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Ricardo Kotscho

Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.

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PT espera libertação de Lula. Lula espera mobilização do PT. O que virá antes?

"No último discurso em frente ao sindicato, antes de ser preso pela Polícia Federal de Moro, Lula falou que não era mais apenas um homem, mas uma ideia", diz Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia; "É essa ideia que ele gostaria fosse levada pelo PT de casa em casa, num trabalho de formiguinha, aos corações e às mentes de um povo desencantado, já quase sem esperanças, como ele e meia duzia de sonhadores fizeram na criação do partido", afirma; "É difícil saber o que virá antes, a libertação de Lula ou a mobilização da sociedade"

PT espera libertação de Lula. Lula espera mobilização do PT. O que virá antes? (Foto: Rafael Ribeiro)
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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia

Neste domingo de Páscoa, não por acaso, me veio à lembrança a velha história do ovo e da galinha.

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O ovo, no caso, é Lula e, a galinha, a esquerda brasileira. Mais adiante explico o que quero dizer com isso.

Estava começando a escrever este texto quando me ligou o velho companheiro Frei Chico, irmão mais velho de Lula, que esteve com ele na quinta-feira em sua cela de Curitiba.

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Os dois irmãos lembraram histórias engraçadas dos tempos da criação do PT, quase 40 anos atrás, quando o país estava começando a sair da ditadura do século passado.

A história que Lula lhe contou, hoje pode parecer engraçada, uma fantasia dos tempos românticos do PT, mas mostra como já naquela época era difícil mobilizar as pessoas.

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Numa cidadezinha do interior do Pará, que estava percorrendo para fundar diretórios do PT, Lula passou horas procurando o contato que lhe indicaram, mas não achava.

Junto com Jacó Bittar, seu fiel parceiro, ele resolveu entrar num bar em busca de informações.

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Fazia muito calor, pediram água e uma cachacinha, claro, e começaram a bater um papo com o dono do boteco sobre a vida no lugar.

Conversa vai, conversa vem, o taberneiro assinou a ficha de filiação do partido, tendo Lula e Bittar como testemunhas. Estava fundado mais um diretório do PT.

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“No começo, a gente se reunia com duas, três pessoas. Demorava para reunir 30 ou 40, mas assim o partido começou a crescer, a se espalhar pelo país”, lembra Chico.

Lula era o ovo original e as galinhas começaram a chocar pintinhos, que foram se multiplicando com o tempo e formaram o maior partido do país.

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Agora, se depender de Lula, como me contou o Chico, é hora de começar tudo outra vez.

Sem condições no momento de organizar grandes manifestações pela libertação de Lula e contra o governo que está destruindo o país, o ex-presidente acha que a mobilização tem que ser feita outra vez falando “olho no olho” com a população, de casa em casa, de sindicato em sindicato, de igreja em igreja.

Com a esquerda desarticulada, sem lideranças e sem bandeiras, Lula acha que só reconstruindo o PT a partir das bases, como foi na origem, será possível criar um novo movimento de massas para defender o que sobrou da soberania e do patrimônio nacional.

Aos 73 anos, curado de um câncer, depois de perder a mulher, o melhor amigo, o irmão mais velho e um neto, em pouco tempo, Chico garante que Lula está bem, acompanhando tudo o que se passa no seu partido e no país, com a disposição de quando começou essa história.

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O “nego véio”, como ele chamava e era chamado pelos amigos, nunca foi de jogar a toalha.

Ao contrário, quanto maiores as dificuldades, mais ele se anima a enfrentar o destino que o jogou na cadeia.

Lula sabe que não deve esperar muito da Justiça para voltar às ruas.

Afinal, não foi para isso que deram o golpe em 2016, que o jogou na cela e levou Jair Bolsonaro à presidência.

No último discurso em frente ao sindicato, antes de ser preso pela Polícia Federal de Moro, Lula falou que não era mais apenas um homem, mas uma ideia.

É essa ideia que ele gostaria fosse levada pelo PT de casa em casa, num trabalho de formiguinha, aos corações e às mentes de um povo desencantado, já quase sem esperanças, como ele e meia duzia de sonhadores fizeram na criação do partido.

É difícil saber o que virá antes, a libertação de Lula ou a mobilização da sociedade.

Nestas últimas quatro décadas, ganhando ou perdendo, preso ou solto, no Palácio do Planalto ou nas ruas de cidadezinhas no interior do Pará, o destino de Lula sempre esteve umbilicalmente ligado à vida política e à do povo brasileiro.

O fato político mais importante da próxima semana deverá ser a entrevista de Lula, finalmente liberada, aos repórteres Florestan Fernandes Junior, do El País, e Mônica Bergamo, da Folha.

Não esperem dele uma declaração de guerra aos que o prenderam sem provas para rifar o país,

De Lula sempre se pode esperar um alento, uma palavra de fé, um apelo pela pacificação do país, uma esperança para sairmos desse buraco sem fundo.

É por isso que eles têm tanto medo de Lula livre.

Boa Páscoa!

Vida que segue.

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