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César Fonseca

Repórter de política e economia, editor do site Independência Sul Americana

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Prisão de Lula explodiria ou não falido sistema prisional comandado pelo novo Ministério da Segurança de Temer?

Eventual prisão de Lula decretada pelos desembargadores do TRF-4, que não seja suspensa por habeas corpus a ser ou não concedido pelo Supremo Tribunal Federal, poderá transformar-se em bomba política dentro do sistema prisional brasileiro lotado de eleitores jovens, negros e pobres, supostamente, lulistas, consideradas pesquisas de opinião

Lula (Foto: César Fonseca)
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Barril de pólvora brasileiro, tipo Bastilha francesa, cuja queda inaugurou revolução de 1789: existem perto de 800 mil presos para, apenas, 400 mil vagas nas prisões brasileiras, sendo que +ou- 280 mil sem condenação.

Além dos trancafiados, há 1 milhão de mandados de prisão não cumpridos e 200 mil em prisão provisória. Total: 2 milhões entre presos efetivos e não efetivos. Multiplicados por 4 pessoas, correspondentes à média por família pobres nesse Brasil desigual, que possui um ou mais componentes presos, tem-se, aproximadamente, 8 milhões de brasileiros-ras envolvidos, direta e indiretamente, no complexo sistema prisional brasileiro.

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Trata-se de estrutura, completamente, apodrecida, desumana, brutal, retrato pronto e acabado da falência da segurança pública, agora, sob intervenção militar. Detalhe: 80% dos aprisionados são jovens, negros e pobres, alvo preferencial do narcotráfico.

Pergunta: em quem esse pessoal, camada mais pobre da população, votaria na eleição presidencial de outubro? Se forem levadas em consideração pesquisas de opinião, o candidato dos pobres, negros e jovens, é Lula.

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E o que aconteceria, com o sistema prisional, com Lula preso lá dentro entre seus eleitores potenciais, vítima do judiciário, que o está condenando sem provas, apenas, por suposições, indícios e subjetividades? O papel vergonhoso do STF que enrola decisão sobre habeas corpus ao ex-presidente diz tudo: parcialidade e seletividade, que mostram judiciário, igualmente, apodrecido, como sistema prisional, ativo protagonista no golpe de 2016 contra governo democraticamente eleito por 54 milhões de votos.

Agenda Legislativa editada pelo deputado Reginaldo Lopes(PT-MG), presidente da CPI contra Racismo e Homicídio contra Jovens Negros e Pobres, criada em 2015, que desembocou no Plano Nacional de Combate ao Homicídio da Juventude Pobre e Negra e no Projeto de Lei nº 2438/15, expõe quadro tenebroso da violência no Brasil.

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Na década de 80, subiu a 89% a taxa de homicídio na faixa etária de 18 a 29 anos; nos anos 1990, aumento de 20,3%; de 2000 a 2010, queda de, apenas, 2,5%; entre 2005 e 2015, crescimento de 17,2%. Para cada 100 mil jovens, 51,9 foram assassinados; em 2015, 60,9.

Mais de 318 mil jovens assassinados, entre 2005 e 2015, segundo o Atlas da Violência, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada(Ipea) e Fórum Brasileiro de Segurança. Ponto máximo alcançado em 2014: 62,9 mortes/100 mil pessoas. Entre 2014 e 2015, redução insignificante de 3,3%.

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Em 2015, destaca a Agenda Legislativa, o estado com maior taxa de homicídio de jovens foi Alagoas(118,9 mortes por 100 mil jovens; Sergipe vem em seguida: 118,2/100 mil; Rio Grande do Norte, 104,3/100 mil; São Paulo, menor taxa de homicídios de jovens, 21,9/100 mil; Santa Catarina, 25,4/100 mil; Mato Grosso do Sul, 39,2/100 mil; Minas Gerais, 21º lugar, 46,8/100 mil.

Detalhe: segundo a ONU, acima de 9/100 mil, considera-se que o país se encontra em guerra civil. Ou seja, o Brasil está em guerra civil há mais de dez anos, mas o poder midiático oligopolizado desconsidera essa realidade. Não seria esse o objetivo oculto escondido nas razões das políticas econômicas neoliberais, como a em vigor, pelo governo golpista do ilegítimo Temer, cuja prioridade é privilegiar mercado financeiro e sacrificar a população?

Os especuladores abocanham 50,66% do Orçamento Geral da União (OGU), estimado, em 2018, em R$ 3,5 trilhões, a título de pagamento de juros e amortizações. Já os 49,34% restantes – destinados aos setores sociais, que giram consumo, produção, circulação, distribuição, arrecadação e investimentos – permanecerão congelados, por vinte anos, em nome do ajuste fiscal neoliberal.

Congela-se o que vai para o povo, gastos sociais, e descongela o que irá para o papo dos agiotas, gasto financeiro especulativo, grana esterilizada, sem serventia para o desenvolvimento nacional. Desemprego explode, cadeias, idem.

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Dará certo a intervenção militar, convocada, objetivando interesses políticos de governo ilegítimo, repudiado por mais de 90% da população, por conduzir política econômica antipopular, antinacionalista, que sucateia economia e conquistas sociais e econômicas, como são os casos das contrarreformas trabalhista e previdenciária? 

O parlamentar mineiro destaca necessidade de nova política de segurança, com ampla participação da sociedade, para enfrentar, sobretudo, influência de corporações diferentes: polícia civil e polícia militar. Com a sociedade fora da jogada, o debate fica restrito aos agentes de segurança, sem visão conjuntural e estrutural do problema, necessária para que se entenda que segurança de uma sociedade envolve política econômica distributiva de renda, empregos, produção, consumo, investimentos em saúde, infraestrutura etc.

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Que futuro terão as crianças sem escola em tempo integral, creche, escolas técnico-profissionalizante, infraestrutura para esportes, cultura, lazer etc? Falta, diz Reginaldo Lopes, vontade política.

O general Braga Netto, interventor no Rio de Janeiro, está sendo convidado pelo deputado Reginaldo Lopes para ir ao Congresso debater com sociedade política de segurança pública que pretende implementar. O atual modelo fracassou e não é por falta de diagnóstico, diz. CPI que presidiu constatou que 90% dos homicídios no Brasil estão concentrados em 142 municípios.

Nesses, os crimes ocorrem em uma faixa territorial, onde a única presença do Estado é a política(quando deveria ser a última). A primeira, evidentemente, deveria ser a da institucionalidade, educação, cultura e esportes, os valores humanos. A CPI de enfrentamento ao homicídio de jovens negros e pobres atestou que são cerca de 200 jovens mortos por dia, 80% deles, negros. A omissão do Estado o coloca como protagonista dessas mortes. A

o lado da institucionalidade, faz necessário o que a CPI, em forma de emendas constitucionais e projetos de lei, recomendou: uso progressivo da força(PL 2439/2015), perícia independente(PC 117/2015), federalização dos crimes cometidos por milícias privadas e grupos de extermínios(PEC 128/2015); Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Superação do Racismo e Reparação de Danos; polícia de ciclo completo(PEC 127/2105); Plano Nacional ao Homicídio de Jovens(PL 2438/2015) e obrigatoriedade da participação popular no planejamento das políticas públicas de Segurança Pública(PEC 129/2015).

Cinco metas enxutas, práticas e decisivas compõem recomendação da CPI presidida pelo deputado Reginaldo Lopes, no país da desigualdade que sobra dinheiro para os ricos e falta para os pobres: 1 – Reduzir o índice de homicídios para um dígito a cada 100 mil habitantes( segundo organizações internacionais, acima de 9 para cada 100 mil, o país encontra-se em guerra civil, caso do Brasil em que se registra 70/100 mil); 2 – Elucidar 80% dos crimes(hoje, 8%, apenas, são elucidados e só 3% são condenados; 3 – Zerar a letalidade policial(garantir e não violar direitos). 4 – Zerar mortalidade entre os policiais, também, negros e pobres, em sua maioria; e 5 – Garantir implementação de programas sociais de reparação de danos nas áreas mais violentas.

Evidentemente, ressalta o parlamentar, não será possível sanear a violência, mediante esforço público e privado, se for mantida política de congelamento neoliberal de gastos públicos, por vinte anos, sem os quais a economia afunda em recessão, como faz o governo neoliberal antinacionalista. Produção de desemprego, via congelamento neoliberal, virou fábrica de violência social. Já são, depois do golpe de 2016, 26 milhões de desocupados, formais e informais. Haja cadeia!

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