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Décio Lima

Presidente do Sebrae Nacional

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PT: 37 anos e o balanço de uma utopia

Poderíamos dizer que o saldo da trajetória do PT, apesar de todas as contradições e erros próprios da prática na vida real, foi uma atuação fundamental, com outras forças do campo democrático, na construção de um Brasil mais justo e moderno e que realizamos parte importante de nossa utopia original

PT ABCD paulista (Foto: Décio Lima)
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Nesta sexta feira, 10 de fevereiro, o Partido dos Trabalhadores completa 37 anos de existência. O futuro do PT e seus próximos passos, em um cenário em que a Democracia foi sequestrada, o Estado de direito violado e uma elite de cleptocratas se instalou no poder federal, serão objeto de debate nos dias que virão, e nos quais acontecerá o Congresso Nacional do Partido. Valem, no entanto, algumas considerações sobre os caminhos percorridos até aqui. Obviamente o balanço da trajetória do PT é e será objeto de debates intensos por muitos anos num balanço que se dará por vários métodos, hipóteses e pontos de vista diferentes, e consequentemente com resultados diversos. Isso só confirma o óbvio, com o qual suponho concordarem atá seus adversários mais ferozes, o PT é um dos acontecimentos mais significativos da história brasileira contemporânea.

Acredito que um dos muitos caminhos possíveis para uma avaliação é confrontar as tarefas que se colocou o Partido quando de sua fundação e quanto progrediu em sua realização até o presente momento. No caso específico do PT me parece válido perguntar o quanto foi realizado de suas utopias originais. Encontra-se nessa pergunta a régua de uma das mais importantes virtudes na política, a coerência. Medida não no terreno movediço e obscuro da tática cotidiana e sim pelas realizações da estratégia em um período mais longo, 37 anos neste caso.

O PT foi forjado no encontro de forças que lutavam pelo fim da ditadura, na segunda metade dos anos de 1970, com um pujante e combativo movimento sindical que florescia sob a liderança de Lula, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Filho das classes populares, empobrecidas e brutalizadas por uma ditadura que se arrastava por quase duas décadas, além de trazer em sua própria carne as feridas do povo nordestino. As tarefas que o jovem Partido se propunha não poderiam ser outras: dar voz e representação política aos trabalhadores, construir e consolidar a democracia brasileira e tornar o Brasil um país socialmente justo. A síntese de tais objetivos estratégicos em uma bandeira política concreta foi feita por Lula. Perguntado, durante a década fundacional do PT, sobre os objetivos do partido que nascia, Lula costumava repetir que a grande tarefa histórica colocada era garantir que todo brasileiro pudesse realizar três refeições por dia.

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O projeto de modernização conservadora e excludente, que teve início com os militares e que persistiu firme através dos governos que se seguiram até 2002 fez com que o Brasil adentrasse no século XXI como uma nação de miseráveis, um país em que cinco crianças morriam por minuto, a maioria por males relacionados a fome, e 36 milhões de pessoas vivam abaixo da linha de miséria.

Durante duas décadas o PT lutou, das mais variadas formas, para diminuir os efeitos nefastos de governos neoliberais que se sucediam no saque ao patrimônio público e no empobrecimento de amplos setores da sociedade brasileira. Em 2002 chegamos ao Governo Federal.O Brasil sem fome, reivindicado por Lula vinte anos antes, permanecia, ao início do primeiro governo, algo difícil de imaginar. Este ainda era o país dos cemitérios de anjos, localidades do interior em que eram sepultadas as crianças vitimadas pela fome, das filas de migrantes que fluíam e refluíam do Nordeste, perecendo nos caminhos e nas chegadas, de um exército de despossuídos que vagava sem amparo e submerso na miséria mais medonha. O conjunto de políticas públicas implantadas pelos governos petistas, amadurecido dentro no PT durante vinte anos, engendrou um novo País.

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Desacreditando da desesperança e contrariando as leituras de um Brasil pequeno, nossos governos, com todas as suas contradições, apostaram em uma nação capaz de amparar os seus filhos. Através de uma política distributiva que priorizou a valorização do salário-mínimo e articulou um conjunto nunca imaginado de políticas sociais compensatórias, nós resgatamos aproximadamente 40 milhões de brasileiros da miséria e, ao fazer isto, ainda proporcionamos as condições para um ciclo de desenvolvimento que permitiu o acesso de metade da nação ao mercado de consumo, tornou o País uma potência política e econômica e fez do Brasil uma referência mundial.

Ao fim poderíamos dizer que o saldo da trajetória do PT, apesar de todas as contradições e erros próprios da prática na vida real, foi uma atuação fundamental, com outras forças do campo democrático, na construção de um Brasil mais justo e moderno e que realizamos parte importante de nossa utopia original. Infelizmente a história não caminha em linha reta. Com o advento do golpe, sofrido pela democracia brasileira, somo lembrados que futuro e passado se entrelaçam no presente e a manutenção dos importantíssimos avanços obtidos no tempo que foi estão implicados na disputa pelo tempo que virá.

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