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Matheus Brum

Mineiro de Juiz de Fora, jornalista e escritor

40 artigos

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Precisamos conversar sobre segurança pública

Enquanto não formos capazes de propor ações palpáveis para este tema, seguiremos perdendo

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Olá, companheiros e companheiras. Tudo bem? Um dos grandes desafios do campo progressista brasileiro, na atualidade, é falar e desenvolver projetos na área da segurança pública. Infelizmente, a direita reacionária tomou posse do tema. E tirar deles este “domínio” é muito difícil. 

E por que isso? Bom, para chegarmos a uma resposta, é necessário refletir. Vivemos em um país que tem uma média de 50 mil homicídios por ano. Ao mesmo tempo, vemos o tráfico de drogas se alastrar pela sociedade e se tornar um problema incontrolável para as autoridades. Para piorar a situação, a tal “sensação de insegurança” só piora, devido a diversos programas – em rádios e tvs – que investem pesado no jornalismo policial. 

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É difícil não conhecer uma pessoa que já foi assaltada ou furtada. Ou até mesmo que sofreu uma tentativa, mas conseguiu escapar. Assim como também é simples encontrar pessoas que têm medo de ir e vir. Não saem à noite, não andam em lugares desertos e não usam adornos de valor. 

O conjunto desta obra traz para dentro da sociedade um sentimento de indignação. Afinal de contas, como pode ser normal tantos homicídios e assaltos? Como não ficar revoltado ao ver uma pessoa roubando um objeto que custou horas de trabalho? Como não ficar emocionado ao ver um parente chorando pelo ente morto, nas intermináveis disputas pelo tráfico de drogas?

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A direita reacionária trabalha todos estes discursos em cima, justamente, da emoção. É muito difícil – e trabalho indo em áreas de vulnerabilidade social todos os dias – você conversar com uma pessoa que acabou de sofrer um processo de violência e pedir para que tenha calma. Que não tenha ódio, ou deseje a morte, do criminoso. Principalmente quando os casos são recorrentes dentro de uma comunidade. 

Por isso, o discurso do “bandido bom é bandido morto”, faz tanto sucesso. Por isso que se pede para o criminoso apodrecer na cadeia. Por isso que se estereotipou que os juízes defendem bandidos (por soltá-los em locais que não há espaços para prendê-los). Por isso que há um desejo de fazer justiça com as próprias mãos.

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Tratar a segurança pública e os delitos como “culpa da sociedade” não dá certo. Aliás, só nos afasta do verdadeiro debate. A esquerda brasileira precisa se aprofundar na pauta da segurança pública. É preciso recuperar espaços dentro das Forças Armadas e das Polícias. 

E como fazemos isso? Dialogando, conversando e entendendo toda a complexidade da segurança. Não é apenas bradar que as Guardas Municipais não podem ser armadas e a Polícia desmilitarizada. É compreender que para diminuir crimes é necessário melhorar a infraestrutura das comunidades, investir em educação, saúde, saneamento básico, gerar oportunidades de emprego, investir em pequenos negócios locais, em espaços de lazer e organização social destas áreas. 

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Proibir ou limitar o armamento é apenas a ponta de um iceberg gigantesco. A luta pela descriminalização da maconha não pode ser apenas para a utilização no dia a dia. E sim para acabar com 70% do dinheiro do tráfico de drogas, segundo algumas pesquisas. É desmantelar quarteis e facções criminosas que causam terror em muitos brasileiros. 

Ir contra um punitivismo excessivo não é apenas para garantir direitos humanos. É preciso discutir quanto que se gasta com uma cadeia. Há pesquisas que mostram que um presidiário custa mais para o estado que um(a) aluno(a). Falar de reabilitação não é só pensar em emprego para quem é apenado. É criar uma rede que vai assistir ao ex-presidiário nos primeiros passos fora do sistema penitenciário. Não adianta ele sair da prisão renovado, chegar em casa e encontrar tudo desmoronando. 

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Não podemos achar que uma pessoa resolve ir para o crime organizado por ser  um sonho de criança. É preciso estudar, caso a caso, para saber o que as leva a rasgar nosso “contrato social” e cometer ilegalidades. Ao juntar esse quebra-cabeça, podemos ter uma resposta mais próxima da realidade. 

Por fim, o que quero dizer é: reclamamos que a direita reacionária trata a segurança pública com argumentos banais. Mas, não fazemos o mesmo? O que me parece é que nenhum dos dois lados sabe lidar com a complexidade da pauta. A diferença é que um lado oferece ações que dão um resultado palpável: matar, jogar na cadeia e armar, por exemplo. Enquanto nós propomos um vitimismo que não é bem digerido por quem sofre com a violência. 

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Enquanto não formos capazes de propor ações palpáveis para este tema, seguiremos perdendo. E pior, veremos comunidades inteiras indo ao encontro do reacionarismo por falta de uma perspectiva melhor que acalme a insegurança e o medo. 

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