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Arnóbio Rocha

Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

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PT e seus 45 anos de história

Viva a classe trabalhadora e o povo brasileiro, e viva o PT, o seu Partido

Luiz Inácio Lula da Silva e Partido dos Trabalhadores (Foto: Alessandro Dantas | ABr)

O PT chega aos 45 anos com muita energia, maturidade e força.

Claro que carrega o peso e as marcas de uma trajetória longa e incomum de um Partido Político no Brasil, talvez um dos poucos entre os grandes que se mantém com influência por tanto tempo, que passou por enormes crises, ataques e resistiu, estabelecendo-se no imaginário popular e na ligação com o Brasil - aliás, contra todas as previsões de que teria “fim em breve” (desde sua fundação), por gente de Direita e Esquerda.

O PT continua vivo e, por muita teimosia e contradições, segue sendo o partido mais importante da história do Brasil, o que é um feito no país. Com exceção do PC do B (parte PCB, parte PC do B), é o partido mais longevo do Brasil.

Vale reprisar o que escrevi algumas vezes sobre o surgimento, sua história e a sua trajetória incomum do PT:

“O Partido dos Trabalhadores (PT) completando 42 anos de vida significa a vitória da construção mais original da história dos partidos brasileiros. Nascido de um amplo movimento especial que reuniu os setores mais avançados da classe trabalhadora, sindicalistas, as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) da Igreja Católica, intelectuais da academia e do meio artístico e grupos de esquerda trotskistas e de não stalinistas, tornou-se um dos mais importantes instrumentos políticos do Brasil desde sua fundação. O PT nasceu como partido de massas, com estreitos vínculos com os movimentos sociais, sindicais, no campo e na cidade, no reflorescimento das lutas políticas e sociais contra a Ditadura Civil-Militar, em meio às greves da classe operária e como movimento alternativo aos antigos PCs e suas táticas de conciliação de classes. As tendências e a Democracia interna, sem centralismo formal e burocrático, foram um marco na esquerda brasileira. O PT surgiu como força política que disputaria a hegemonia na Esquerda e na sociedade e elegeu deputados, prefeitos, já na suas primeiras experiências eleitorais”. 

Seu crescimento espantoso, logo no seu começo nos anos de 1980:

“A campanha pelas Diretas Já e depois o boicote à escolha indireta do presidente em 1985 foram fundamentais para o reconhecimento do PT como o partido diferente dos demais no cenário brasileiro. O PT foi a força principal na construção da Central Única dos Trabalhadores e na formação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), foi importante na construção das oposições sindicais contra o peleguismo e o alinhamento patronal, frutos da ditadura. As vitoriosas campanhas para prefeituras de capitais, como Fortaleza (1985) e São Paulo (1988), depois a disputa eleitoral de 1989, fazem parte de um momento histórico e de grande ruptura dos anos de 1980, em que o PT se firmou como a mais importante força política da esquerda brasileira e de partidos em geral, que se preparava para vencer disputas maiores".

Nem mesmo os ventos de retrocesso com a queda do leste europeu foram capazes de impedir o crescimento e a consolidação do PT, que fez uma mudança de curso e soube sobreviver e se adaptar à dura realidade pós 1989:

"A queda do muro de Berlim e do leste europeu teve enorme impacto na esquerda no mundo e no Brasil. O Capital passou à extrema ofensiva política e ideológica e praticamente todos os antigos Partidos Comunistas se esfacelaram ou assumiram posições sociais democratas diante do neoliberalismo que se impôs como nova ordem - poucos sobreviveram com influência real na sociedade. O PT fez sua inflexão política: o discurso mais radical e anticapitalista cedeu espaço para uma visão pragmática e de manutenção das lutas nos marcos do Capitalismo, uma visão de centro-esquerda, com referência na Social Democracia, mas de difícil implementação num país como o Brasil. Essa contradição impulsiona e cria impasses históricos. A máquina eleitoral em que se transformou o PT nos anos de 1990, com presença em todos os cantos de um país continental, levou-o às quatro vitórias seguidas nas eleições gerais para presidente e de governadores de estado. Desde 1989, o PT disputou e chegou ou à vitória ou em segundo lugar em todas as eleições gerais. Essa força política tem o poder de atração muito além daquele núcleo inicial dos anos de 1980. A consolidação do PT, com todas as suas contradições, acertos e erros, transformaram o partido num bloco de resistência da classe trabalhadora e do povo contra o Capital. Ainda que sua direção (envelhecida) tenha procurado seguidamente a conciliação e a administração responsável do Estado Burguês, a base e as expectativas de ruptura contra ele permanecem em tensionamento histórico".

As vitórias eleitorais e seus 4 governos (um inconcluso pelo GOLPE), os ferozes ataques articulados, a prisão de Lula e seu retorno quase mitológico, tudo isso acrescenta mais glória à história do PT e de seu maior líder, Lula:

"A saga de Lula será lida no futuro como uma das mais extraordinárias da história, não apenas do Brasil, mas do mundo, está na galeria de homens como Mandela, com trajetórias que desafiam a lógica, tempo e lugar. Depois de 6 anos, 7 meses e 14 dias (2116 dias), o PT voltou ao governo central. Quem poderia imaginar uma reviravolta dessas? Nesse meio-tempo, Lula, seu maior líder e de novo eleito Presidente, foi preso por 580 dias e tinha sido vítima da mais infame perseguição já vista num país; num tempo de Democracia, sua imagem, sua vida pessoal, seus familiares, seus amigos e companheiros foram expostos e perseguidos, uma sanha terrível de vingança e destruição em vida".

Viva a classe trabalhadora e o povo brasileiro, e viva o PT, o seu Partido.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.