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Adilson Roberto Gonçalves

Pesquisador científico em Campinas-SP

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Previsões do passado

Parte da esquerda brasileira, os chamados grupos e partidos progressistas, está em autofagia, abandonando a eleição em curso e investindo em se fortalecer como oposição ao próximo governo. Não veem que a chance de não haver política no ano que vem é muito grande, não estando preparados para a vida em clandestinidade

Previsões do passado (Foto: Divulgação)
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No período inter-eleitoral, ou seja, depois do primeiro tsunami das fakenews regiamente pagas e não investigadas que puseram o coiso em primeiro lugar e logo antes da constatação do resultado que amargaremos por um longo tempo, alguns escritos foram enviados à mídia impressa e não publicados. Seguem aqui, com a devida atualização, quando pertinente.

A Folha insistiu em relativizar a responsabilidade de Jair Bolsonaro e seu partido nos episódios de violência da eleição. Não se tratou apenas de retórica, pois as atitudes falam por si: a destruição da placa com o nome de Marielle Franco não foi ato de meros simpatizantes ou correligionários, mas, sim, de candidatos eleitos! Já foram ataques físicos a opositores, ameaças a jornalistas, negação da ciência e da história, a fuga do debate democrático e, agora, essa ação orquestrada de censura contra as universidades públicas. Se antes eram apenas sinais, não restam dúvidas sobre o fascismo já instalado.

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A doutrinação política quase que exclusiva pelas mensagens evangélicas via Whatsapp é tão eficiente, que Luiz Philippe de Orleans e Bragança pode abusar no discurso da quase volta da monarquia, sabendo que não será lido por seus eleitores (“O início do fim da era progressista no Brasil”, Tendências/Debates, 16/10). Ele usou o termo “natural” para reafirmar que a sociedade precisa ser desigual para dar sustentação à oligarquia. E quer o fim das leis de proteção social! Agora é que a regra será matar preto e pobre, a escória que não deixa brilharem a alva tez e os olhos azuis dos designados para comandar este País.

Sábias foram as palavras do professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, ressaltando o espaço que a Folha dá (ou dava, agora que está sob artilharia oficial) para a diversidade política e a denúncia às trevas que estamos cultivando (“Um grande jornal em tempos difíceis”, Tendências/Debates, 25/10). A Folha não é apartidária e isso é bom. A denúncia de Patrícia Campos Mello era para obter o mesmo impacto da entrevista de Roberto Jefferson a Renata Lo Prete, que desencadeou o chamado mensalão. Pouco antes do segundo turno, o Ibope revelou que 27% dos eleitores receberam notícias falsas contra candidatos e, desses, 25% tiveram seu voto influenciado por tais notícias. Considerando que 80% dos boatos foram pró-Bolsonaro (dados de outra pesquisa), fazendo as contas chega-se a pelo menos 5,4% dos votos favoráveis no capitão que tiveram origem no WhatsApp. É exatamente o porcentual a mais de votos (de 40 para 46%) que o candidato teve comparando com as pesquisas da véspera. O Ibope quis dizer que o WhatsApp não teve influência, mas os números provam exatamente a origem da alavancagem no primeiro turno. Dias antes, o responsável pelo WhatsApp, Chris Daniels, cumpriu seu papel de defender a plataforma, mas é fato a troca desenfreada de mensagens por grupos de apoio ao vencedor, baseada principalmente em notícias falsas. Torna-se paradoxal o título do artigo, uma vez que é hoje a principal fonte de desinformação. Pesquisar em sites ou mesmo em livros (?) virou algo demorado e vigora o império da fake news como verdade absoluta. Meus “pares” me decepcionam: ainda acreditam nos milagres da cura do câncer e em messiânicos salvadores. A imprensa finge-se de morta e assim estará, literalmente, quando começar a publicar as receitas de bolo e os versos de Os Lusíadas.

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Pronto! A guinada à direita foi confirmada nas urnas. Se em 1964 a elite – representada pelos cidadãos de bens – se associou aos militares para o golpe, em 2018 essa associação é inerente ao grupo que assumiu o poder. Se houver, qual será o intervalo para o novo 1968? As forças progressistas não conseguiram sentir as ruas no pré-2013, apostou com enorme risco em 2014, perdeu feio em 2016 e vê agora a ameaça do apocalipse se materializando. Partidos políticos existem para conquistar – ou assumir – o poder. Como o nome sustenta, representam parte do todo de interesses, vontades, visões de mundo. A atividade política é, portanto, de convencimento. O PT fez e faz isso, mesmo com a velhaquice denunciada por Mino Carta em CartaCapital, mas não foi suficiente para reassumir o poder perdido com o golpe de 2016. Voltemo-nos, pois, às ruas, ao povo e ao divã.

Parte da esquerda brasileira, os chamados grupos e partidos progressistas, está em autofagia, abandonando a eleição em curso e investindo em se fortalecer como oposição ao próximo governo. Não veem que a chance de não haver política no ano que vem é muito grande, não estando preparados para a vida em clandestinidade. Mas, como diria Carlos Lacerda, vivemos um movimento cívico e patriótico.

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Ciro Gomes tornou-se uma réplica mambembe de Eduardo Campos. O político pernambucano rompeu com o PT para uma candidatura própria, não aguardando a fila que o ungiria como a voz das esquerdas agora em 2018. A fatalidade do acidente aéreo colocou a bissexta Marina Silva como protagonista do segundo turno em 2014, ao apoiar o inconformado Aécio Neves. Já o cearense fujão não representa o trabalhismo, nem Brizola, mas quer coordenar uma inexistente unicidade progressista. Deveria aprender a coragem antes da petulância.

 

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