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Samuel Penteado Urban

Professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e Pesquisador Associado da Coordenadoria de Estudos da Ásia da Universidade Federal de Pernambuco (CEASIA/UFPE)

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Precisamos falar sobre o papel dos EUA no genocídio Palestino

Por meio de uma política externa de caráter imperialista, os EUA vêm proporcionando o genocídio do povo Palestino. E isso precisa ser pontuado!

Trump e Netanyahu em Tel Aviv - 13/10/2025 (Foto: Reuters)

Constantemente somos bombardeados por informações fragmentadas, que intencionalmente buscam promover um olhar único sobre a realidade concreta. Para contrapor essa visão de mundo, precisamos entender o conflito em Gaza para além da relação entre Palestina e Israel, ou seja, compreender o papel geopolítico dos EUA na região, que, devido às crises do capitalismo e aos efeitos reversos da globalização, vêm perdendo o papel de principal potência mundial, o que tem ampliado os problemas internos do país.

Em resposta a essa perda de hegemonia, os interesses dos EUA na região têm a ver, sobretudo, com o controle das reservas de petróleo, bem como com a comercialização e o desenvolvimento de armamentos. Fatores esses essenciais para frear a ascensão chinesa. Ascensão essa que é econômica e social, mas é, também, marcada pelo aumento do poderio militar e pela aproximação da China com o Oriente Médio.

Acerca do petróleo, ele é e continuará sendo a principal matriz energética do mundo por um longo tempo e, desta forma, é essencial para a produção industrial mundial e de extrema importância para o desenvolvimento do poderio bélico e militar. Em termos práticos, segundo a lógica imperialista, o controle das reservas de petróleo é primordial para se combater a ascensão da China, pois, como se sabe, o país asiático é o principal cliente do petróleo oriundo do Oriente Médio, onde aproximadamente 50% das reservas do planeta estão localizadas, incluindo aqui as significativas reservas de gás natural e petróleo existentes na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Em relação à questão bélico-militar, precisamos, inicialmente, compreender a relação entre EUA e Israel, que não é algo simples de se entender. Isso porque esse relacionamento não é apenas unidirecional, pois, internamente, na política estadunidense, o Estado de Israel possui uma significativa representatividade por meio do lobby sionista, responsável por eleger congressistas, sobretudo por meio da American Israel Public Affairs Committee (AIPAC). Esse grupo detém e comanda uma significativa fatia do sistema financeiro, dos meios de comunicação e da indústria cultural, entrando aqui uma longa lista de filmes e séries que retratam os Estados Unidos e Israel como mocinhos perante os “terroristas” árabes e, desta forma, proporcionam a apresentação de um mundo como fábula.

A partir dessa relação, entre 1946 e 2024, os EUA foram responsáveis por 228 bilhões de dólares que financiaram o desenvolvimento e a produção armamentista de Israel, o que tornou o Estado israelense o maior beneficiário da assistência militar dos Estados Unidos, em termos cumulativos.

Assim, Israel garante o seu poderio militar adquirindo artefatos e sistemas bélicos, com o intuito de se expandir territorialmente, impondo uma hegemonia regional às custas das atrocidades realizadas contra o povo Palestino; e os EUA lucram por meio da comercialização de armas, mas, mais do que isso, se postam militarmente na região de forma direta, ou seja, por meio de suas bases militares, e indireta, por meio de seus representantes regionais, como é o caso de Israel, às custas dos 70.654 palestinos mortos, incluindo aqui as mais de 20 mil crianças assassinadas pelo Estado sionista de Israel. E isso somente contabilizando as mortes que aconteceram entre 7 de outubro de 2023 e 09 de dezembro de 2025, conforme publicação recente do Ministério da Saúde Palestino.

Portanto, tudo isso só prova que Mao Tsé-Tung estava certo ao afirmar que, sendo o imperialismo estadunidense uma contradição primária, ele precisa ser enfrentado!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.