Que se dane Trump, o trumpismo, o bolsonarismo
Cabe ao governo apoiar os empresários nacionais, para evitar ou mitigar prejuízos, financiar o que for necessário, e comprar os produtos perecíveis
Acabei de ler no BRASIL 247 que interlocutores do Brasil - e não do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como constou na matéria -, que estão nos EUA se depararam com um fato sem precedentes: o presidente Donald Trump não autorizou o governo norte-americano a abrir diálogo com o Brasil sobre as tarifas de 50% que entram em vigor em agosto.
Uma demonstração de incivilidade de Trump.
Uma comissão de senadores vai para os EUA, com a missão de tentar abrir um canal de negociações diretas em território americano sobre o tema, o pessoal do Itamaraty não está confiante, em razão do poder e influência do deputado Eduardo Bolsonaro e do blogueiro Paulo Figueiredo.
Paulo Figueiredo não é apenas jornalista, blogueiro e neto do último ditador do Brasil, ele seria também um salafrário que foi multado pela CVM em R$ 102 milhões devido a irregularidades em relação ao Trump Hotel no Rio de Janeiro; pasme senhores, Paulo Figueiredo foi indiciado pela Polícia Federal por fraude no contexto da captação de recursos para o hotel, sua defesa alega nulidades no processo, como a falta de citação adequada e problemas com a delação premiada, não alega que ele é inocente; o processo parece estar grau de recurso.
Vamos em frente.
O que Trump quer? Ele quer: (a) criar fissuras nos BRICS; quer (b) que o Brasil mantenha as Big Techs sem regulação e sem tributação; (c) quer seguir, tanto quanto posso, praticando Insider trading, para beneficiar seus amigos bilionários; (d) quer acesso àquilo que se passou a chamar de “terras raras” (um grupo de 17 elementos químicos com propriedades distintas, mas que geralmente ocorrem juntos em depósitos minerais; sua extração e processamento podem ser complexos e caros, além de potencialmente causarem danos ambientais), as quais o Brasil tem de sobra; (e) querem a Petrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e tudo quanto seja lucrativo, ou seja, Trump, imperador de um império em decadência fará tudo que seja possível para apropriar-se da nossa soberania, pois, é através da subjugação da soberania que ele controlará as riquezas , afastará o BRICS e retardará a decadência do império.
Mas e Bolsonaro? Bolsonaro é descartável; Trump usa o ex-presidente para tentar pressionar e constranger o Brasil.
É cansativo escrever novamente tudo quanto já escrevi e que foi escrito por tanta gente, mas sou um militante da palavra escrita e preciso lembrar que os EUA representam 1,8% do PIB brasileiro, que a nossa relação comercial com eles é deficitária e que apenas 12% da nossa exportação , ou seja, se Trump pretende que as empresas estadunidenses paguem um imposto de 50% sobre os nossos produtos; se isso vai causar problemas imediatos nos dois países; se Trump não quer negociar, dane-se Trump, o trumpismo, Bolsonaro e o bolsonarismo, ao invés de delegações de empresários e senadores irem aos EUA, onde serão humilhadores, está na hora de olhar os cinquenta e quatro países do continente africano; olhar os quarenta e nove países da Ásia e “deixar o império pra lá”.
O setor de proteína animal (carne bovina e de frango), o agronegócio (soja, milho, café, açúcar e suco de laranja), sofreram um grande impacto se a APEX continuar atordoada e o Haddad der entrevista toscas, algo em torno de até 32 bilhões de reais; outros setores, como aeronáutica, pesca e de armas, destinam mais da metade de suas exportações ao mercado americano, e podem sofrer impactos no emprego; por isso: AO TRABALHO APEX, HADDAD, ITAMARATI, CNI e demais entidades e associações do setor produtivo.
O presidente do Brasil disse que está à disposição para negociar, mas “o outro lado” tem que querer.
Não acredito que a APEX não consiga apoiar os exportadores brasileiro a buscar novos mercados, se não conseguir que troque a presidência ou que fecha a agência.
Cabe ao governo apoiar os empresários nacionais (inciso IX, artigo 170 da CF), para evitar ou mitigar prejuízos, financiar o que for necessário, comprar os produtos perecíveis e distribuir para a população carente do Brasil e da África.
Essas são minhas reflexões e impressões para necessário debate.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

