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Precisamos falar sobre sexo e política

"Falar sobre sexo e ideologia de gênero é algo que merece todo o cuidado e respeito, principalmente quando isso virou um tipo de arma de manipulação usada por grupos políticos mal intencionados para gerar aceitação com base em um discurso errado e agradar um grupo de interesse"

Precisamos falar sobre sexo e política
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Falar sobre sexo e política é resistência ao retrocesso.

Reforma trabalhista, violência, democracia, preço da gasolina, dólar nas alturas...são tantas as preocupações para quem se opôs à eleição de Jair Bolsonaro que falar sobre sexo para algo supérfluo, mesmo quando o próprio presidente pergunta em seu twitter o que é "golden shower". E entenda, não sobre quem transa mais ou menos, ou tamanhos de pênis alheios, mas é sobre não deixar que o discurso de desinformação se propague trazendo prejuízos ainda maiores.

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Bom, infelizmente esse dia chegou e vamos ter que falar sobre o assunto que a política atual e os parlamentares do PSL mais falam sobre: Sexo. Isso mesmo, sobre sexo. Eu nunca pensei que como jornalista eu fosse algum dia relacionar a palavra "sexo" a "política", mas tendo em vista que temos um presidente que pergunta a um homem de origem asiática de "tudo continua pequenininho ai" fazendo menção ao tamanho do seu pênis e dias após me deparo com um video da Deputada Dayane Pimentel (PSL-BA) que fez uma fala em referencia a dissertação de mestrado na UFPE na área de psicologia citando o termo "folia dos cus prolapsados", eu não tenho outra escolha a não ser relacionar sexo com política.

O que mais me chamou atenção sobre o assunto é que a então Deputada com certeza não se deu ao trabalho de ler a dissertação, que se trata de uma profissional na área de psicologia que lida todos os dias com pacientes falando sobre prazeres e desejos sexuais, logo a dissertação e o estudo sobre o assunto se torna muito condizente, nada melhor do que estudar ainda mais para poder tratar de forma mais profissional seus pacientes, mas é claro que a então deputada não se deu ao trabalho de ler e preferiu usar o seu tempo de tribuna para desmerecer o estudo de outra pessoa. O que mais temos visto é parlamentares do PSL desmerecendo profissionais que realmente estudaram para exercer suas profissões.

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Para começo dessa conversa é importante deixar aqui o questionamento do porque a direita política é tão fascinada por sexo. Nos últimos dias tudo do governo tem se baseado a essa palavra. E é por isso que eu defendo que no momento falar sobre sexo é uma necessidade política. Vamos começar que Bolsonaro e sua turma incluindo Damares Alves é contra a educação sexual nas escolas, mas ao mesmo tempo ambos querem prevenir gravidez na adolescência e reduzir os números de estupros...e como vamos vamos fazer isso sem falar sobre educação sexual? Não tem como.

Muito antes da vitória de Bolsonaro já era notório e ele e os seus se colocaram firmemente contra a "ideologia de gênero" principalmente nas escolas, pelo simples fato não saberem sobre o assunto e fazerem questão de propagar a desinformação, afinal é mais fácil ver um video curto em redes sociais do que abrir um livro para saber sobre um assunto, vivemos em uma era em que a preguiça de se obter informações virou algo real e preocupante. Segundo a ONU, a taxa mundial de gravidez adolescente é por volta de 46 nascimentos para cada 1 mil meninas entre 15 e 19 anos, na América Latina e no Caribe é de 65,5 nascimentos, apenas a África Subsaariana fica a frente. No Brasil, a taxa é de 68,4 nascimentos para cada 1 mil adolescentes e vocês podem conferir esse dados no texto de apresentação do relatório sobre o tema de 2018.

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Falar sobre gravidez na adolescência é também ter que falar sobre estupro e abuso.

Precisamos conversar com meninas e meninos sobre educação sexual, e vale deixar muito claro que educação sexual não é uma aula sobre sexo ou sobre como se relacionar sexualmente em diferentes posições, quem acredita nisso infelizmente faz parte da margem de pessoas totalmente sem conhecimento e desinformadas.
Falar sobre gravidez na adolescência é também falar sobre desenvolvimento social, economia e saúde pública, afinal meninas que engravidam logo cedo geralmente largam os estudos e deixam de ter uma carreira profissional e liberdade financeira que poderiam ter se aquela gravidez tivesse sido evitada, e olha que não vou nem entrar no assunto de aborto porque entendo que seria complicado demais para que alguns possam começar a entender.

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Outro ponto que temos que colocar em discussão é a homofobia que cerca praticamente todas as pessoas de direita política, estudos comprovam que em sua grande maioria os homobofóbicos são pessoas que não tem a sua sexualidade bem resolvida, o que automaticamente explica todos os ataques de ódio. O fato é que temos que começar a entender e também a respeitar que as diferenças existem e são construídas socialmente, eu sei que esse é um assunto muito complicado e difícil para a direita política, mas deixo aqui o meu apelo de reflexão sobre o assunto.

As influencias sociais não são totalmente visíveis no dia a dia aparenta que as diferenças entre homens e mulheres são naturais, ou apenas biológicas e na verdade, boa parte delas é influenciada pelo nosso convívio social diário. A nossa sociedade machista e conservadora propaga a crença de que os órgãos genitais são a única forma de definição entre homens e mulheres, e não leva em consideração a construção da identidade como homens e mulheres que não é um fato biológico mas sim social. Vamos ao um exemplo? Outras culturas, como por exemplo os países nórdicos as mulheres tem traços que para nossa cultura são considerados "traços masculinos". Ser feminina no Brasil é diferente de ser feminina na China, Japão ou até mesmo na Argentina.

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E quando não se leva tudo isso em pauta e se adota um discurso raso, machista e opressor, automaticamente está se comentando uma violência de gênero - que pode ser tanto cultural como social - contra aquele que é diferente de você ou discorda do que se espera de alguém de um terminado sexo - biológico -, logo podemos também dizer que sexo é uma questão de identidade e jamais de um transtorno, aonde posso usar como exemplo as pessoas que são travestis.

Falar sobre sexo, ideologia de gênero é algo que merece todo o cuidado e respeito, principalmente quando isso virou um tipo de arma de manipulação usada por grupos políticos mal intencionados para gerar aceitação com base em um discurso errado e agradar um grupo de interesse. Esse tipo de grupo que usa de fatos tão importantes para gerar desinformação sempre atacam em assuntos sensíveis como sexualidade, pedofilia, abordo, ideologia de gênero e perceba: Todos relacionados a sexo para gerar o famoso "pânico social" e desmoralizar o adversário político ou profissionais especializados na área com o discurso que estes fazem coisas horríveis moralmente incorretas.

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Um exemplo disso foram as notícias falsas que circularam dizendo que Haddad distribuiria mamadeiras em forma de pênis ou o suposto kit gay, que bom, sabemos que não existe.

 

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