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Lula Miranda

Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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Por um neohumanismo globalitário

A prioridade deve ser o homem, não o patrimônio; o trabalhador e não as fantasmagóricas "vozes do mercado" propaladas pela grande imprensa. O verdadeiro Leviatã é o deus mercado, que tenta subjugar a cidadania aos seus ditames

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Chegam-nos notícias alvissareiras de que alguns países desenvolvidos, como os EUA, por exemplo, e outros em processo de desenvolvimento, já começam a se preocupar, para valer, com duas questões fundamentais: a concentração de renda e a desigualdade social. O curioso, e digno de nota, é que essas notícias nos chegam por intermédio de jornalistas que, aqui no Brasil, criticam as políticas públicas implantadas pelos governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. Sei... Para alguns, humanismo e justiça social, com uma distribuição mais equânime da renda, só é bom na casa alheia. Essa cantilena, eivada de hipocrisia e indisfarçável viés demagógico e oportunista, já conhecemos de cor e salteado.

Na verdade, diversos países no mundo hoje, provavelmente por temerem manifestações e até mesmo convulsões sociais, como a Primavera Árabe, a revolta dos jovens da periferia de Paris em 2005 e as chamadas "Jornadas de Junho" no Brasil em 2013, pouco a pouco começam a se preocupar, ainda de modo muito incipiente, diga-se, com a implementação de políticas públicas compensatórias voltadas para a assistência das populações mais carentes. Ontem mesmo, só para citar um caso curioso, li que um grande empresário, líder de um partido no Egito, estuda implantar uma espécie de Bolsa Família naquele conflagrado país. Iniciativas assim começam a ser replicadas em diversas partes do globo. Esperamos que não seja mera propaganda política, mas que seja pra valer. Afinal, políticas de garantia de uma renda mínima para a cidadania deveria ser pressuposto básico de toda nação minimente civilizada; deveria ser cláusula pétrea de todas as Cartas Magnas.

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Parece-me que já encerramos e enterramos de vez o neoliberalismo e aquela falsa e arrogante pretensão de um suposto e extemporâneo "Fim da História". Embora, em meio à escuridão da noite, na solidão oceânica em que se afogam os retrógrados e os reacionários, alguns conservadores ainda se agarram a algumas tábuas dispersas dessa nau [naufragada], que ainda boiam na superfície. Fukuyama estava errado ao fazer seu controverso plágio de Hegel: na verdade, foi o fim da história para o pensamento neoliberal (ou pseudoliberal). Todos os doutos catastróficos e demais pregadores do fim dos tempos malograram. Assim não lhes parece?

Parece-me inegável que, sem desmerecer o valoroso trabalho do casal Gates, um dos principais inspiradores e arautos dessa suposta e alvissareira nova onda humanista, que ora se move com vagar pelo globo, é o ex-presidente Lula. Além de inspirador, também é o grande propagador desse "espírito" mais solidário e humanitário no modo de fazer política e de se estabelecer as prioridades e influenciar a agenda dos governos e dos governantes – como se fora uma espécie de Globetrotter da justiça social.

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A prioridade deve ser o homem, não o patrimônio; o trabalhador e não as fantasmagóricas "vozes do mercado" propaladas pela grande imprensa. O verdadeiro Leviatã é o deus mercado, que tenta subjugar a cidadania aos seus ditames; não o Estado.

Os Estados, por sua vez, deverão ter, além da Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Responsabilidade Social. Esta última sobrepondo-se em importância àquela primeira.

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Poder-se-ia até já se falar numa "moda Lula" de governança humanitária (prefiro humanista) a se espalhar pelo mundo. Oxalá isso seja mesmo verdade!

Curiosa e paradoxalmente, "globalitário" era o qualificativo que nós, militantes altermundistas (impropriamente chamados de "militantes antiglobalização"), utilizávamos, na ainda recente transição entre os séc. XX e o XXI, para definir o modelo de globalização autoritário e excludente que se espalhava naquela ocasião por todo o mundo. Era exatamente esse modelo que discutíamos, combatíamos e propúnhamos alternativas nos diversos Fóruns Sociais Mundiais e Fóruns Sociais Temáticos que ocorreram no Brasil, em cidades como Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife, e também em outros países como Índia e África, e em diversas cidades mundo afora, sempre em caráter simultâneo e de oposição ao Fórum Econômico Mundial, que ocorre em Davos na Suíça.

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Por isso alegra-me deveras hoje poder escrever sobre essa possibilidade [ou sonho ou desejo, como queira] do despontar de um novo humanismo "globalitário" [agora, com uma nova semântica, originária de sua nova raiz etimológica: a associação de "global" + "solidário"]. Com a esperança de que esse humanismo seja tão "autoritário", pois represado, irrefreável e avassalador, como foi o processo capitalista de globalização.

Que tenhamos, pois, uma inexorável onda humanista nas políticas públicas por todo o globo. Nem que seja como mais uma louvável tentativa de se salvar o capitalismo de suas mazelas ou de seu inevitável malogro [segundo predisseram os marxistas].

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No lugar do neoliberalismo excludente do passado um neohumanismo globalitário, pois mundial e solidário, parece apontar, sinalizar para o nosso futuro.

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