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Laurez Cerqueira

Autor, entre outros trabalhos, de Florestan Fernandes - vida e obra; Florestan Fernandes – um mestre radical; e O Outro Lado do Real

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Quem articula com a cúpula das Forças Armadas é o vice, Hamilton Mourão, e não Bolsonaro

Para o jornalista Laurez Cerqueira, "Mourão tem feito contrapontos aos desvarios de Bolsonaro com postura de equilibrado, sinalizando que está pronto para sucedê-lo", o que "parece ser um dos pontos nevrálgicos mais agudos da crise política, que tem levado Bolsonaro a protagonizar cenas grotescas de insegurança e desequilíbrio"

Mourão e Bolsonaro (Foto: Adriano Machado/Reuters)
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O vice, Hamilton Mourão, tem dado demonstrações claras de que é ele quem articula com a cúpula militar e não o titular. Bolsonaro tornou-se um presidente decorativo. Não governa, vive fazendo arruaças para postar nas redes sociais, criar um “Brasil paralelo” e alimentar o ódio de seus seguidores à democracia, enquanto o país afunda na crise econômica, social e moral. Desemprego, inflação, fome e corrupção.

Mourão tem feito contrapontos aos desvarios de Bolsonaro com postura de equilibrado, com palavras comedidas, sinalizando que está pronto para sucedê-lo. Esse parece ser um dos pontos nevrálgicos mais agudos da crise política, que tem levado Bolsonaro a protagonizar cenas grotescas de insegurança e desequilíbrio. Nas reuniões, ele não tem se dirigido a Mourão. Apesar do vice dizer que lhe é leal.

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A desconfiança de Bolsonaro de que poderia ser derrubado pelo vice surgiu logo depois da posse. No início do governo, Mourão esteve em visita oficial à China, onde foi recebido pelo presidente chinês, Xi Jinping, e presidiu a 5a reunião da Comissão Sino Brasileira de Concertação e Cooperação, em Pequim. Uma presença marcante na relação bilateral com nosso maior parceiro comercial, que garantiu resultados vigorosos das nossas exportações. 

O ciúme subiu à cumeeira do Palácio do Planalto. Afinal, chefes de Estado não devem querer aparecer numa foto ao lado de Bolsonaro. A postura de Mourão contrasta com os ataques de Bolsonaro e seus filhos à China, acusada por eles de ter criado o Coronavírus como arma de guerra.

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Mourão afastou Olavo de Carvalho, guru de Bolsonaro e dos filhos, quando ele andava intrometendo no governo. Disse que o guru deveria limitar-se à função de astrólogo. E enquadrou Eduardo Bolsonaro, a quem ele denominou de “bananinha”, no episódio de acusação à China de ter disseminado o vírus da pandemia.

Mourão tem conversado com ministros do STF e do TSE. Indagado pela imprensa sobre o pedido de impeachment do ministro do STF, Alexandre de Moraes, ele disse: “Eu não calço os sapatos do presidente”. Deixou claro que não compactua com o disparate do titular. Declarou que não haverá golpe e que as eleições estão garantidas. O vice desautorizou o titular publicamente. Ou seja, os contrapontos continuam.

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O pedido de impeachment de Alexandre de Moraes foi mais um desastre político do titular, que resultou na união inédita do judiciário em solidariedade ao magistrado, na defesa das instituições e da democracia, atacadas permanentemente por Bolsonaro e seus seguidores. 

O ministro da Defesa, Braga Neto, ao perceber a gravidade da situação, disparou telefonemas para ministros do STF e para a PGR, após a operação da PF contra o cantor Sérgio Reis, o caminhoneiro Zé Trovão, e outros oito integrantes do grupo que organizam as manifestações de ataques contra o STF e o Estado Democrático de Direito, dia 7 de setembro. 

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Bolsonaro se desespera ao ver os filhos enredados nos seus crimes perante a justiça e sabe que poderão ser presos a qualquer momento. Carlos Bolsonaro pediu socorro ao pai, mas Bolsonaro percebeu que não pode tudo. Para agravar a situação, queimou os navios com as instituições. Está isolado, na ilha de ódio que ele mesmo criou.

Carlos Bolsonaro pode ser preso, a mando do ministro Alexandre de Moraes, junto com o blogueiro Allan dos Santos e outros integrantes da organização criminosa que comanda a máquina produtora e disseminadora de fake news, no âmbito das investigações em curso no STF. Prisões vão acontecer. É uma questão de tempo. Bolsonaro sabe também que será responsabilizado pelo desastre do seu governo na presidência da República.

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A CPI da pandemia, deve encerrar os trabalhos no final de setembro, apresentará à Câmara o relatório apontando os indícios de crimes praticados por Bolsonaro, e, ao STF, para averiguação da prática de crimes comuns. A acusação de genocídio, apurado pela CPI, deverá ser encaminhada aos tribunais internacionais de Haia e de Direitos Humanos. À Câmara cabe decidir se acata ou não a abertura de processo de impeachment

O Centrão, esteio do governo, não é de carregar andor de presidente pesado com tantos pecados, em queda acentuada nas pesquisas de opinião, e que pode ficar fora do segundo turno nas eleições de 2022. Bolsonaro nomeou Ciro Nogueira para a Casa Civil, órgão de coordenação do governo, mas parece que não se deu conta de que pode ter levado o inimigo para dentro de casa.

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Bolsonaro está perdido, não governa mais, chegou na linha do descarte. O Centrão ocupa mais espaço, quer agora quatro ministérios, mais cargos e dinheiro. Mas nada disso garante que o impeachment não será pautado. Vai depender da evolução da crise. Banqueiros e grandes empresários nacionais e internacionais dão sinais de basta a Bolsonaro. Caso ele seja destituído, Mourão pode vir a ser candidato à reeleição, com apoio do famoso centro, num acordão envolvendo uma ampla reforma ministerial, capaz de salvar o projeto neoliberal, que é o que está em jogo, no Brasil. Basta Ciro Nogueira combinar com Arthur Lira. Isso, se o TSE não cassar a chapa Bolsonaro-Mourão. O processo ainda não foi concluído.

Os deputados estão na espreita. O que vai definir o momento certo do desembarque do governo são as próximas pesquisas. Abaixo de 20%, procuram o candidato à presidência mais bem posicionado na disputa eleitoral. Pegam cargos e dinheiro e votam no impeachment na cara dura.

O desembarque dos parlamentares depende também da composição das chapas que estão sendo formadas nos estados para eleição dos governadores. Os partidos têm seus indicados aos cargos nos governos. É nessa encruzilhada que pode entrar em pauta, na Câmara, o impeachment de Bolsonaro. Rápido e cirúrgico.

Ele não sabe fazer política. Sabe fazer arruaça e alimentar a máquina de fake news, agora desmonetizada pelo corte de verbas públicas, determinado pela justiça, que eram distribuídas aos sites bolsonaristas. As empresas de aplicativos de comunicação também baniram canais, páginas e grupos do YouTube, Facebook, twitter, WhatsApp, por divulgarem notícias falsas, conteúdo de ódio e pregação de golpe militar. O Centrão e a máquina de fake news, os mais importantes esteios de Bolsonaro, estão ruindo e junto com eles o desastrado governo.

A reunião de emergência do Fórum de Governadores para tentar conter a crise política, defender as instituições atacadas, e o Estado Democrático de Direito, decidiu propor reuniões com os chefes dos poderes da República. Foi discutido também o enquadramento da Polícia Militar, convocada por bolsonaristas para as manifestações. Punições exemplares e demissões, por sublevação, estão previstas. Quem se sentir prejudicado com as punições e recorrer à justiça atacada por Bolsonaro, pode ter o pedido de reintegração ao serviço público negado.

A reação à atitude desesperada de Bolsonaro, de pedir o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, foi generalizada no judiciário, no Congresso, e nas organizações democráticas. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que não vai pautar o pedido de impeachment do ministro e o senador David Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado também disse que não vai pautar na comissão. Bolsonaro recuou com o pedido de impeachment do ministro Roberto Barroso. A indicação de André Mendonça para ocupar vaga no STF também foi congelada por conta do clima de beligerância.

As investigações no STF, com o ministro Alexandre de Moraes à frente e, no TSE, com o ministro Roberto Barroso, sobre fake news, ataques às instituições e atos antidemocráticos, na CPI da Pandemia, com escândalos de corrupção, acenderam a luz amarela para Bolsonaro. Caso ele não recue, tente romper com a ordem institucional, levará cartão vermelho, poderá ser expulso e preso.

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