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Carlos Hortmann

Professor, filósofo, historiador e músico.

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Portugal NÃO é um país socialista

Para a minha grande tristeza, Portugal não é e nunca foi um país socialista, apesar de ter se libertado do fascismo da Salazar com um movimento revolucionário de cariz socialista

Portugal (Foto: Jose Manuel Ribeiro / Reuters)
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Nos últimos 10 anos de vida passei grande parte deles em Portugal, país que se tornou aminha casa e meu refúgio. No período em que cheguei na “terrinha” começava um movimento de retorno de muitos compatriotas ao Brasil, pois o país estava a passar pelo pior período da sua história recente, a viver os refluxos da Crise de 2008. A grave crise económica portuguesa foi agudizada ainda mais pelas imposições da TROIKA e o governo neoliberal de Pedro Passos Coelho. Tive a tristeza profunda em presenciar várias pessoas serem despejadas de suas casas por não terem condições de pagar o aluguer e, colegas e alunos que passavam a semana toda a comer massa com atum enlatado para poder sobrar dinheiro para pagar as despesas de moradia.

Após as eleições para Assembleia da República em 2015, a coligação de direita ainda tevemaioria para formar governo, contudo, não era uma maioria absoluta. Ou seja, os partidos de “esquerda” tinham mais deputados do que a direita. E é nesse contexto económico (pauperismo da classe trabalhadora) e político (evitar mais 4 anos de governo neoliberal) que surgiu a tal geringonça, tão adora por parte da “esquerda” brasileira. Essa “unidade” da esquerda (governo era do PS e apoiado pelo Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda e Partido Ecologista “Os Verdes”) não foi o resultado de uma ideia a priori, mas as consequências dos movimentos políticos e de resistência da classe trabalhadora. Sobre o Partido Socialista posso-vos dizer que só tem socialismo no nome, pois seus governos servem com um belo sorriso aos interesses da burguesia e aos ditames neoliberais da União Europeia; por sua vez, a classe trabalhadora nunca foi e não é a prioridade da luta política do PS.

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Nos últimos anos o número de imigrantes brasileiros que têm vindo a Portugal aumentou deforma significativa. Todavia, segundo os dados do SEF (Serviço de Estrangeiro e Fronteira) grande parte apresenta “boa” qualificação profissional e afins. Para eles há uma mudança no perfil do emigrante brasileiro, segundo reportagem do Jornal Público.

Por outra palavras, é a classe média brasileira que vem para Portugal embusca de segurança e uma razoável qualidade de vida. O exemplo típico é a celebridade Luana Piovani.

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Peço desculpas ao leitor em ter me alongado, mas sem dizer tudo isso não faz sentido eufalar de um mito que muitas pessoas que se dizem de esquerda andam a propalar pelas redes sociais no Brasil: “Vota no Bolsonaro e vai viver em Portugal, um país socialista” - ou coisas do género. Isso é Fake News! Para a minha grande tristeza, Portugal não é e nunca foi um país socialista, apesar de ter se libertado do fascismo da Salazar com um movimento revolucionário de cariz  socialista. Gentilmente, peço-vos, parem de falar coisas que não são verdadeiras, pois isso só faz esvaziar a referência do que é ser um país socialista.

Posso enumerar muitos problemas estruturais que afectam a classe trabalhadora em Portugaltodos os dias, nas suas mais variadas formas. Um exemplo típico: se você ficar 3 dias de atestado médico em casa, será descontando do seu salário e não há cobertura por parte da seguridade social; então, muitas pessoas vão trabalhar mesmo doentes. Outro: se for numa consulta médica no centro de saúde terá que pagar uma taxa moderadora que varia de 25 a 70 reais e a depender no seu quadro clínico ficará umas 4 a 5 horas para ser atendido. Para estudar numa universidade pública, paga-se no mínimo 5 mil reais por ano. E poderia continuar, mas não quero me estender.

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Escrevi no Twitter: Portugal não é um país socialista, mas uma nação que tem resquícios doWelfare State que está em decomposição. Os partidos de “esquerda” que têm expressão eleitoral e nos movimentos trabalhistas e sociais não têm como eixo central do seu discurso e intervenção política a Revolução Socialista e a luta de classes; o dogma da “santa propriedade privada” dos meios de produção não é colocado como causa primeira dos problemas sociais; muito menos partidos que assumam com firmeza pautas como abolicionismo penal. Ou seja, os problemas centrais e estruturais não são combatidos e denunciados! Não temos uma esquerda radical com expressões nas massas trabalhadoras.

Portugal Não é um país socialista, por agora, mas a nossa esperança é que num futuro bempróximo possamos colocar fim a barbárie da exploração capitalista. O SOCIALISMO é lindo, mas por agora esse cravo e espírito revolucionário não floresceu na terra de Fernando Pessoa.

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