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Tiago Basílio Donoso

Mestre em Teoria Literária pela Unicamp e autor do livro no prelo “Terras Nacionais e Terras Estrangeiras”, pela editora Kotter

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Por que os grandes são sempre possuídos pela esperança?

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Por que os grandes homens e as grandes mulheres são sempre tomados, possuídos pela esperança?

Poderíamos responder: porque escolhemos como grandes aqueles que fazem convergir, como um segundo e mais agudo espelho, a nossa própria esperança; fazemos grandes aqueles que purificam e tomam em suas mãos o polimento de nossa feia ansiedade.

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Mas creio que é mais interessante encarar o mesmo fato por outro ângulo.

Os grandes homens e as grandes mulheres são esperançosos porque viram. Sim. É tentador pensar que a grandeza é visão, e justamente visão daquilo que os motiva a esperar. Pois esses mesmos grandes são os espancados, os torturados, os presos, os assassinados - e suas almas tempos depois ainda vibram, como se permanecesse um arrepio, preso como um gênio, na gramatura das páginas que evocam seu nome.

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O que viram? Que coisa magnífica puderam enxergar no escuro, qual a doida verdade que lhes surgiu da prisão - São João Batista libertado por anjos, vendo com a cabeça assustada, olhos assustados, sobre a auréola de uma travessa de prata.

Crer na racionalidade como motor do mundo é uma mistificação. Enquanto homens e mulheres importantes, versados em seus conhecimentos econômicos, polemizam, discutem, apontam o apocalipse no fim da rua, o grande homem e a grande mulher são tocados por uma esperança alucinatória. Também debatem, discutem. Mas a diferença só se explica pela absurda visão - e não pela contabilidade técnica. É claro que ninguém ignora a razão, mas a sabedoria parece estar no fato de usá-la em consonância com os olhos.

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O que veem, portanto?

Ninguém vê o futuro. É delicioso imaginar que olhos de agora - os meus, os teus - são olhos que já conseguem ver o Messias. Que são capazes de descortinar o tempo, como anjos algo neandertais que nos cuspissem nos olhos e nos arrancassem as lentes da culpa, que são capazes de tirar da frente essa percepção cardíaca, viciada, afundada até o pescoço no lamaçal da história, e enxergássemos enfim o dia da Redenção, o espelho em que sempre esteve fixo o Rosto.

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Mas ninguém vê o futuro. O que veem os grandes? Veem as pequenas e grandes ações desinteressadas, a Graça exposta em toda esquina, a bondade, a humildade e a luta, as coisas mais banais e portanto extraordinárias: o simples ato de perguntar e ser respondido. Veem a mãe que é feliz ao preparar o almoço para o filho já adulto, como se seu leite fosse infinito. E, assim, se constrói a visão do futuro, a leve e irremovível pedra da Esperança.

Ninguém vê o futuro. O que veem, então, os grandes entre nós?

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De um modo que até mesmo nós nos esquecemos, eles nos veem.

 

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