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Mavetse Dionysopoulos de Argos

Mestre em Arqueologia Clássica MAE/USP

2 artigos

blog

Quando vacinar torna-se um ato de resistir

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Acabo de me vacinar contra a Covid-19. Só o consegui com tamanha rapidez por ser um dos tantos brasileiros que possuem alguma comorbidade. Sou um ser com “morbidade”?  Mórbido mesmo é perceber que muitos, para sobreviver contra um vírus letal, ante a negligência de um governo vil e mesquinho, no sentido mais strictu destas palavras, precisam correr atrás da sua sobrevivência comprovando alguma doença. Eis um governo doente, maladia perversa que se instalou no centro de nosso dispositivo social. Citarei algumas ações mórbidas, dentre tantas e tantas de um governo que mata o povo brasileiro a cada dia que passa  por conta de sua canhestra gestão: recusou 70 milhões de doses da Pfizer, em 15 de agosto de 2020; negligenciou desde o começo a pandemia, utilizando adjetivos rasteiros para definir a crise que se instalou no começo de 2020; tentou a todo custo, e gastou muito dinheiro público na compra de cloroquina e ivermectina, um verdadeiro placebo, digno do rei dos emplastos; baixou para uma média de 250,00 o auxílio emergencial para as pessoas necessitadas em plena pandemia. Neste contexto, aqueles que conseguem se vacinar, e são contra este governo que se instalou no Brasil, acabam por consolidar um ato de resistência. Há aqueles que virão me dizer que não se mistura vacinação com política. Vou na direção oposta e firmo este ato, como um ato político. Porque se o cidadão não se expressa e não luta contra aquele que o oprime, é como nos versos do grande poeta russo: Na primeira noite, eles se aproximam de nossa casa, roubam-nos uma flor e nós não dizemos nada... Na segunda noite, eles não só se aproximam da nossa casa, mas pulam o muro, pisam nas flores, matam o nosso cãozinho E nós não dizemos nada... Até que um dia, o mais sábio deles, entra em nossa casa, rouba-nos a luz, a voz de nossa garganta... Então, mesmo agrilhoados em nossas casas devemos dizer tudo o que sufocado encontra-se dentro de nossa garganta.  Aqueles que vierem a agradecer a Deus pela vacina, coloquem a mão na sua consciência e agradeçam à ciência; se votou 17 para presidente, foi simplesmente anticristão e anticiência.  Por que, em um dia feliz em que me vacino tocar neste assunto? Porque os tiranos muitas vezes são sorrateiros, mentirosos e cínicos e querem o seu povo calado, com cabresto nas fuças, esporado no lombo, como um equino obediente. Uma maneira de se fazer isso é delegar a Deus o que seria de sua competência ou transferir para ele suas responsabilidades. Nada contra a crença em Deus ou qualquer outra divindade; apenas digo que se fui vacinado hoje, foi pelo avanço da ciência e pela paradoxal situação do Sistema Único de Saúde – SUS que só se manteve com suas ações de saúde pública porque veio a Pandemia, esta mesma que matou milhares pelo mundo e mata brasileiros a cada dia por conta da ação nefasta de um governo que solapa a educação, destrói o meio ambiente, impede que o patrimônio histórico-arqueológico seja preservado, asfixia os recursos para a saúde, congela o salário do povo, agride desumanamente, com sua política, os povos originários e do outro lado tenta a todo custo se manter no poder. O povo brasileiro tornou-se um cavalo velho e cansado que recebe em seu lombo as chibatadas do homem, seu algoz, que o quer servil e calado em prol da sua vida de cavaleiro. Está mais do que na hora de rejuvenescê-lo, levá-lo de volta aos campos. Musil descreveu o “homem sem qualidades”, o atual presidente do Brasil é mais que isso: tornou-se a representação, o retrato mais canhestro que um político consegue ter. Sua falta de empatia, seu riso de escárnio, seu humor negro, que tem a mesma dimensão da sua mediocridade, tornaram-se o fiel retrato e representante de uma classe que manchou as cores auriverdes da bandeira do Brasil, com este miasma fascista. Somos, aqueles que nunca hão de se colocar do lado deste governo, todos Antígona, por ora emparedada por um tirano. Manter-se vivo, se vacinar, se proteger, respeitar o outro isolando-se, usar máscara, tornam-se expressões de resistência. Sim, faço deste ato de me vacinar, uma conquista, um símbolo, na esperança de que todos os brasileiros sejam vacinados, com ou sem comorbidade. Porque mórbida é esta realidade que nos avilta, tenta nos destruir; mórbido é termos um inimigo invisível, silencioso, quase indetectável, que nos ameaça o tempo todo e conta como seus aliados governante e governo que nos tenta oprimir. Resistamos, os que ainda podem para que chegue o dia em que, pelo sufrágio universal, possamos fazer passar este espectro que ainda ronda o Brasil, ele traz sua cadela sempre no cio, querendo a todo custo permanecer lá onde o colocaram. O melhor antídoto contra o veneno que nos mata é dar ao réptil o seu próprio. Se foi o voto que o colocou, que seja o voto que a tirá-lo. Resistamos, todos quanto pudermos, urge sobreviver, respeitar e honrar a memória de quem partiu. Tentar seguir adiante com esperança por dias melhores; que a violência deste vento se torne brisa.

Quando do final da minha vacinação falei “Viva o SUS!”, Karen, minha vacinadora disse: “Qual é o complemento”? Prontamente sabia: Fora Bolsonaro!

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