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Quem desfechará o golpe final?

O deslizamento da situação em direção ao autoritarismo sem pudor é evidente e, creio, sem volta, na perspectiva do roteiro de ação preparado pelas forças atuantes nas sombras. São muitos os movimentos entre o Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional e as forças armadas

O deslizamento da situação em direção ao autoritarismo sem pudor é evidente e, creio, sem volta, na perspectiva do roteiro de ação preparado pelas forças atuantes nas sombras. São muitos os movimentos entre o Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional e as forças armadas (Foto: Luiz Cláudio Machado dos Santos)
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As condições políticas estão se deteriorando tão rapidamente e de tal forma que a pergunta a se fazer não é mais se a direita vai tentar um golpe definitivo contra a democracia, mas sim de que forma e quem vai se habilitar a liderar tal empreendimento.

Já em novembro do ano passado, no artigo “Tecnologia do Golpe na América Latina”, chamei a atenção para a semelhança do que ocorre no Brasil com outras experiências autoritárias e/ou ditatoriais levadas a termo em nosso continente, notadamente aquela que acometeu o Uruguai: o Golpe Longo, urdido e implementado entre os anos de 1968 e 1973. Para que a memória não nos traia, recordemos que no país vizinho um governo constitucional foi derivando no sentido do autoritarismo até que os militares assumiram o controle completo do Estado e implantaram uma ditadura sem nenhum disfarce.

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Apesar do contexto interno e externo bastante diferenciado, algumas condições impulsionadoras da prática golpista se mantém ou encontram-se em situação de maior deterioração que nas décadas de 1960 e 1970. O avanço da hegemonia do capital financeiro/rentista sobre o capital produtivo (usaremos esses conceitos estanques, merecedores de reparos, apenas para fins didáticos) e a desarticulação dos elementos constitutivos do pequeno núcleo de uma burguesia nacional dotada de algum sentido pátrio, determinam um vazio de projeto de nação por parte da elite como nunca vivemos antes. Por outro lado, como na experiência uruguaia, as classes médias e as instituições jurídico-políticas fecharam questão sobre a necessidade de dar cabo do ensaio de democracia popular vivido nos últimos anos, rasgando as garantias constitucionais da cidadania, o que no caso brasileiro tem sua pedra de toque na inabilitação às eleições, a qualquer custo, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Se preciso for uma ditadura para tanto, repetirão, sem pestanejar, “às favas, nesse momento, todos os escrúpulos de consciência”, como ensinou o então ministro Jarbas Passarinho ao assinar o lúgubre Ato Institucional número 5.

O fracasso da reforma da previdência, a total incapacidade de constituir uma candidatura capaz de vencer as eleições presidenciais, a absoluta desmoralização junto às camadas populares como visto no carnaval, tanto no desfile da Sapucaí, quanto nos blocos de rua por todo o país e, finalmente, o primeiro passo no sentido de constituir um regime “anfíbio”, parte calcado nas instituições civis, parte calcado nas forças armadas, exatamente como no Golpe Longo do Uruguai, com a decretação da totalmente injustificável intervenção no Estado do Rio de Janeiro, o elo frágil da corrente federativa.

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O deslizamento da situação em direção ao autoritarismo sem pudor é evidente e, creio, sem volta, na perspectiva do roteiro de ação preparado pelas forças atuantes nas sombras. São muitos os movimentos entre o Planalto, o Gabinete de Segurança Institucional e as forças armadas, denunciando uma inteligência oriunda da caserna a guiar os passos da crise na direção de uma situação de confronto, na qual as forças armadas não fugiriam ao enfrentamento, ciosas, no limite, da sua função histórica de poder garante do status quo ante. O próprio posicionamento de Temer como possível candidato ao pleito presidencial não atende a qualquer expectativa eleitoral efetiva, mas visa sim, antes de qualquer coisa, servir a uma nova ruptura patrocinada pelas forças golpistas cancelando e/ou postergando as eleições de 2018. Como no caso uruguaio, Temer é candidatíssimo a ser uma espécie de testa-de-ferro dos setores armados que assumiriam verdadeiramente o poder. Um Juan Maria Bordaberry tropical, sem voto, sem poder, encarcerado no Planalto à espera do fim. Certo é que os tanques já estão nas ruas esperando a voz de comando para disparar.

A única forma de barrar esse movimento é colocar em marcha as massas populares a partir do chamamento das organizações dos trabalhadores, dos estudantes, da cidadania. Agir, efetivamente, no sentido da defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores em cada fábrica, comércio, universidade, acampamentos dos sem terra e dos sem teto.

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Os que se reivindicam da democracia ainda aguardam o alvorecer, quando o tempo do golpe não espera a claridade da manhã.

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