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Mauro Nadvorny

Mauro Nadvorny, é Perito em Veracidade e administrador do grupo Resistência Democrática Judaica". Seu site: www.mauronadvorny.com.br

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Que revolução é esta?

Refletindo sobre a Revolução Virtual, o colunista Mauro Nadvorny acredita que os trabalhadores de hoje começam a se parecer em muito com os trabalhadores do passado. "O que muitos estão vendo como um progresso, um novo meio de vida é o prenúncio de um enorme retrocesso nas relações trabalhistas", escreve

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Estamos vivendo hoje o que se poderia chamar de Revolução Virtual. Da mesma maneira como a Revolução Industrial, esta tem alguns elementos que nos fazem recordar este difícil período para a classe trabalhadora.

Até 1760, os produtos eram fabricados por um indivíduo. Assim, um sapato era produzido por um sapateiro, uma cadeira por um carpinteiro e assim por diante. O artesão cobrava pelo material utilizado e pelo seu trabalho na confecção daquele produto. Ele trabalhava as horas desejadas e tinha seu merecido descanso.

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Então, alguém teve uma ideia. Vamos produzir em escala onde cada fase da produção será exercida por um trabalhador que fará de forma repetitiva a mesma ação por horas a fio todos os dias de sua vida. Estava criada a linha de produção e a volta da exploração do homem pelo homem. Uma nova forma legal de escravidão.

Neste processo, pagava-se os piores salários e a jornada de trabalho podia chegar até 16 horas por dia. Mulheres e crianças também eram aceitas por um salário menor. A exploração não tinha limites, nem tirava férias. Não haviam direitos e sobrava mão de obra. A expectativa de vida de um trabalhador era muito baixa.

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As fábricas de então, como as de hoje, eram de propriedade de grandes capitalistas cujo objetivo era o lucro. Este lucro vinha da venda do produto final depois de pagos os salários e os impostos, assim como nos dias de hoje. Baixos salários e grandes margens de venda traziam grandes lucros para o dono da fábrica.

Os novos capitalistas da Revolução Virtual não são donos de uma fábrica, tampouco possuem funcionários, não precisam pagar salários e ainda assim possuem uma grande margem de lucro. Eles são donos apenas de um aplicativo.

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Vamos tomar como exemplo um dos diversos aplicativos que colocam em contato um desejoso prestador de serviços com um desejoso necessitado deste serviço. Eu preciso ir de um lugar para outro. Uma pessoa está disposta a me levar. O aplicativo nos põe em contato, o serviço é prestado. Por esta facilitação, o dono do aplicativo cobra um valor.

Nesta revolução, este valor cobrado é abatido do valor do serviço prestado. Por este serviço o trabalhador não recebe um salário fixo, tampouco tem qualquer tipo de direitos elementares conquistados depois da Revolução Industrial. Não existe limite de horas trabalhadas, não existe descanso obrigatório. Não existe nenhum compromisso com qualquer forma de relação presente ou futura.

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A Revolução Virtual também chega ao mundo capitalista tradicional. Até pouco tempo, se alguém precisasse de hospedagem temporária, buscava um hotel. Pelas noites ali passadas pagava-se um valor. Deste valor, os funcionários recebiam seu salário, o hotel pagava seus impostos, a manutenção do imóvel e ficava com sua margem de lucro. 

Agora, um outro dono de outra modalidade de aplicativo, coloca em contato quem precisa de uma hospedagem com quem se dispõe a oferecer uma habitação particular. Por esta facilitação ele recebe um valor determinado. Quem oferece o serviço não possui nenhum vínculo empregatício, nenhum direito outro que não o custo pré-estabelecido para aquela transação. 

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O que muitos estão vendo como um progresso, um novo meio de vida é o prenúncio de um enorme retrocesso nas relações trabalhistas. Junto com estas novas facilitações, também chegaram as flexibilizações trabalhistas. Um trabalhador pode ser contratado por horas de trabalho. Empresas podem contratar trabalhadores terceirizados oferecidos por uma outra empresa de mão de obra.  

Toda esta nova classe proletária que trabalha sem qualquer vínculo, ou direitos básicos, mal consegue se manter. O mês muitas vezes termina antes do seu final e as contas vão se acumulando. Os que tem sorte conseguem pagar seu custo de vida, mas dependem dos serviços de saúde e educação fornecidos pelo estado que a cada dia reduz mais esta oferta.

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A Revolução Virtual é a filha mais velha do Neoliberalismo. Justos eles vão criando nos países onde atuam em conjunto, uma ruptura social com o surgimento de uma classe de ricos e novos ricos, e outra classe de pobres e novos miseráveis. A distância entre estas classes vai aumentando em proporções abissais.

O Brasil de hoje é um país pensado para 30 ou 40 milhões de pessoas, no máximo. Todas as demais vão existir somente para manterem o meio de vida destes afortunados da camada de cima. Todas as políticas estão sendo implementadas exclusivamente para o bem-estar desta gente. Boa parte será mantida a margem da sociedade, e estes serão os sortudos. Os demais vão conhecer a miséria e a fome.

Os trabalhadores de hoje começam a se parecer em muito com os trabalhadores do passado. A história parece se repetir. No passado foi o que levou a conquistas de direitos básicos que vieram com muita luta e sangue. O que esta história de hoje vai nos ensinar, ainda não sabemos, mas precisamos decidir rápido enquanto ainda temos o direito de nos expressar.

PS: Para todos meus leitores um Feliz Ano Novo!

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