Quem seriam o advogado e o padre de quem Mauro Cid não se lembra?

Os tubarões e as baleias em breve começarão a ser presos

Mauro Cid (à esq.) e Jair Bolsonaro. Foto: Reuters
Mauro Cid (à esq.) e Jair Bolsonaro. Foto: Reuters


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A notícia é quentíssima para nós e tenebrosa para Bolsonaro.

Mauro Cid delatou que o ex-presidente recebeu uma espécie de minuta golpista, que pode ser aquela encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres e convocou uma (pelo menos uma) reunião com os comandantes das Forças Armadas. Estariam presentes um advogado e um padre que, estranhamente, Cid não se lembra quem eram.

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Admitindo que é pura especulação, mas com boa possibilidade de ser verdade, ouso dizer que o advogado era Ives Gandra Martins, aquele que fez uma interpretação do artigo 142 da Constituição como manda o figurino para o golpe de estado impetrado pelas Forças Armadas e o padre, Paulo Ricardo, um fascista de batina, famoso em seu canal por defender a aniquilação de quem pensa diferente..

Caso a delação de Mauro Cid seja comprovada, aí está a tentativa de golpe com todas as suas 5 letras, consubstanciada no simples ato de Bolsonaro chamar os comandantes do exército, da marinha e da aeronáutica, fora da agenda, para consultá-los. Esclarecendo ainda que tentativa de golpe de estado é crime, mesmo que o capitão afirme que pensar em golpe não é contra a lei.

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Imagino a cena. O ex-presidente recebe os comandantes, mostra a minuta e vai logo perguntando: “e aê? Bora dá um golpe pra gente manter as mamatas pra todos? Muito cargo no governo, picanha, uísque e viagra! Bora?”

O único que topou na hora foi o comandante da marinha, almirante Garnier. “Bora, presidente!” Os outros dois, provavelmente pediram um tempo pra pensar.

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Nesta altura, é preciso lembrar que em março de 2021, Bolsonaro trocou os comandantes das Forças Armadas e o próprio ministro da defesa por nomes mais favoráveis a ele, com os quais ele contava para a tentativa de golpe que estava urdindo e que culminou naquele fatídico 7 de setembro de 2021. Foi naquele dia que quase perdemos o Brasil. Neste ponto, recomendo a leitura de outro texto de minha autoria, escrito em abril deste ano: https://bloganaliseeopiniao.blogspot.com/2023/04/a-intentona-golpista-de-7-de-setembro.html

Houve mais reuniões numa casa que foi alugada após o primeiro turno das eleições. Os frequentadores eram Braga Netto, Augusto Heleno e outros generais e coronéis interessados em manter as boquinhas.

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Porém, após o presidente norte-americano Joe Biden se pronunciar a favor da democracia no Brasil e parte da imprensa (que durante todo o governo Bolsonaro foi leniente com ele) na reta final, muito a contragosto, ter se definido contra a reeleição do ex-presidente, o exército (a instituição como um todo) e a aeronáutica perceberam que a aventura estaria fadada ao fracasso e comunicaram isso a Bolsonaro. O golpe com o apoio das Forças Armadas não aconteceria.

Mas o capitão não desistira.

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Como os bolsonaristas ainda estavam acampados em frente aos quartéis, a nova ideia seria usá-los como bucha de canhão.

Anderson Torres, recém nomeado como secretário de segurança pública do Distrito Federal, viajaria para os Estados Unidos deixando o caminho aberto para a invasão da Praça dos Três Poderes. Bolsonaro já estava lá.

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A turba iniciaria a quebradeira geral e o recém-eleito presidente Lula seria decretaria uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Assim, o exército, mesmo que não quisesse, teria que assumir o poder. Lula seria destituído e Bolsonaro voltaria ao poder.

O plano ainda previa o assassinato de Lula e o sequestro e prisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Tudo com Deus acima de todos.

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Não teria como não dar certo. Mas não deu.

Quando Mauro Cid diz que Bolsonaro, ao receber a minuta de golpe que, segundo ele, foi preparada pelo assessor Filipe Martins, aquele mesmo que foi flagrado fazendo gesto supremacista branco no Senado, não disse nada, está mentindo e poupando seu capitão. Não tem como. Todos sabemos que Bolsonaro não segura as palavras para si. Naquele mesmo momento deve ter mandado chamar os comandantes.

Esse foi o primeiro vazamento da delação de Mauro Cid. Mas, pelo simples fato de Alexandre de Moraes ter homologado a delação, com certeza vem muito mais por aí.

A esta altura, Moraes e a PF já devem ter o quebra-cabeças praticamente todo montado.

Os tubarões e as baleias em breve começarão a ser presos.

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