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Washington Araújo

Mestre em Cinema, psicanalista, jornalista e conferencista, é autor de 19 livros publicados em diversos países. Professor de Comunicação, Sociologia, Geopolítica e Ética, tem mais de duas décadas de experiência na Secretaria-Geral da Mesa do Senado Federal. Especialista em IA, redes sociais e cultura global, atua na reflexão crítica sobre políticas públicas e direitos humanos. Produz o Podcast 1844 no Spotify e edita o site palavrafilmada.com.

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"Putin está louco", diz Trump; russo alerta para risco de 3ª Guerra Mundial

Um conflito entre potências nucleares como EUA e Rússia poderia desencadear uma catástrofe global, com consequências que ultrapassam fronteiras e gerações

Explosão de bomba de hidrogênio (Foto: Departamento de Energia dos EUA/Reuters)

Nos últimos três dias, a escalada de tensões entre Estados Unidos e Rússia atingiu um patamar crítico. As declarações inflamadas de Donald Trump e as respostas agressivas de autoridades russas alimentam o conflito. Em 27 de maio de 2025, Trump acusou Vladimir Putin de “brincar com fogo” ao intensificar os ataques na Ucrânia. Os bombardeios registraram 367 drones e mísseis em 25 de maio e 355 drones no dia seguinte.

Frustrado com o fracasso das negociações de paz, Trump ameaçou sanções mais duras. Ele havia prometido resolver o conflito “em 24 horas” durante sua campanha. Contudo, reconhece que a Rússia, adaptada às restrições econômicas, sofre pouco impacto imediato.

Em resposta, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança russo, alertou para o risco de uma “Terceira Guerra Mundial”. Ele interpretou as palavras de Trump como uma ameaça existencial. O Kremlin, por meio de Dmitry Peskov, acusou a Ucrânia de provocações. Também criticou o apoio militar europeu, classificando-o como “participação indireta” no conflito.

Putin mantém a retórica de abertura ao diálogo, mas rejeita concessões. Ele exige a neutralidade da Ucrânia e o controle de territórios ocupados. Esse impasse diplomático, com Trump pressionando por um cessar-fogo e Putin intensificando ações militares, é alarmante.

A revisão da doutrina nuclear russa de 2024, que flexibiliza o uso de armas atômicas, agrava a situação. A menção a uma Terceira Guerra Mundial não é retórica vazia. Um conflito entre potências nucleares como EUA e Rússia poderia desencadear uma catástrofe global, com consequências que ultrapassam fronteiras e gerações.

Em um momento de crises globais entrelaçadas, a humanidade enfrenta uma escolha crítica. O documento “A Promessa da Paz Mundial”, emitido pela Casa Universal de Justiça em outubro de 1985, destaca essa urgência. Intitulado “Aos Povos do Mundo”, foi entregue a mais de 100 governantes entre 1985 e 1986. Ele afirmou: “A Grande Paz […] está agora finalmente ao alcance das nações.”

Este texto histórico, mais relevante hoje, alerta que falhar em conter conflitos seria “inescrupulosamente irresponsável”. É um chamado à ação que ressoa frente às atuais tensões.

Hiroshima e Nagasaki: o legado do horror - Em agosto de 1945, os EUA lançaram bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Esse evento marcou um divisor de águas na história. Em 6 de agosto, “Little Boy” explodiu sobre Hiroshima, com energia equivalente a 15 mil toneladas de TNT. A explosão matou 80 mil pessoas instantaneamente.

Três dias depois, “Fat Man” devastou Nagasaki, ceifando 40 mil vidas no impacto inicial. Até o fim do ano, mais de 200 mil morreram. Sobreviventes enfrentaram câncer, mutações genéticas e traumas profundos. As explosões incineraram cidades, deixando cicatrizes permanentes.

A tecnologia militar evoluiu dramaticamente desde então. EUA e Rússia possuem arsenais com milhares de ogivas termonucleares. Esses são complementados por mísseis hipersônicos, bombas teleguiadas e drones com inteligência artificial, como os usados na Ucrânia.

Essas inovações permitem ataques precisos a milhares de quilômetros. Elas amplificam o potencial de destruição global. “A Promessa da Paz Mundial” previa esse momento, afirmando que “a paz mundial não é apenas possível, mas inevitável”. Contudo, questionava se seria alcançada por escolha deliberada ou após “horrores inimagináveis”.

Quase quatro décadas depois, suas palavras ecoam como um alerta. A unidade é essencial para evitar a catástrofe.

Os limites da contenção - Um confronto nuclear entre EUA e Rússia não se limitaria a esses países. Também não ficaria restrito à região em conflito. A radiação, cinzas e poluentes de uma detonação moderna alterariam o clima global. Isso desencadearia um “inverno nuclear” que devastaria colheitas, ecossistemas e bilhões de vidas.

Infraestruturas críticas — energia, saúde, transporte — colapsariam. As perdas materiais seriam incalculáveis. Mesmo um conflito “restrito” teria impactos transcontinentais, afetando nações neutras.

O cenário é agravado pela existência de outras potências nucleares. China, Reino Unido, França, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte também possuem armas atômicas. Em um conflito global, essas nações seriam pressionadas a escolher lados. Alianças, interesses econômicos ou ameaças diretas influenciariam suas decisões.

A OTAN poderia envolver a Europa. Aliados da Rússia, como China ou Irã, escalariam a crise em outras frentes. A interconexão global torna impossível isolar os danos. Qualquer escalada é uma ameaça à civilização.

“A Promessa da Paz Mundial” reconhece essa interdependência. Ela destaca que a humanidade, pela primeira vez, pode enxergar o planeta como um todo. Essa perspectiva unificada torna a paz uma necessidade urgente para a sobrevivência coletiva.

Conflitos globais: a paz mundial sob ameaça - Além do conflito na Ucrânia, outros focos de violência desafiam a estabilidade global. Na África, a região do Sahel enfrenta crises crescentes. Em 2023, o conflito no Sudão resultou em mais de 12 mil mortes. Também deslocou 7,7 milhões de pessoas, segundo o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED).

Na República Democrática do Congo, confrontos entre o governo e o grupo M23 causaram 4 mil mortes em 2024. O conflito deslocou 2,5 milhões de pessoas, conforme relatório da ONU. Esses conflitos são agravados por instabilidade política e mudanças climáticas. Eles alimentam crises humanitárias e tensões regionais.

No Oriente Médio, a guerra em Gaza permanece devastadora. Desde outubro de 2023, mais de 23 mil pessoas morreram em Gaza, com 71 mil feridos, segundo a ACLED. O conflito, envolvendo Israel e grupos como o Hamas, ameaça escalar para uma guerra regional. Atores como Irã e Hezbollah podem se envolver.

A Síria, assolada por uma guerra civil, já perdeu mais de 350 mil vidas desde 2011, segundo a ONU. Em 2024, ataques em áreas costeiras mataram mais de mil civis, conforme o Instituto de Paz dos EUA. Esses números refletem a fragilidade da paz global.

Em 2024, o mundo registrou 56 conflitos armados. Esse é o maior número desde a Segunda Guerra Mundial, envolvendo 92 países, segundo o Vision of Humanity. As mortes relacionadas a conflitos no primeiro quadrimestre de 2024 atingiram 47 mil. Se o ritmo persistir, pode superar o recorde desde o genocídio de Ruanda em 1994.

A voz da ONU em defesa da paz - O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, tem alertado para a urgência da paz. Em 19 de janeiro de 2025, ele declarou ao Conselho de Segurança: “A estabilidade no Oriente Médio exige ações irreversíveis para uma solução de dois Estados, com Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz e segurança, conforme o direito internacional e resoluções da ONU.”

Em 24 de julho de 2023, lançando a Nova Agenda para a Paz, Guterres afirmou: “Se cada país cumprisse suas obrigações sob a Carta da ONU, o direito à paz seria garantido. A ONU deve estar no centro desses esforços.” Essas palavras reforçam a necessidade de diplomacia e cooperação. O mundo está à beira do colapso.

Um novo precipício global? - A retórica beligerante entre Trump e Putin é alarmante. Conflitos na África e no Oriente Médio agravam a situação. A humanidade enfrenta um momento de risco sem paralelo desde a Crise dos Mísseis de 1962. O horror de Hiroshima e Nagasaki seria superado por um conflito moderno. Armas atuais podem aniquilar cidades em minutos.

A interdependência econômica e a memória histórica oferecem alguma esperança de contenção. Contudo, a janela para a diplomacia se estreita. Cada declaração, cada drone, cada sanção eleva o perigo de um erro fatal.

“A Promessa da Paz Mundial” nos lembra que “a paz é o próximo estágio na evolução deste planeta — a planetização da humanidade”. Sua conquista depende de um ato coletivo de vontade. A questão é se aprendemos com 1945 ou se caminhamos para um abismo.

Este artigo expõe a gravidade do momento, mas também apela à reflexão. Diante das tensões globais, cada indivíduo, líder e nação deve ponderar seu papel. Construir um futuro pacífico é uma responsabilidade compartilhada.

Ignorar esse chamado é trair as gerações futuras. A história nos adverte; a escolha, como enfatiza o documento de 1985, é nossa. Que este texto seja um convite à ação. A paz não é um sonho distante, mas uma necessidade urgente.

Que cada leitor, ao fechar estas linhas, questione: o que posso fazer para evitar que o próximo conflito apague nossa humanidade?

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.