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Leonardo Stoppa

Colunista do 247 e apresentador do programa Leo ao Quadrado, da TV 247

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Quando o grito do Bolsonaro calou a Globo

"O que a Globo ignorou não foi o ataque ao profissional de imprensa, mas a mensagem minuciosamente pensada pelo marketing político do Bolsonaro", diz o colunista Leonardo Stoppa após o ataque à emissora. "A Globo é definitivamente pior que Bolsonaro. A 'cria' dificilmente supera o 'criador', pelo menos com tão pouco tempo de experiência", acrescenta

(Foto: Reprodução / Divulgação)
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O Brasil ficou perplexo ao notar que o mais reprovável “chilique” do presidente contra a imprensa fora simplesmente ignorado pela mídia hegemônica, recebendo apenas uma breve nota pela própria empresa atacada. É como se a Globo e outros grandes veículos tivessem escondido do Brasil a cena mais grotesca protagonizada por um chefe de estado em todo século XXI, mas não! Enquanto insistimos em resumir Bolsonaro num político tosco e ignorante, nós é que ignoramos que o “mito”, mesmo sendo o pior presidente da história do Brasil ainda mantém uma significativa base de seguidores e é até cultuado ao lado de uma caixa gigante de cloroquina, ao som de orações que ficaram famosas como “cloroquina de Jesus”.

O que a Globo ignorou não foi o ataque ao profissional de imprensa, mas a mensagem minuciosamente pensada pelo marketing político do Bolsonaro, que foi embutida de forma nem tão subliminar naquele ataque, mas que infelizmente foi amplamente divulgada por outros veículos que, apesar de menor alcance, deram vazão ao “enlatado” que, se não fosse nossa sede por criticar o Bolsonaro, teria ficado apenas entre eles: o “gado”. É o motivo pelo qual sempre insisto na importância de “não dar palco para maluco”, mas vejamos como o “doidão” que chegou à presidência soube ser doido no momento certo e na hora certa. Proponho que estudem o “chilique” do Bolsonaro, porém, ignorando o emissor e focando apenas na mensagem...

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“Eu sou um alvo de canalhas no Brasil [...] Essa Globo é uma merda de imprensa! Vocês são uma porcaria de imprensa, vocês são canalhas, vocês fazem jornalismo canalha, que não ajuda em nada! Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira, vocês não prestam, a Rede Globo não presta, é um péssimo órgão de informação... Se você não assiste a Globo você não tem informação, se assiste é desinformado... Você deveria ter vergonha na cara de se prestar a este serviço porco que você faz à Rede Globo.”

Agora, faço uma proposta difícil ao leitor: esqueça que a frase foi dita pelo Bolsonaro, e leia a mesma frase, porém, imagine-a sendo dita por Fernando Haddad quando o então candidato à Presidência da República. Como esse papo de família e religião é “conversa pra cidadão de bem dormir”, vou alterar apenas estes pontos, além é claro, da vítima desta água que virou vinho após o milagre da lacração...

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“Lula é um alvo de canalhas no Brasil [...] Essa Globo é uma merda de imprensa! Vocês são uma porcaria de imprensa, vocês são canalhas, vocês fazem jornalismo canalha, que não ajuda em nada! Vocês destroem a economia brasileira, destroem a sociedade brasileira, vocês não prestam, a Rede Globo não presta, é um péssimo órgão de informação... Se você não assiste a Globo você não tem informação, se assiste é desinformado... Você deveria ter vergonha na cara de se prestar a este serviço porco que você faz à Rede Globo.”

Agora imaginem como teria sido diferente nosso destino se no lugar de tentar um papo amistoso com o Bonner, Fernando Haddad tivesse feito o discurso anterior durante a entrevista que teve no Jornal Nacional, pouco antes das eleições. Esta opinião não é de agora e está desta forma no programa que fiz no Youtube imediatamente após aquela entrevista morna na qual Haddad tentou ser ‘Lord’ com o veículo que criou o ódio ao PT, foi decisivo na derrubada da Dilma, na prisão do Lula, criou o herói Sérgio Moro, trabalhou e trabalha até hoje para esconder a verdade sobre a Lava Jato e agora, repetindo a cretinice dos Estados Unidos na segunda guerra mundial, entra de gaiato na guerra contra o extermínio do povo brasileiro e se apropria da luta dos progressistas contra o Bolsonaro.

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Começando pelo que foi repercutido, Bolsonaro não atacou o jornalismo, ele atacou a Globo! É duro ler essas palavras escritas por um progressista, mas a Globo apoiou a Ditadura Militar, interferiu na democracia editando os debates entre Lula e Collor e desde sua existência, trabalhou uma permanente campanha de extorsão mediante chantagem, obrigando muitas vezes o governo a abandonar pautas em favor do povo para calar a emissora com dinheiro. Foi assim com todos e tem sido assim com Bolsonaro. Provo com dois exemplos, de “A a Z”, para refrescar a memória e para chamar atenção para o que ainda há tempo.

Após ter sido viabilizado presidente pela parte “Lázaro” da justiça brasileira, Bolsonaro se manifestou claramente contra a reforma da previdência. Manteve firme sua posição até que descobriu que a Globo possuía todos os dados do caso Queiroz. As notícias foram dadas insistentemente até que pimba! Bolsonaro mudou de ideia em relação à reforma da previdência e passou a ter fôlego. Desde então, tanto “O caso Marielle Franco” quanto “O caso Queiroz” aparecem e somem da pauta da emissora: assim que aperta o caixa da Globo, eles trazem Flávio Bolsonaro para pauta... Dá-lhe propaganda oficial, o caso some. Abaixou o caixa, levantam “o caso Marielle”, mais propaganda oficial, o caso some...

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E como trouxe o “caso A”, vamos agora direto ao “caso Z”. Durante a campanha presidencial Bolsonaro deixou clara sua posição contra a privatização da Eletrobrás. Seu posicionamento era incrivelmente o que temos hoje: “Empresa estratégica não se privatiza”. Apesar da promessa de “judicialização” do caso, a privatização da Eletrobrás veio de uma MP proposta pelo presidente que por questões de dedução lógica, não preside absolutamente nada, mas obedece como um uma pulga adestrada todos os ditames de algum chefe maior. Apelando mais uma vez para a dedução lógica, quem no Brasil naturaliza constantemente o único futuro possível para um Brasil que fora divulgado globalmente como país mais corrupto do mundo, e em pouco tempo não terá sequer soberania e competitividade energética senão a Globo, o canal do “agro é pop”?

A Globo não ignorou Bolsonaro, assim como Bolsonaro não deu “chilique”. O que o “bobão” que virou presidente tentou fazer e conseguiu parcialmente foi dar sequência na destruição da credibilidade do seu maior obstáculo na perpetuação do poder: a informação, que embora seja quase inexistente na Globo, é usada em momentos pontuais para derrubar presidentes, como Collor, Dilma e agora ele, que conhece bem o terrorista e sabem que todos que tentaram negociar com a Globo, foram enganados.

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O “Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira” dentro do contexto de desmoralização da emissora é um convite, minuciosamente elaborado, talvez pelos marqueteiros da Record, para convidarem o “gado sagrado” que abandone de vez a Globo. Já as demais acusações, admito com pesar, é o grito preso na garganta de todos nós progressistas, que estamos há anos vendo um entra e sai de políticos eleitos para uma pseudo-república, que nunca deixou de ser um feudo controlado pela monarquia da família Marinho.

Mas isso me faz “de direita” e estou defendendo Bolsonaro? Não, definitivamente! A derrubada do Bolsonaro é urgente e na briga entre Bolsonaro e a Globo, eu poderia até ficar com a briga, mas seria injusto, ou melhor, seria uma atitude “rede Globo” perceber tudo isso e fazer de conta que vai tudo bem. Compartilhar milhões de vezes um vídeo no qual o Bolsonaro faz um apelo para trazer de volta o apoio evangélico e ainda que de forma inconsciente, contempla o desejo dos progressistas em ouvir uma sequência de verdades sobre aquele que é sem dúvidas o maior inimigo da sociedade brasileira, e que agora rouba nossas manifestações para depois entregá-las de bandeja para a ainda inominada “terceira via”.

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A Globo não apenas derrubou vários presidentes eleitos pelo povo, como foi decisiva na destruição da nossa indústria e no fim da nossa economia. Criou “heróis” como Joaquim Barbosa, Sérgio Moro e Marcelo Bretas. Naturalizou o “temos convicções” como alternativa às provas. Conquistou a prisão do Ex. Presidente Lula e nos condenou ao regime Bolsonaro. Mesmo depois de todo o estrago e em meio a uma pandemia em que o Brasil se dividiu ideologicamente entre os negacionistas seguidores do Bolsonaro e os que lutaram contra o negacionismo, a Globo manteve firme todas as mentiras que produziram o antipetismo, segue na defesa da Lava Jato e insiste na tese de que a operação buscou “o fim da corrupção”.

O antipetismo é terreno para o Bolsonarismo, este, semente para o negacionismo. A “autocrítica” da Globo, assumindo seus exageros no endeusamento de Sérgio Moro e um posicionamento verdadeiro em relação à perseguição ao ex. presidente Lula seriam suficientes para diminuir a adoração ao Bolsonaro, o que certamente teria impactado no número de imbecis que desafiam as medidas sanitárias, espalham a doença, se matam e levam a doença para familiares como forma de “ferrar o PT”. A Globo é definitivamente pior que Bolsonaro. A “cria” dificilmente supera o “criador”, pelo menos com tão pouco tempo de experiência.

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