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Mauro Nadvorny

Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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Precisamos falar sobre o Antissemitismo na Esquerda

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Depois de um artigo publicado a cerca de 20 dias, "Meu amigo judeu", para instigar o debate sobre o antissemitismo na esquerda, fui mencionado em uma publicação apócrifa no site www.causaoperaria.org.br. O linguajar do autor não deixa dúvidas de que se trata de um pretenso comunista de biblioteca burguês. De operário não tem nada. Aquele tipo que a direita chama de comunista caviar.

O artigo é um festival de clichês que me remeteu aos anos 70. De inicio uma foto do que seriam soldados israelenses prendendo um jovem palestino. Existem milhares de fotos como esta, mas o autor escolheu justo uma que não é o caso. Os soldados em questão não são israelenses, e o preso provavelmente não é palestino. Seria um erro involuntário, mas ele continua errando quando diz que o grupo que administro no Facebook, "Resistência Democrática Judaica" é de sionistas socialistas. Agora já não se trata de erro, mas de interesse na crítica. Na verdade trata-se de um grupo judaico com membros de todo espectro político que em comum são antifascistas e portanto antibolsonaro. Nele existem membros até mesmo antissionistas. 

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Já de início o autor chama o Estado de Israel de Nazista, uma ofensa inominável a qualquer judeu. Todos nós perdemos familiares no Holocausto. O nazismo pretendeu nos exterminar da face da Terra. Montou uma indústria de morte com esta finalidade que chamaram da "Solução Final". Israel comete crimes de guerra, mas dizer que se trata de um regime nazista é encerrar qualquer debate viável e civilizado.

Ele distorce minhas palavras em relação as vítimas do recente conflito de Gaza. Usa dos mesmos números que menciono, mas monstruosamente trata as mães que perderam seus filhos de forma diferente. Para ele as mães das 66 crianças palestinas são diferentes das duas mães israelenses. Talvez ele não tenha ouvido falar do atentado de Maalot. Em 15 de maio de 1974, três palestinos da Frente Democrática para Libertação da Palestina se infiltraram vindos do Líbano, tomando de assalto a escola de Maalot, uma pequena cidade ao Norte de Israel. No caminho para a escola os três palestinos mataram duas árabes israelenses, entraram em um apartamento de um prédio e mataram o casal e seu filho de 4 anos. Deixaram o prédio e foram para a escola Netiv Meir fazendo lá 115 reféns, entre eles 105 crianças. O resultado desta ação foi de 25 reféns assassinados, sendo 22 crianças e 68 feridos. Os três palestinos foram mortos pelas forças de segurança. Neste caso, as mães palestinas também eram diferentes das mães israelenses?

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A extrema direita israelense tenta sempre desumanizar os palestinos, uma tática que dá ao opressor uma justificativa moral para manter a ocupação. Parte da esquerda faz a mesma coisa com os israelenses, mas neste caso trata-se de uma justificativa moral para expressar seu antissemitismo.

A intenção do autor não foi discutir o antissemitismo de esquerda proposto por mim.

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Para ele o Estado de Israel não deveria existir. Para os nazistas não deveriam existir judeus. Percebem a semelhança? Eu utilizei o conflito recente em Gaza para mostrar como os antissemitas na esquerda se aproveitam do conflito para externar seu preconceito. Ele, vestindo a carapuça, se aproveitou do conflito para demonstrar que tenho razão.

Ele desdenha minha solidariedade, como sionista socialista, a causa de um Estado Palestino  e exalta os milhões de árabes que seriam solidários. Um momento de reflexão: além do Qatar, quem mais se preocupa com eles atualmente? O Irã que não é árabe e pensa como o autor, em destruir Israel. A União Europeia que não é árabe, e é a favor de uma solução de dois Estados. Em que país árabe os refugiados palestinos receberam cidadania? Vamos ser realistas, a tragédia palestina está perdendo o trem da história e isto não pode acontecer. Para constar, esta parte doentia da esquerda tem culpa neste processo.

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E por fim temos o Hamas. Eu menciono em minha tréplica ao artigo inicial, que o Hamas é um regime totalitário onde não existe o menor respeito aos direitos humanos e que em muitos outros países árabes, não é diferente. Como um bom cidadão do mundo ele concorda com estes fatos, mas na sua ótica, tais desrespeitos são menos importantes no momento, afinal estão lutando contra o inimigo sionista e toda violência é justificável, inclusive contra seu próprio povo em Gaza. Diferentemente dele, eu acho que são parte do problema. O Hamas é uma organização que, diferentemente da Autoridade Palestina, não aceita a existência do Estado de Israel. Sua pretensão é a mesma do Irã, exilar os israelenses, trazer de volta os refugiados palestinos e criar um Estado Palestino em substituição ao Estado de Israel. Ainda assim, temos de encontrar uma maneira de sentar com eles a mesa de negociações.

Dado a um problema de interpretação de texto, ele me acusa de comparar Bibi e o Hamas, como Lula e Bolsonaro. Coisas incomparáveis. Eu concordo, tanto que não foi o que eu escrevi. Não há comparação em meu texto. Na verdade, digo e repito que o recente conflito foi do interesse de Bibi e o Hamas, serviu aos interesses de ambos.

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Eu me permito aqui sugerir ao autor do artigo alguns temas para novos artigos: por exemplo, a invasão da Criméia e sua anexação ao território da Rússia. Outro tema , não menos importante para nós de esquerda são os Campos de Concentração na China, ou de Reeducação, como eles preferem, em que milhares de muçulmanos da etnia Uigur são mantidos. São fatos também recentes que parecem não sensibilizar a esquerda em geral e especialmente a parte antissemita, talvez por não envolverem judeus. 

Ao contrário desta parte da esquerda, a direita é mais explícita em seu antissemitismo. Não se importa em desfraldar a bandeira nazista, de publicar obras antissemitas como os Protocolos dos Sábios do Sião, de apontar os judeus como donos da mídia internacional, de dominarem o sistema financeiro mundial e há entre eles quem diga, inclusive, serem os judeus os verdadeiros criadores do Covid-19 para ganharem dinheiro com as vacinas. Claro que não soa nada estranho algumas pessoas de esquerda que pensam a mesma coisa, afinal de contas, em matéria de antissemitismo, eles concordam uns com os outros.

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