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Paulo Moreira Leite

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Quem pariu Bolsonaro que o embale, Sérgio Moro!

Fora do governo, o ex-juiz ainda não explicou Vaza Jato, a sentença do triplex contra Lula nem sua permanência de um ano e quatro meses no ministério, escreve Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Jair Bolsonaro e Sérgio Moro (Foto: Adriano Machado/Reuters)
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Por Paulo Moreira Leite, do Jornalistas pela Democracia

Sérgio Moro saiu do governo batendo a porta. Foi um sinal de que compreendeu  -- mesmo tardiamente -- que não poderia retomar o projeto de uma carreira de candidato presidencial sem tomar distância de Bolsonaro e do bolsonarismo.

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Com a auto suficiência  de quem se imaginava capaz de alimentar uma candidatura própria nas fileiras de um governo cujo presidente pretende disputar a reeleição, possivelmente naqueles projetos estranhos que querem durar 1 000 anos, Moro percebeu o sinal de perigo para pedir demissão com alguma indignação antes de ser demitido como traidor sem escrúpulos.  

A saída lhe permite, ao menos em teoria, iniciar a nova fase da vida embalado por um discurso que pode lhe abrir portas no debate político, ao menos nos próximos meses.

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Aliados de sempre -- a começar pelas Organizações Globo -- já se mobilizam nessa  direção.

Considerando que também foi assim na eleição de 2018 e nos meses seguintes, quando o mito Lava Jato trocou alianças com o mito da nostalgia do porão da ditadura, nada impede que aliados e adversários apontem o dedo para fazer a mesma pergunta: por que só agora?

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É correto considerar  que toda ruptura com um projeto de ditadura sempre deve ser benvinda, pois reduz o poder de ação de um sistema dedicado a sabotar um regime de liberdades conquistado com luta e sacrifícios, inclusive de vidas humanas.

Na vida real de todo dia, não basta buscar apoio em afirmações de princípio. Cabe  recordar uma lição necessária: não se pode receber o bônus sem pagar o ônus.

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No discurso de saída, Moro lançou uma isca dirigida a seu adversário de ontem, hoje e amanhã, o Partido dos Trabalhadores. Elogiou o PT por respeitar a autonomia das investigações da policiais, uma prática iniciada por Lula e prosseguida por Dilma. Arrancou suspiros de satisfação dos menos atentos.

No mesmo e único pronunciamento até aqui, porém,  confirmou o costume de aplicar  bons princípios de modo seletivo. Num episódio que também envolve autonomia entre poderes, assumiu a agressividade de um anti-lulismo nada democrático e petrificado ao manifestar apoio a operação da Polícia Federal que em julho de 2018 fechou a porta da cela de Lula em Curitiba, quando havia uma ordem judicial impecável para que fosse colocado em liberdade.

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Recuperada pelo grande Zé de Abreu, uma das frases indispensáveis do atual momento político do país ( "eu sei o que você fez no verão passado"), está condenada a acompanhar toda personalidade que tentar atravessar as águas turbulentas que levaram o país ao "tudo isso que está aí" mas não é capaz de dar explicações convincentes para seu gesto.

Nada disse de satisfatório, até hoje, sobre os diálogos da Vaza Jato. Tampouco justificou de modo aceitável a sentença que condenou Lula por um imóvel que nunca lhe pertenceu. 

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Num Brasil com uma crescente fileira de  arrependidos do bolsonarismo -- na política e na cultura, entre figurões e anônimos -- Moro é o maior exemplo dessa condição.

Para quem dispõe, em todos os levantamentos, do primeiro lugar nas pesquisas de 2022, a reação de possíveis eleitores de Moro, neste fim de semana, traduziu um dos típicos estados mentais de nossa república -- a bestificação. 

Alguma dúvida? 

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