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Quem compra uma almofada de 500 dólares?

Provavelmente os mesmos que compram apartamentos de 30 milhões de dólares, bolsas da Hermes a 15 mil dólares e suéteres de 2.000 dólares. Ultimamente tenho me espantado com a “gastança” dos ultra ricos

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Eu não sou uma consumidora regular. Se estou andando e vejo uma vitrine com alguma coisa que eu gosto e preciso, eu entro, mas fora disto, odeio compras. Outro dia, voltando de um almoço e a caminho do metrô, vi uma almofada que iria muito bem com meu sofá. Entrei para saber o preço e qual não foi minha surpresa ao descobrir que aquela almofadinha custava 495 dólares, e se contar a taxa, mais de 500 dólares! Quem compra uma almofada neste preço? Provavelmente os mesmos que compram apartamentos de 30 milhões de dólares, bolsas da Hermes a 15 mil dólares e suéteres de 2.000 dólares. Ultimamente tenho me espantado com a "gastança" dos ultra ricos, sejam eles americanos ou brasileiros. De acordo com uma matéria do Wall Street Journal, os preços dos artigos de luxo aumentaram mais do que do que 50% nos últimos quarto anos. Em Nova Iorque voltaram as guerras de preço na compra de apartamentos e os incorporadores estão atrás de espaço para construir novos condomínios. Até quem usa carro em Nova Iorque está sentindo os efeitos: em 2003, Manhattan tinha mais de 40 postos de gasolinas ao sul da Rua 135. Em 2014 estes numero estará em 16, e as filas para abastecer continuam aumentando. Em Miami os preços não param de subir, aquecidos pelos brasileiros, argentinos e venezuelanos (para se pensar... O que estas nacionalidades têm em comum além de ser Sul Americanas...?).

Mais interessante ainda é que lojas que servem a classe baixa e media nos EUA estão apresentando resultados não tão bons. Os resultados da Target caíram 46% comparados ao ano passado e outras cadeias como Sears, Walmart e Kmart também estão lutando para manter sua clientela e suas previsões são de que não haverá aumento de vendas em 2014. Não só aumentou a competição, com a venda online, obrigando-os a reduzir preços e margens, mas o baixo crescimento econômico não tem ajudado. Além disto, os republicanos deram sua contribuição para que a classe média consuma menos: com o fim da isenção do imposto cobrado na fonte que havia sido aprovada depois de 2008, e com o corte do programa de "food stamps", programa que permite aos desempregados pagar compras em farmácia, supermercados e outros. Os lojistas precisam aumentar suas vendas e é por isto que muitas redes pretendem abrir as portas no dia do feriado de Ação de Graças.

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Este fenômeno é de certa forma diferente do que aconteceu no Brasil nos últimos anos onde o aumento da classe media levou lojas como Magazine Luiza e outras que servem a chamada classe C a apresentar resultados muito bons.

Mas apesar da imprensa e do discurso oficial brasileiro dedicar espaço ao crescimento da classe C, não se menciona que a classe A/B cresceu relativamente mais do que a C: para falar a verdade eu não sabia disto, pois confesso que não tenho acompanhado os dados da população brasileira com acuidade. Na semana passada, no evento anual para investidores promovido pelo Bradesco em NY, Luciano Coutinho fez uma apresentação interessantíssima sobre o programa de infraestrutura brasileiro. No meio da apresentação havia um slide sobre a participação das diferentes classes na economia brasileira. O slide mostrava que entre 2003 e 2012 a classe C aumentou de 66 milhões para 102 milhões. Entretanto notei que a classe C aumentou no mesmo período de 13,3 milhões para 39,4 milhões. Hum... Enquanto a C aumentou 1.5, a AB quase triplicou. Interessante. É por isto que se vende tanto jatinho, helicópteros, barcos e outros artigos de luxo no Brasil.

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Uma amiga minha esteve recentemente na Itália e comentou comigo que mal conseguia andar na rua devido ao "tráfego" de pedestres, o que fez ela o e o marido se perguntarem onde está a recessão. Pergunta que eu tenho feito nesta modesta coluna já algum tempo, sempre que vejo uma estrada congestionada a qualquer hora do dia ou um restaurante lotado com longa espera ou pior ainda, toda vez que tento comprar uma passagem aérea barata e não encontro lugar ou se encontro, os preços são obscenos.

O fato é que as diferentes camadas sociais estão saindo (quando saem) da recessão em condições muito diferentes. Com certeza os 50 milhões de Americanos que não tem seguro saúde sabem disto.

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Por falar em seguro saúde, nos EUA, o Obamacare vai realmente entrar para a história, não como Obama queria, como o marco da sua gestão, mas pela reviravolta política e espetáculo de incompetência. Quando os republicanos provocaram o fechamento do Governo porque queriam a postergação da implementação da lei por um ano, os democratas e Obama, normalmente dóceis, fincaram o pé . Não negociaram e acabaram vencendo a batalha legislativa. Naquele momento o partido republicano atingiu o ponto mais baixo da sua historia em popularidade. Infelizmente, a inauguração do site de saúde no dia 1 de Outubro foi um grande fracasso, até agora não resolvido. Problemas acontecem, mas é impressionante que tenham acontecido nesta dimensão, no programa mais importante do Governo!

De lá para cá, os democratas e Obama estão sofrendo, a popularidade do Presidente nunca foi tão baixa e pior de tudo, coisas que ele prometeu em relação à lei não estão acontecendo, o que tem causado uma perda de credibilidade.

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Enquanto isto o Mercado acionário Americano continua a subir e os que não acreditaram na alta continuam perdendo oportunidades. Este ano e principalmente nos últimos meses, tem se repetido um padrão de comportamento: toda vez que o Banco Central Americano vai ter um encontro, a bolsa começa a cair, a imprensa e os comentaristas começam a falar em enxugamento da liquidez, as ações caem um pouco. Depois das reuniões e sem nenhuma novidade por parte do FED, as ações voltam a subir e os que não acreditaram perdem mais uma oportunidade.

Há, entretanto algumas pessoas, como eu, que ignoram este ruído e continuam na mesma trajetória. Do meu ponto de vista, se o Banco Central mudar sua politica é porque a economia está melhorando substancialmente e, se isto acontecer, as empresas só tem a ganhar. O outro lado acha que a prolongada alta é uma bolha derivada da politica monetária e vai explodir com o fim desta política. Até agora, minha interpretação é a vencedora.

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