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Evilázio Gonzaga Alves

Jornalista, publicitário e especialista em marketing e comunicação digital

48 artigos

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Provocações dos EUA levam o mundo à beira de uma guerra mundial

As provocações de Washington ameaçam jogar o mundo em uma guerra mundial, que ameaça a sobrevivência da humanidade

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante videconferência com presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Sochi 07/12/2021
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O Pentágono confirmou a presença de tropas dos EUA na Ucrânia e em Taiwan. As provocações de Washington, motivadas pela tentativa de estancar o declínio do império informal estadunidense, ameaçam jogar o mundo em uma guerra mundial, que ameaça a sobrevivência da humanidade.

AMEAÇA DE GUERRA É MAIOR QUE NA GUERRA FRIA

Atentos à verdadeira guerra que será travada no Brasil, com as eleições de 2022, os brasileiros não percebem que o mundo entrou em uma fase extremamente perigosa. O império informal estadunidense tenta recuperar a sua hegemonia mundial, com ameaças e provocações à China e Rússia, cada vez mais irresponsáveis. Aproveitando o aquecimento do ambiente geopolítico, Israel procura o apoio dos Estados Unidos, para enfraquecer e humilhar o Irã, que se for deixado em paz será em breve a principal potência regional do Oriente Médio, superando a importância do estado judeu.

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Ao adotar uma política imperial mais agressiva do que no governo Trump, Biden confirma que os verdadeiros guardiões do império informal dos EUA são os democratas. Os republicanos, apesar da oscilação moralista determinada pelo crescimento do fundamentalismo cristão no partido, sempre privilegiaram os negócios.

AGRESSIVIDADE DOS EUA É DESESPERO

A política internacional militarizada de Biden revela desespero e a renúncia à disputa econômica com a China. O país oriental provavelmente já é a maior economia do mundo e sem dúvida se tornou a oficina do planeta, sendo o mais potente parque industrial da Terra. O status alcançado pelos chineses no século XXI reativou a autoconfiança histórica do país, que ao longo da maior parte dos quatro mil anos de história registrada da humanidade, foi o local mais avançado do mundo. A percepção de que a China retoma seu lugar na história – após o que os chineses definem como os cem anos infelizes, quando as potências ocidentais humilharam o país – faz com que as elites (política, intelectual e econômica) chinesas rejeitem um novo período de submissão.

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Com relação à Rússia, provavelmente o que está em jogo é a questão energética. Uma mancha que vai das costas orientais do Mar Negro até o Himalaia contém as maiores reservas mundiais de petróleo, gás natural e carvão. Até o mundo conseguir tecnologia para promover um giro economicamente viável para energias sustentáveis, principalmente solar, as fontes térmicas continuarão sendo estratégicas, tanto nos aspectos econômicos, quanto militares.

Além do seu potencial energético, comprovado na finalização do gasoduto Nord Stream 2, para levar gás à Europa, a Rússia vem resistindo à submissão completa a uma Ordem Mundial hegemonizada pelos Estados Unidos. A recuperação econômica do país e o seu poder atômico equiparado com o dos EUA são os trunfos russos no grande jogo da geopolítica mundial.

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FUNDAMENTALISMO DEMOCRATA NÃO ADMITE O DECLÍNIO IMPERIAL

Independente das questões econômicas, o que move o desafio estadunidense à nova ordem multipolar, que vai estabelecendo um novo desenho para o planeta, é o fundamentalismo imperial da elite democrata, associada à ideologia ultrapassada do deep state, que controla as rédeas do poder nos EUA. A rigor o leitmotiv do fundamentalismo democrata e da concepção geoestratégica dos formuladores do deep state é irracional, o que é comum aos impérios em decadência, que tentam manter seu poder. Uma boa leitura sobre este assunto é o belo livro Ascensão e queda das grandes potências, de Paul Kennedy.

A estratégia estadunidense é muito perigosa. Ao fazer provocações nas fronteiras da Rússia e da China; no leste da Ucrânia, habitado por russos étnicos e em Taiwan, um território rebelde, reconhecido mundialmente como parte do território chines; os Estados Unidos correm o risco de uma guerra em duas frentes, longe de suas bases nacionais.

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A experiência alemã, em duas guerras, comprova que conflitos em duas frentes são temerários. A Guerra do Vietnã, por seu lado, indica que uma guerra contra um adversário aguerrido em seu próprio território é uma armadilha mortal.

Porém, no caso da possibilidade de um conflito dos Estados Unidos contra a China e a Rússia, a referência principal é o ótimo livro do historiador britânico Adam Tooze, O Preço da Destruição, sobre a Segunda Guerra Mundial.

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INDÚSTRIA É A PRINCIPAL ARMA DA GUERRA MODERNA

Tooze apresenta sólidos elementos, para revelar que a Alemanha não tinha qualquer possibilidade de vencer a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir do momento em que o evento se transformou em um conflito prolongado. Ele explica que as guerras modernas se transformaram em conflagrações industriais. O primeiro choque com esta característica foi a Guerra Civil dos EUA. Assim foi a Guerra da Criméia, os conflitos coloniais imperialistas e a Primeira Guerra Mundial.

Parte da elite militar germânica percebia esta realidade e, para driblar a possibilidade de confrontos demorados, que sabiam não ter condições de vencer, desde o período da República de Weimar, os estrategistas das Forças Armadas da Alemanha, passaram a se concentrar em táticas que poderiam levar a um desfecho rápido para o choque entre nações.

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Ironicamente, os alemães encontraram a solução, quando estabeleceram um acordo com a URSS, para testar seus novos equipamentos no território soviético, em troca de tecnologias avançadas. Treinando na União Soviética, nos anos de 1920, os alemães conheceram as táticas de operações em profundidade, desenvolvidas pelo Marechal Tukhachevsky, desenvolvidas na guerra civil, que se seguiu à Revolução Russa. A inspiração do militar soviético foi inspirada na guerra de movimento mongol, que evitava o choque frontal, contra forças adversárias, preferindo o flanqueamento para atacar pela retaguarda. 

O aprendizado levou o Estado Maior das Forças Armadas da Alemanha a procurar desenvolver soluções semelhantes. Tukhachevsky fundamentou os movimentos súbitos e vigorosos, para aproveitar fraquezas nas frentes adversárias, com a utilização de transporte ferroviário e cavalaria.

Os formuladores compreendiam o conceito, porém descartavam no cenário europeu o uso de ferrovias, pois nos pequenos espaços não permitiam flanqueamentos; assim como da cavalaria, que nos espaços confinados da Europa haviam sido dizimadas pelo poder de fogo industrial no início da Primeira Guerra.

A solução foi sugerida pelo General Heinz Guderian, quando propôs a utilização de grandes formações de tanques e aviões táticos, para realizar os grandes movimentos, substituindo a cavalaria. A eficiência das táticas impressionou o mundo e jornais estadunidenses a batizaram de Blitzkrieg.

Nos primeiros anos a Blitzkrieg varreu todos os adversários na Europa, inclusive o poderoso exército francês, considerado na época o mais potente do mundo.

Porém, a resistência britânica e a negativa do governo Churchill de negociar a paz, estendeu o conflito. Entusiasmados pelas espetaculares vitórias, a liderança nazista deixou de se preocupar com o prolongamento do conflito.

A autoconfiança excessiva levou ao ataque à União Soviética e, logo depois do início da Guerra contra dos Estados Unidos contra o Japão, o governo nazista declarou guerra aos estadunidenses.

Na virada de 1941 para 1942, a Alemanha estava enfrentando os três maiores aparatos industriais do mundo: Estados Unidos, União Soviética e Reino Unido.

Nesta época Stalin já havia se arrependido da perseguição a vários dos oficiais mais experientes e brilhantes do Exército Vermelho, como o General Rokossovsky; assim como competentes engenheiros, como Vladimir Mikhailovich Petlyakov, responsáveis pela fabricação de equipamentos que impressionaram os alemães e os aliados pela enorme qualidade.

O bom senso de Stalin, produzido pelo seu desespero, colocou na batalha os responsáveis pela interrupção da Blitzkrieg, na Batalha de Moscou, que terminou em janeiro de 1942. A partir deste episódio sangrento, a Alemanha já estava derrotada. Na medida em que União Soviético, Estados Unidos e Reino Unido jogaram todo o seu gigantesco peso industrial contra a capacidade fabril muito mais limitada do Terceiro Reich, os exércitos germânicos e seus aliados foram obrigados a um amargo recuo, até a queda de Berlim.

Evidentemente há registros da coragem dos soldados nos campos de batalha, da capacidade de comandantes, porém muito mais do que estes aspectos eminentemente militares, o que decidiu a Segunda Guerra Mundial foi a envergadura industrial.

Uma rápida comparação, que inclui o Japão, é bastante elucidativa. Produção de tanques, artilharia autopropulsada e veículos blindados e de transporte, aliados 4.358.649, Eixo 670.288; artilharia, morteiros e armas pesadas, aliados 6.792.696, Eixo 1.363.491; caças, bombardeiros e outras aeronaves militares, aliados 637.248, Eixo 229.331; Embarcações 54.932, Eixo 1.670. O único setor no qual o Eixo leva vantagem foi a produção de mísseis, foram construídos pouco mais de 47 mil, quantidade insuficiente para mudar o rumo do embate, além disso chegaram tarde e apresentavam problemas técnicos comuns a qualquer equipamento novo.

CINTURÃO DA FERRUGEM É SÍMBOLO DA DECADÊNCIA DOS EUA

Os Estados Unidos enfrentam o mesmo dilema do Terceiro Reich no conflito mundial. Desde as reformas neoliberais dos anos Reagan, nos anos 1980, a indústria estadunidense começou a ser corroída, as plantas industriais foram rapidamente transferidas para fora do seu território ou simplesmente abandonadas, na estratégia de privilegiar somente a marca. Com isso, marcas valiosas dos EUA, como Nike, Apple, Lewis, General Motors, Remington e muitas outras mantêm a fabricação dos seus produtos em outros países. O tradicional “cinturão do aço”, entre os Montes Apalache e as bacias dos rios Mississipi e Missouri, hoje é conhecido como “cinturão da ferrugem”; Detroit, a cidade símbolo da indústria automobilística; que orgulhava os EUA e foi rapidamente convertida para a produção militar, na Segunda Guerra Mundial; atualmente é um município falido.

Todos os equipamentos do poderoso arsenal bélico dos Estados Unidos, o maior que já houve na história, contêm componentes estrangeiros (inclusive fabricados na China), como o mais avançado avião de combate do país, o F 22; ou são inteiramente produzidos fora do território do país como os blindados de transportes de tropas Mowag Piranha, projetados e produzidos na Suíça. Caso os Estados Unidos percam conexões com a Coréia do Sul, Japão e, principalmente, Taiwan, sua máquina de guerra será paralisada por falta de reposição de artefatos eletrônicos, principalmente semicondutores, ou chips, a alma dos computadores.

É desnecessário explicar a potência da indústria chinesa atual. O país é absolutamente auto suficiente em todos os equipamentos para as suas forças armadas, que são produzidos em um ritmo muito maior do que é capaz toda a indústria ocidental reunida. Em termos tecnológicos, os chineses alcançaram ou superaram o patamar dos Estados Unidos. A capacidade de produção de novas armas em todos os campos, exército, marinha ou aeronáutica, é incomparável a qualquer outro país. Além disso, a capacidade de conversão da indústria chinesa para a produção militar, somente tem paralelo na Rússia – em menor escala.

Enquanto isso, a Rússia, após Putin, recuperou muito de sua potência industrial. Grande parte de suas empresas pilhadas pelos oligarcas criminosos, que vieram de dentro do próprio aparato estatal degenerado, foram estatizadas. As empresas de produção militar estavam entre as mais avançadas do mundo nos anos soviéticos. O governo russo recuperou a maior parte dos seus cérebros e reorganizou os fabricantes de equipamentos militares em uma grande holding, a Rosoboronexport, responsável por reequipar as forças armadas do país e vender no mercado internacional produtos bons, bonitos e baratos.

Com as provocações estadunidenses, que rasgaram acordos e aproximaram a OTAN das fronteiras russas, ameaçando a segurança do país, a convivência cordial entre a Rússia e o autodenominado “ocidente” (EUA e seus protetorados europeus, mais Austrália, Canadá e Japão), começou a ser corroída. A guerra híbrida, para instalar um regime favorável aos Estados Unidos na Ucrânia, país na fronteira russa e com imensas relações históricas com a Rússia, azedou de vez a relação entre o governo russo e os estadunidenses.

Para preservar sua segurança na estratégica região do Mar Negro, único acesso marítimo de águas quentes, a Rússia ocupou a Criméia – região conquistada aos tártaros mongóis e mantida como território russo em amargas guerras – e apoio os movimentos separatistas das populações de etnia russa no leste ucraniano.

A reação russa incomodou os Estados Unidos, que aparentemente esperavam a mesma atitude da Rússia, quando a OTAN promoveu a balcanização da Iugoslávia. Porém, a Rússia de Putin não é a mesma dos tempos vergonhosos do alcoólatra Yeltsin. Decepcionados, os estadunidenses adotaram sanções contra a Rússia, chegando ao absurdo de punir empresas de outros países que quisessem fazer negócios com o país.

A atitude agressiva se revelou um erro estratégico. A Rússia se empenhou em um vigoroso giro econômico para produzir internamente todos os equipamentos necessários, não somente para a sua indústria bélica, como também os destinados à sua indústria de base, como metalurgia, petróleo, gás e hardware de informática.

Porém o resultado mais importante do equívoco estratégico dos Estados Unidos foi promover a aproximação e o estabelecimento de uma aliança entre a China e a Rússia. O primeiro é a maior base industrial do mundo e o segundo é divide com os EUA o status de principal potência nuclear do planeta.

DOUTRINA AGRESSIVA DO IMPÉRIO ATINGE O LIMITE

Outro aspecto relevante na percepção do cenário é a diferença de doutrinas militares. Os Estados Unidos são uma potência agressiva e seu armamento é projetado para a agressão em territórios distantes do país. Além disso, o poder militar do país é dominado pelo complexo financeiro/industrial/militar. O objetivo central deste complexo é dinheiro, não a eficácia. Para isso é necessário o projeto de armas cada vez mais caras, que necessariamente não são as mais adequadas para a guerra real. Essas armas bilionárias podem ser úteis contra potências de quinta categoria como o Iraque, porém é questionável sua eficiência contra forças armadas de países grandes, populosos, bem equipados, com militares muito mais bem treinados e com melhor preparo, como China e Rússia.

Se a prioridade de quem manda nos Estados Unidos é projetar força e fazer dinheiro com o negócio das armas, no caso de seus adversários predomina a doutrina defensiva. Cada centavo investido por China e Rússia prevê dotar suas forças armadas do armamento mais eficiente para a defesa dos seus interesses territoriais. Esta doutrina pode resultar em movimentos que levem à ocupação do Leste da Ucrânia ou de Taiwan, porém estes seriam efeitos colaterais.

A China não tem interesse em uma invasão de Taiwan, porque a proverbial paciência chinesa considera que cedo ou tarde a ilha voltará a ser parte do país de maneira pacífica, por uma questão econômica. Aliás, atualmente a economia taiwanesa já é completamente integrada à chinesa. A situação é tal que Taiwan pode viver sem os Estados Unidos, mas não pode viver sem a China, pois as relações econômicas com a última são incomparavelmente maiores do que com os estadunidenses.

Na Europa Oriental, a Rússia também não tem interesse em invadir a Ucrânia. Podem falar o que quiserem de Putin, porém ele é um dirigente inteligente, racional e ponderado. A Rússia já demonstrou que preferia uma Ucrânia mais próxima, porém não há nada a ganhar e muito a perder com uma invasão. Obviamente os russos vão defender os ucranianos rebeldes do Leste, no caso de uma agressão da Ucrânia ou da OTAN, porém somente se disporão a operações calculadas, cuidadosas e certamente encobertas, para evitar a expansão do conflito.

Tanto a Rússia, quanto a China, somente irão à guerra aberta contra os Estados Unidos no caso de um ataque direto contra seus territórios ou ativos militares no estrangeiro (Síria, África, ilhas no Mar do Sul da China). Neste caso manterão suas operações militares nas proximidades de suas bases nacionais, de onde poderão causar danos consideráveis às ameaças estadunidenses.

Evidentemente China e Rússia não consideram em princípio a opção nuclear, que somente será empregada, caso os EUA atirem primeiro. Neste caso, o futuro será terrível para o que sobrar da humanidade, se restar alguma coisa.

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