Quaest: Lula mantém vantagem entre independentes
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa Quaest divulgada ontem é a estratificação do eleitorado por posicionamento político
Um dos aspectos mais interessantes da pesquisa Quaest divulgada ontem é a estratificação do eleitorado por posicionamento político.
O Brasil tem, grosso modo, três grandes grupos ideológicos. O eleitorado é dividido em esquerda, independentes e direita, cada um correspondendo a um terço do eleitorado, ou aproximadamente 50 milhões de eleitores cada um.
O eleitorado de esquerda tende a votar em Lula, e o eleitorado de direita num candidato apoiado por Bolsonaro.
Os independentes são o fiel da balança.
Mas há nuances interessantes. O eleitorado de esquerda parece mais alinhado à candidatura de Lula do que a direita à candidatura de Flávio Bolsonaro. Temos 19% de esquerda lulista contra apenas 12% de direita bolsonarista. Além desses, temos 14% de esquerda não-lulista e 21% de direita não bolsonarista.
Primeiro turno: Flávio deixa Tarcísio comendo poeira
Em cenários de primeiro turno, a força eleitoral de Flávio Bolsonaro diante de outros nomes da direita aparece de forma ainda mais nítida.
No cenário 2, em que Flávio Bolsonaro e Tarcísio de Freitas aparecem juntos na cédula, a disparidade é expressiva: Flávio marca 23%, enquanto Tarcísio fica em apenas 10% — ou seja, Flávio tem mais que o dobro das intenções de voto do governador paulista.
O desempenho fraco de Tarcísio fica ainda mais evidente quando comparado ao cenário 1, em que Flávio Bolsonaro disputa espaço com Ratinho Júnior, governador do Paraná. Nesse cenário, Ratinho alcança 13%, superando com folga os 10% de Tarcísio no cenário seguinte. Mesmo assim, Flávio mantém seus 23%, consolidando-se como o principal polo da direita.
Ao mesmo tempo, em ambos os cenários, Lula aparece com uma vantagem confortável na liderança. No cenário 1, ele marca 39%, e no cenário 2 chega a 41%, abrindo uma diferença de 16 a 18 pontos em relação ao segundo colocado, Flávio Bolsonaro, que permanece estável em 23%. Isso indica que, apesar da consolidação de Flávio como o nome mais forte da direita no primeiro turno, Lula segue com ampla dianteira no topo da disputa.
Aprovação geral do governo
A aprovação geral do governo Lula na pesquisa Genial Quaest chegou a 48% em dezembro, oscilando um ponto para cima em relação a novembro, um crescimento de oito pontos sobre maio, o mês em que a aprovação havia chegado em seu patamar mais baixo.
A recuperação dos últimos meses pode ser explicada pelo esvaziamento da pequena crise inflacionária dos alimentos, observada no primeiro semestre de 2025. De junho a dezembro, a aprovação oscilou entre 43% e 48%, indicando que o governo encontrou um patamar mais seguro.
Entre os lulistas, a aprovação chegou a 94% em dezembro, o maior índice da série. Na esquerda não-lulista, a aprovação cresceu para 87%. Entre seus próprios eleitores no segundo turno, a aprovação de Lula está fechando o ano em 83%. Os dados sinalizam que Lula manteve sua base social relativamente satisfeita com seu governo.
A aprovação ao governo Lula entre homens cresceu para 45%, oscilando dois pontos para cima. A opinião masculina costuma antecipar tendências, em função do maior grau de engamento político entre homens, de maneira o desempenho de Lula nesse estrato sinaliza melhora na aprovação nas próximas pesquisas.
Na faixa etária de 35 a 59 anos, que é historicamente mais bolsonarista, o governo cresceu 5 pontos, atingindo 52%, o que também é um ótimo sinal para o presidente Lula.
O dado mais importante de todos, porém, é que Lula voltou a pontuar muito fortemente entre famílias de baixa renda, que é a sua principal base social. Segundo a Quaest, Lula atingiu 58% de aprovação entre famílias com até dois salários mínimos em dezembro, o maior índice dessa faixa de renda desde agosto.
Essa recuperação entre os mais pobres está provavelmente ligada ao controle da inflação, sobretudo dos preços de alimentos e energia.
Segundo os dados mais recentes do IBGE, com base no IPCA de novembro, a inflação dos alimentos em domicílio caiu para apenas 2,48% no acumulado em 12 meses — um patamar muito distante dos 7% a 8% registrados durante a maior parte do ano. A tendência de queda tornou-se mais evidente a partir de setembro.
Com a melhora no poder de compra das famílias mais pobres, o governo conseguiu reverter a crise de aprovação que o atingiu no primeiro semestre.
Clique aqui para baixar o relatório da pesquisa Quaest de dezembro de 2025.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

