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Jose Carlos de Assis

Economista, doutor em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB

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Prepara-se a entrega do controle da Vale à banca e a estrangeiros

Prepara-se a maior picaretagem do século em termos de entrega de patrimônio público ao setor privado de forma absolutamente graciosa: a privatização completa do controle da Vale do Rio Doce em favor do Bradesco e da Mitsui mediante uma operação de fusão de ações ordinárias e preferenciais. É um assalto ao patrimônio público

Sede da Vale, no centro do Rio de Janeiro. 21/08/2014 REUTERS/Pilar Olivares (Foto: Jose Carlos de Assis)
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Prepara-se a maior picaretagem do século em termos de entrega de patrimônio público ao setor privado de forma absolutamente graciosa: a privatização completa do controle da Vale do Rio Doce em favor do Bradesco e da Mitsui mediante uma operação de fusão de ações ordinárias e preferenciais. É um assalto ao patrimônio público na escala do que tem sido tentado com as empresas de telecomunicações, às quais o Governo Temer pretende doar na forma de ativos de cerca de R$ 100 bilhões segundo o TCU.

A operação da Vale é particularmente absurda. Na era Trump, quando o presidente dos Estados Unidos invoca os valores nacionais como prioridade de governo, os entreguistas brasileiros pretendem que o setor público abra mão do controle da maior empresa mineradora do mundo, com funções potencialmente estratégicas no desenvolvimento brasileiro. É mais um atentado contra a soberania nacional do tipo que vem sendo reiterado por este Governo preocupado exclusivamente em arquitetar os maiores assaltos ao patrimônio nacional.

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Não se sabe exatamente quem está por trás disso. Talvez seja o Angorá, talvez o Caju, talvez o Primo: quem sabe? Talvez a Odebrecht saiba, embora, no caso, como empresa produtiva brasileira, ela está longe de ser privilegiada com a operação. Os beneficiários são sobretudo estrangeiros: a Mitsui, japonesa, e o Bradesco, que nessa altura é também um banco estrangeiro sem qualquer vinculação com o mercado nacional de empréstimos bancários, na medida em que também se vincula à especulação financeira mundial.

A Vale jamais deveria ter sido privatizada. Foi privatizada por um capricho de Fernando Henrique Cardoso, conforme confessou numa entrevista a Raphael de Almeida Magalhães e a Eliezer Batista num documentário sobre a vida deste. Segundo Fernando Henrique, se não privatizasse a Vale o mercado não acreditaria que seu programa de privatização era algo sério. E assim se foi por entre os dedos a maior mineradora do mundo. Por um acidente, o controle ficou nas mãos dos fundos de pensão e, por uma decisão de Carlos Lessa, com o BNDES.

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Em abril o acordo de acionistas da privatização deverá ser revisto. É nessa brecha que se pretende entrar com o artifício da conversão de ações preferenciais em ordinárias – eles dizem, fundir as ações – a fim de tirar a empresa do controle nacional. Numa situação em que os fundos de pensão e o próprio BNDES estão sob controle do Governo, a tentação é muito grande de operar rapidamente para ter um desfecho em favor do "mercado". A notícia a respeito surgiu no jornal Valor de ontem, com grande naturalidade. Mas é um roubo.

Fala-se em antecipar a renovação do acordo de acionistas para a segunda semana de fevereiro de forma a concluir o assalto o mais rápido possível. É assim que opera este Governo: saca rápido, atira e mata. Enquanto isso, a sociedade brasileira, entupida com a pletora de iniciativas governamentais furtivas, não tem tempo sequer de respirar, quanto mais de tomar conhecimento do roubo e reagir. É nesse clima que vão se decidir as mesas da Câmara e do Senado. Nosso destino político, econômico e social estará em jogo. Espero que o acaso, que pode estar de tocaia na lista de Teori Zavascki, desça dos céus para cuidar de nós!

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