Por que reeleger Lula?
Um eventual quarto mandato busca romper de vez com o neoliberalismo e consolidar projeto popular, sinaliza o sociólogo Emir Sader
O Lula vai concorrer a uma nova reeleição. Quais as razões de ele buscar quarto mandato na sua vida?
Em primeiro lugar, para evitar que a direita volte ao governo, com todos os danos que causariam ao país e aos brasileiros. Já vimos o que representou um governo da extrema direita para o Brasil.
Em segundo lugar, para dar continuidade e aprofundar as políticas antineoliberais que tem caracterizado a todos os governos do PT. Privilegiar as políticas sociais, para atacar as desigualdades sociais e regionais, que tem caracterizado o Brasil.
Em terceiro lugar, dar continuidade à expansão da economia, ao mesmo tempo que consegue manter a contenção da inflação. Assim como, seguir gerando empregos, na continuidade do pleno emprego a que o país chegou.
Em quarto, buscar deslocar o capital financeiro de eixo da economia, um capital especulativo, que vive da exploração das taxas de juros e que não produz nem expansão econômica, nem gera empregos. Este é, provavelmente, o objetivo mais importante do quarto mandato do Lula.
Porque, apesar dos avanços dos governos do PT, o neoliberalismo continua sendo predominante na economia do país. A própria necessidade de conter a inflação, que leva o governo a manter taxas de juros altas, termina dificultando lograr esse objetivo.
Além de todas essas razões, a continuidade do Lula na presidência do Brasil permite que ele siga protagonizando sua liderança na América Latina e no mundo inteiro. Essa liderança fortalece os Brics e o conjunto de forças que resistem às políticas do governo norte-americano.
O século XXI convive, pela primeira vez, com o declínio da hegemonia norte-americana no mundo. No entanto, o imperialismo ainda tem força para seguir explorando a economia de tantos países. E, além disso, de promover guerras em várias partes do mundo.
Os Brics, o mais importante fenômeno do século XXI, constitui um bloco de países que se opõem ao imperialismo. Mas a aliança dos Estados Unidos com a Europa e com o Japão, ainda tem capacidade para seguir expandindo o modelo neoliberal e prolongando os focos de guerra em várias regiões do mundo.
A aliança do Brasil com o México é o eixo que lidera as forças progressistas na América Latina na resistência a políticas com o tarifaço do governo de Trump. A união de dois dos três países mais fortes no continente permite também o isolamento maior do governo de Milei na Argentina.
No Brasil, o novo mandato de Lula pode permitir que se intensifique as políticas de segurança pública, que aparecem sempre como a principal preocupação da população. A violência continua a predominar nas regiões periféricas de cidades como o Rio de Janeiro e São Paulo.
A nova operação do governo federal, por sua vez, tem que ter continuidade e se tornar uma política permanente, que combata as políticas de sonegação, de ação do PCC, em aliança com setores da Faria Lima.
A provável reeleição do Lula permitirá também que o Brasil, rompendo definitivamente com o neoliberalismo, promova um ciclo longo de caráter expansivo na economia. Dessa forma, o país poderá, no século XXI, se consolidar como um país com governos democráticos e populares.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




