CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
Moisés Mendes avatar

Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

754 artigos

blog

Projeto de Bolsonaro vai além de oito anos no poder

"Bolsonaro só pensa em se reeleger, mas não é só nisso que pensa. O sujeito dá sinais de que prepara o ambiente para ficar mais de oito anos no poder. Esse é o seu projeto", escreve o jornalista Moisés Mendes

Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno (ministro do GSI) e militares (Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil)
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Moisés Mendes, para o Jornalistas pela Democracia - Bolsonaro anda de moto porque tem certeza de que aqueles passeios transmitem uma mensagem. De alienação geral, de total alheamento dos dramas da pandemia e de negação das suas atribuições.

Um Bolsonaro adolescente se dedica a entreter seu público, porque seus eleitores querem mesmo vê-lo andando de moto, enquanto famílias de miseráveis gastam o que não têm para comprar e arrastar pelas ruas cilindros de oxigênio para salvar os parentes.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Não só em Manaus, muitos dos que arrastam cilindros pelas calçadas são ou foram seus eleitores.

Bolsonaro só pensa em se reeleger, mas não é só nisso que pensa. O sujeito dá sinais de que prepara o ambiente para ficar mais de oito anos no poder. Esse é o seu projeto.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

A megalomania de Bolsonaro o conduz a uma armadilha. Ele está certo de que pode governar como um déspota completo, porque por enquanto é um déspota pela metade.

Com 6 mil militares empregados, com a compra do centrão e do comando da Câmara e do Senado, a incapacidade da grande imprensa de derrubá-lo, com o Ministério Público do Rio sob controle, com o Supremo num vai-não-vai, com todo esse cenário, Bolsonaro e os filhos dele, mais os militares, já devem ter feito a aposta.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O genocida vai manter a corda esticada até onde der, para que a radicalização fidelize mais ainda seu público inarredável de 10% a 15%. Com afagos que faz em outros 15% nem tão fiéis, mas que lhe asseguram a aprovação hoje em 31%, segundo o Datafolha, consegue o que lhe dá algum conforto.

É só fazer uma boa gestão desse lastro político, não deixar Hamilton Mourão se soltar, interditar Lula no processo da suspeição de Moro, anunciar mais medidas que agradem a armamentistas e moralistas e, quem sabe, prorrogar um meio auxílio emergencial, para que as coisas não se alterem muito.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

E a vacina? É só continuar fazendo e falando uma coisa num dia e outra no diante seguinte e manter políticos, profissionais da saúde, população, Ministério Público e Judiciário em permanente debate sobre a confusão.

Bolsonaro parece que não é mais um homem acuado e passa a impressão de que mantém instituições, adversários e o povo sob controle.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O Supremo não o acossa mais, ministros da Corte antes inquietos hoje estão calmos, Rodrigo Maia pode ficar sem pai, sem mãe e sem irmãos do seu centro fofo, e as ruas têm apenas carreatas ainda sem força.

Assim Bolsonaro vai sonhando com o projeto de longo prazo, que deve compartilhar com os militares. Ele espera ser reeleito e preparar o ambiente para ficar além de quatro anos.

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

O projeto vale, mesmo sem Trump, se conseguir ou não conseguir a reeleição. Se conseguir, desejará virar o Lula da direita, com programas e a mesma base social do lulismo. Reeleito e com o controle de tudo, logo irá executar o plano para que não dependa mais de eleição.

Se não se reeleger em 2022, tentará o que Trump tentou. Um político racional talvez não tentasse. Mas a racionalidade de Bolsonaro o habilita apenas a coisas básicas.

É provável que o sonho do sujeito esteja sendo compartilhado com os que o sustentam no poder hoje (incluindo os militares) e sabem que a única forma de sobreviver e escapar da Justiça é delirar com um golpe e uma ditadura, não agora, porque o blefe falhou, mas logo ali na frente.

É uma hipótese maluca? Todas as loucuras deixaram de ser improváveis desde a eleição de Bolsonaro.

Só a vacina e seus efeitos no ânimo geral podem alterar os planos da extrema direita, se na sequência levar a classe média de volta às ruas. Por isso não há vacina. O resto é obviedade.

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247,apoie por Pix,inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Carregando os comentários...
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO

Cortes 247

CONTINUA APÓS O ANÚNCIO
CONTINUA APÓS O ANÚNCIO