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Henrique Matthiesen

Bacharel em Direito

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Por que temos pobres de direita?

Somos um país a ser construído; temos germinado em nosso cerne o complexo de vira-latas, o racismo, e as marcas indeléveis do senhoril. Não temos pobres de direita. Temos um país despolitizado e segregado dos destinos de sua gente

São Paulo - Manifestação na Avenida Paulista, região central da capital, contra a corrupção e pela saída da presidenta Dilma Rousseff (Rovena Rosa/Agência Brasil) (Foto: Henrique Matthiesen)
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Múltiplas são as análises feitas sobre o posicionamento político das classes marginalizadas no Brasil. Despossuídas de considerações antropológicas e sociológicas temos uma medite rasa, despossuída de lastros e de sustentação.

Propositalmente, o poder político no Brasil sempre foi dado às classes dominadoras, desde nosso descobrimento. A nossa gênese nasce da luta de classe no princípio escravocrata, onde a empresa Brasil tinha o único desígnio imposto, ou seja, gerar lucro para a metrópole e seus sócios.

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O artifício utilizado foi o perverso processo de desculturação de nossas matrizes que formam o povo brasileiro, sejam elas tupi, lusitana ou africana. Depauperado, no plano cultural com relação aos seus ancestrais, o brasileiro comum se constituiu como um ser tábua rasa e lhe foram negados o processo de conhecer a importância do pensamento ou a ação política.

Sofremos, dentre nosso desenvolvimento, um austero método de renunciação ao interesse das questões públicas. Não fomos forjados para sermos donos do nosso destino; afinal, a política, a fortuna do Brasil, sempre foram entregues a uma classe social senhoril, cuja chibata foi útil e necessária para a manutenção do poder.

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Caracterizamo-nos pelo conformismo intrínseco. A personalidade de nosso povo, que apreendeu, com raros questionamentos sufocados e massacrados, que a existência miserável despossuída de direitos elementares, é uma condição imposta pela natureza, e que nada pode ser feita para transformá-la.

Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim, vou ser sempre assim, poetizou o genial Dorival Caymmi.

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A clássica definição cunhada na Revolução Francesa sobre direita e esquerda, a oposição do Jacobinismo contra os Girondinos, a luta pela justiça social, ou a liberdade individual, as visões oponentes de progressistas e neoliberais, ambientalistas e capitalistas, teocratas e libertários, sempre foram segregados ao conhecimento de nosso povo.

Soma-se a esse panorama, a confusão ideológica como método de embuste adotado no Brasil, que em díspares momentos de "democracia" foi se enraizando em nossa cultura a multiplicação de desideologia sintetizada nos inúmeros partidos políticos que retratam de forma inconteste nossa pobreza e nossa graduada confusão.

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Não temos pobres de direita.

Temos sim o resultado de uma política secular de assimilação e segregação social. Temos um sofisticado método de catequização despolitizadora. Temos uma educação servil e engendrada a perpetuação ideológica da dominação. Temos o estelionato de "esquerdistas" que só têm projeto de poder. Temos sim a incompreensão e o analfabetismo histórico.

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O brasileiro comum, refém do coronelismo, da mais atrasada oligarquia , vê a política e seus efeitos uma ação que não lhe pertence, não difere o que é esquerda ou direita, mas se une ao que sua cultura impõe.

Somos um país a ser construído; temos germinado em nosso cerne o complexo de vira-latas, o racismo, e as marcas indeléveis do senhoril.

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Não temos pobres de direita.

Temos um país despolitizado e segregado dos destinos de sua gente.

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