 2011 – quase 40 anos após o golpe que mudou o rumo da história do país.

 As imagens dos tanques enfileirados, liderados pelo ditador Pinochet, naquele 11 de setembro de 1973, marcaram a trajetória chilena com armas e bombas. Os depoimentos das vítimas daquele período ditatorial (1973-1990) podem ser vistos no Museu da Memória e dos Direitos Humanos, em Santiago. O Museu foi inaugurado em 2010 pela ex-presidente socialista Michelle Bachelet. Recomendo a visita. O pai de Bachelet, o general Alberto Bachelet, ligado a Allende, foi preso e torturado pelo regime e morreu, aos 50 anos, de um ataque cardíaco no cárcere. Alberto Bachelet foi alvo dos ataques do ex-presidente Bolsonaro, após ela afirmar, na condição de Alta Comissária das Nações Unidas, que o Brasil estava perdendo “espaço democrático” diante das mortes de inocentes por parte de policiais. “Temos visto um aumento marcado na violência policial em 2019 em meio a um discurso público que legitima execuções sumárias (...)”. Bolsonaro afirmou, então, que o Chile “só não é uma Cuba graças aos que tiveram a coragem de dar um basta na esquerda em 1973, entre esses comunistas o seu pai brigadeiro à época”. 

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 Durante a ditadura militar, o Chile registrou 3.218 vítimas desaparecidas ou assassinadas e mais de 38 mil casos de pessoas torturadas e presas, segundo as comissões da verdade realizadas no país.

 O atual presidente Gabriel Boric comemorou a eleição de Lula. Em suas redes sociais, ele escreveu: “Lula, Alegria”. E em janeiro passado, nos ataques antidemocráticos em Brasília, ele também se manifestou: “Ataque condenável contra os Três Poderes do Estado Brasileiro por parte de bolsonaristas. O governo brasileiro conta com todo nosso apoio diante deste ataque covarde contra a democracia”.

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 Ex-líder estudantil e ex-deputado, Boric, de 37 anos, foi eleito após amplas manifestações no país . As manifestações pediam mais inclusão social e uma nova constituição – a primeira da democracia desde aquela redigida sob o regime de Pinochet. Durante o período democrático, a Carta Magna pinochetista, de 1980, recebeu várias reformas para tentar eliminar o que no Chile ficou conhecido como “amarras” – ataduras – que dificultavam a fluidez das instituições democráticas. Em setembro do ano passado, os chilenos rejeitaram (62% dos que votaram) o texto da nova constituição. Seria a primeira nascida na democracia. Boric falou à nação e disse que tinha entendido o recado das urnas e pediu uma coalizão, envolvendo o Congresso Nacional, para o surgimento do novo texto. No fim do ano passado, após um acordo político e partidário, ficou acertado que a redação da Carta será feita por um Conselho Consultivo formado por 50 integrantes de eleição popular. Um trabalho feito com o Congresso e que será revisado por juristas. Os chilenos devem voltar às urnas em novembro para um novo plebiscito para dizer, novamente, se aprovam ou rejeitam a nova constituição. A herança de Pinochet depende, de vez, da arma do voto para ser superada. 

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