Quem é que alimenta o ódio no Brasil?
Evidentemente que o ódio jorra da classe dominante através de seu percurso histórico, passando e parando no escravagismo, no feudalismo e agora no capitalismo e sua fase superior, o imperialismo
Querido amigo Dr. Adelmar Santos de Araújo
Apesar do contexto de terrível crise que vivemos no mundo e no Brasil sobram pessoas que fazem a gente abraçar pessoas, a nos alegrarmos com a vida e a nos entusiasmarmos com o futuro.
Sem dúvidas, meu caro Dr. Adelmar, és uma dessas pessoas que têm o dom da seriedade acadêmica nos estudos e nas pesquisas, mas que sabe se emocionar com as coisas simples do povo e da existência.
Aproximamo-nos pela via da educação, trabalhando numa das instituições de ensino da qual és diretor acadêmico, e, sobretudo, através de nossa comunhão com tua participação profunda e intensa na Ibrapaz, nos fazendo irmãos de sonhos de uma sociedade mais justa e de lutas, para que esse valor se imponha nessas relações.
Sou muito agradecido a ti por tua enorme disposição de ajudar as pessoas a crescer.
Sou também muito agradecido por insistires comigo para transformar os textos de +Cartas e Reflexões Proféticas em livro.
Abraços fortes, meu amigo e companheiro!
Uma das inquietações que transporto neste ano é com a pergunta sobre quem alimenta tanto ódio em nossa sociedade.
Ódio que mata jovens negros com as armas pagas pelo dinheiro público nas mãos da polícia, que deveria nos proteger.
Ódio que humilha e desconstitui as mulheres, notadamente as negras e indígenas.
Ódio do governador do Paraná que mandou prender e a polícia bater em 213 professores do ensino público.
Ódio do governador de São Paulo que mandou privatizar mais de 90 escolas, sendo rechaçado e derrotado em sua má fé por crianças e adolescentes que não se dobraram para a indolência.
Ódio do governador “encachoeirado” de Goiás que projeta entregar os hospitais e escolas públicas para o mercado perverso enriquecer marginalizando a saúde e a educação dos pobres.
O ódio dos donos da Samarco e da Vale do Rio Doce, roubada do povo brasileiro e privatizada, que destruiu regiões inteiras com a enchente de lama e rejeito, matou vidas humanas, fauna e flora.
O ódio de adeptos da direita e seguidores cegos da intolerância acusa a todos que lutam por justiça social e pela Estatização da economia e das políticas públicas de caráter social e os colocam no mesmo saco, seguindo o discurso absurdo da mídia oligárquica.
O ódio dos fundamentalistas rebaixa a religiosidade a regras cínicas, obscurantistas e desumanas.
Espaços online servem como canais de discriminação, de exclusão, de racismo, de desprezo, de bullyng, de agressões a pessoas e humilhações.
Com a crise os patrões jogam a culpa sobre os trabalhadores e os demitem para salvar seus lucros e suas empresas.
Enfim, o que se vê nestes últimos anos, notadamente em 2015 que finda, é a expressão da divisão entre irmãos brasileiros.
De onde vem tanto ódio?
Evidentemente que o ódio jorra da classe dominante através de seu percurso histórico, passando e parando no escravagismo, no feudalismo e agora no capitalismo e sua fase superior, o imperialismo.
Em todas essas fazes o tratamento dado aos que trabalham e aos que produzem riquezas sempre é o mais cruel possível.
A classe dominante não sobrevive sem os trabalhadores, mas contraditoriamente os odeia e os marginaliza das riquezas que produzem.
A classe dominante é a fonte primeira do ódio e de todas as crueldades.
A classe dominante se impessoaliza e se institucionaliza como fonte de ódio.
Porém como sempre houve, a classe dominante tem rosto e seus capitães executores de crueldades.
Neste ano eles foram fundamentais no fomento do ódio, mesmo que sua covardia não permitisse que mostrassem suas caras de modo aberto.
Um deles teve o nome de infância registrado como Aécio Neves. Esse cidadão brasileiro agiu como bandido e criminoso de primeira hora na tarefa de fomentar o ódio e a divisão da família brasileira.
O jornalista Paulo Nogueira definiu Aécio Brasileiro como o pior brasileiro de 2015.
Aécio conseguiu ser pior e mais apodrecido do que Eduardo Cunha. Não tivesse o playboy do Leblon blindado Eduardo Cunha não teria esse feito molecagens contra a democracia e contra todo o Brasil, aprofundado a crise da governabilidade, num espetáculo de ódio e de irresponsabilidade infantil (leia mais aqui).
Num regime verdadeiramente democrático Aécio teria o mesmo destino de Delcídio do Amaral, bem mais rapidamente do que a solução dada ao marginal do Mato Grosso do Sul.
Felizmente as máscaras desses diabos começam a cair.
Para isso contribuiu muito a grandeza de Chico Buarque de Holanda.
Um dos agressores de Chico, Túlio Dek, não sabe o que é trabalhar, tem raízes bem fincadas no ódio e nele as alimenta. Seu avô, Jairo Andrade Bezerra, é um dos fundadores da UDR (União Democrática Ruralista), ao lado de pernóstico Ronaldo Caiado. Essa entidade foi criada para proteger os interesses dos latifundiários, ocultar seus crimes contra pequenos agricultores e indígenas e impedir a reforma agrária.
Andrade Bezerra envolveu-se em denúncias de trabalho escravo e de participação em homicídios.
O outro raivoso que agrediu Chico, Alvarinho Garnero, como seu gesto marginal e desrespeitoso, acabou por esgarçar ainda mais as raízes do ódio.
Garnero é conhecido como participante da ditadura, de ser bancário, membro da oligarquia financeira e parasita que vive do suor dos trabalhadores, que tem Aécio Neves como um de suas portas vozes.
De modo que o aconteceu a Chico Buarque revelou tudo da classe dominante que dissemina, incentiva e permeia de ódio as relações sociais.
Ao sabermos de onde vem o ódio e dos estragos que produziu na formação de monstros egoístas, mimados e perversos conseguiremos travá-lo impedindo-o de formatar nosso comportamento social.
Essa desonicentização das causas do ódio expõe uma classe dominante perversa e traidora da própria Pátria. Ela não tem estima pelo Brasil nem por seu povo.
Nossa luta através de gigantescas mobilizações nas ruas, praças e campos de todo o País ajudará nosso povo a educar a generosidade e o congraçamento da família brasileira, remédio poderoso contra o ódio.
• Abraços críticos e fraternos na luta pela justiça e pela paz sociais.
• Dom Orvandil, OSF: bispo cabano, farrapo e republicano, presidente da Ibrapaz, bispo da Diocese Brasil Central e professor universitário, trabalhando duro sem explorar ninguém.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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