Punição, enfim, para um acúmulo de barbaridades
A Justiça e as forças progressistas venceram uma importante batalha
Ao final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, em setembro deste ano, e depois da sua condenação pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal, o ministro Flavio Dino, do STF, declarou: “O que aconteceu aqui foi um check-up da democracia”. Ao que a ministra Carmen Lucia respondeu: “O julgamento, então, foi o remédio e é bom que dure porque a recidiva não será boa”.
A guerra contra o fascismo não foi vencida e será dura, mas certamente a Justiça e as forças progressistas venceram uma importante batalha contra um projeto antidemocrático, racista, misógino, intolerante, autoritário, preconceituoso e negacionista de um grupo golpista. Com a prisão do ex-presidente fecha-se agora um ciclo que, na minha opinião, teve início durante a sessão do Congresso que determinou o impeachment da ex-presidenta, quando o então deputado Bolsonaro fez uma homenagem ao torturador Brilhante Ustra, “o terror de Dilma Roussef”.
Naquele momento não houve punição alguma àquela fala que exaltava os crimes da ditadura. A ela foram se somando outros pronunciamentos igualmente antidemocráticos, ditos antes e depois desse acontecimento, que teceram a teia autoritária e fascista em torno de Bolsonaro. Ele apoiou uma guerra civil no Brasil, defendeu o fechamento do Congresso, falou em matar 30 mil brasileiros, divulgou live sobre intervenção militar e afirmou em discurso que não obedeceria às ordens do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Foi deixando suas digitais em ataques às mulheres (disse, por exemplo, que a deputada Maria do Rosário não merecia ser estuprada), em falas preconceituosas contra o povo LGBTQIA+ (prefiro filho morto em acidente a um homossexual), em pronunciamentos racistas (como fez no Clube Hebraica, no Rio, quando disse que negros sequer serviam para procriar), em ataques aos direitos indígenas e na defesa da ditadura.
As barbaridades foram se acumulando. Hoje, Bolsonaro teve prisão preventiva decretada porque, segundo circula, tentou se livrar da tornozeleira eletrônica com material de solda, ou porque seu filho Flavio convocou uma vigília em frente a seu condomínio que podia criar tumulto ou facilitar uma possível fuga.
Quando ocorrer a prisão definitiva pelos cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro será, finalmente, punido. Pelo golpismo e não diretamente pelas atrocidades e ofensas criminosas contidas em seus discursos. Mas sua retirada de circulação lava a alma de todos que tiveram que ouvir calados ou impotentes a uma falação imoral e perversa.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




