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Denise Assis

Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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Quando o carnaval passar

"Bolsonaro aposta na deterioração das relações entre governadores e suas tropas de policiais militares e unidades do Corpo de Bombeiros", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "É do seu interesse estabelecer o caos para justificar aquilo que ele aguarda e acha que sabe fazer: promover uma convulsão social que justifique apelar às tropas"

(Foto: ADRIANO MACHADO - REUTERS)
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Por Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia

Quando Jair Bolsonaro ampliou o alcance dos que poderiam se armar no país deu alguns recados: “defendam-se” – ou o Estado vai repassar para vocês a responsabilidade pela segurança. “Engulam-se” – ou matem-se, desde que tenham uma boa justificativa. E, por fim, “organizem-se”, pois vamos precisar de vocês assim que eu sinalizar que o golpe – o tão sonhado golpe – está pronto.

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Perdido em uma economia que ele não entende e não faz questão de gerir, e vem apresentando números ridículos a cada mês - esperem por um pibinho de 0,90% -; sem um partido que lhe dê respaldo no Congresso; sem um bom articulador político, e um bando de aloprados em torno de si, resta a Jair apressar o passo. É do seu interesse estabelecer o caos para justificar aquilo que ele aguarda e acha que sabe fazer: promover uma convulsão social que justifique apelar às tropas. Para isto, fomenta as fileiras do meio, gratas a ele por terem se dado bem na reforma da Previdência.

Com uma liderança fardada plantada em cada um dos principais estados da federação, Bolsonaro aposta na deterioração das relações entre governadores e suas tropas de policiais militares e unidades do Corpo de Bombeiros, principalmente no Nordeste, foco de oposição ao seu governo. Armados, fardados, ou à paisana, e sem mostrar os rostos, é impossível distinguir nesse bloco de ensandecidos quem é e quem não é miliciano. E a julgar pelo modus operandi há muitos. A tática de tocar o terror, fechar o comércio e ameaçar a população é típica dos grupos que agem agora por todo o país, num pacote “milícia exportação”.

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A bordo da retroescavadeira - principal carro alegórico neste carnaval - o senador Cid Gomes (PDT-CE), ferido com dois tiros disparados contra o seu peito, prestou um grande serviço ao cenário político. Desnudou para todo o Brasil o plano canhestro de Bolsonaro. Colocou em alerta até mesmo a grande mídia, que numa relação descolada da realidade, até aqui, separava a atuação do ministro Paulo Guedes das estultices de Jair e sua prole. 

Agora, constatada a inoperância de Paulo Guedes e as reais intenções do senhor Jair, os “analistas” começam a perceber, finalmente, que é tudo uma coisa só. Eles estão juntos e misturados. E como cereja do bolo, há ao lado da mesa presidencial um general de pijamas a incitar os 30% de fiéis ao “mito” e ao seu exército miliciano, a irem para as ruas exigir o fechamento do Congresso.

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Acontece que do lado de lá da pracinha, há Rodrigo Maia, que a despeito de recados, não parece querer deixar barato os ataques de pelanca de Augusto Heleno. E não se pode deixar mesmo, pois um movimento desta natureza, que embora não deva arrastar para as ruas mais do que os submetidos aos pastores evangélicos – novos coronéis a ordenar o voto de cabresto urbano – tem consequências imprevisíveis. Não duvidem, porém, de que a fala do general Heleno, dita em um momento em que o pânico se instalou na família Bolsonaro, com a morte do capitão Adriano, no dia 9 deste mês, no interior da Bahia, tenha sido dita apenas para embaralhar o jogo. Virar no chão o tabuleiro. 

Por via das dúvidas, passada a folia, há 13 celulares encontrados no “aparelho” de Esplanada, onde foi morto o capitão miliciano, a serem decodificados; há um “convite” aguardando o general belicoso Augusto Heleno, na Câmara; há uma “talvez” secretária de Cultura se refestelando na piscina de um hotel de luxo (às minhas custas?) até uma provável posse, e uma extensa agenda sobre orçamento e reformas, que vai exigir de um presidente sem partido, muito jogo de cintura. São tantas as firulas e questiúnculas, que um general peitando um Congresso e chamando fanáticos às ruas pode não ser nada. Pode ser apenas isto. Um bando de fanáticos nas ruas. É bom estarmos atentos e fortes, mas até lá, toquemos o bloco.

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