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Davi Spilleir

Mestre em Sustentabilidade, pesquisador de Economia Solidária pelo CIRIEC e pela ABPES

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Quem tem medo de Rita von Hunty?

A aula marcada para às 19:30 já estava atrasada, o motivo era que havia muito mais gente do que as salas podiam comportar. De fato, a fila perdia-se de vista e subia novamente ao ponto inicial. Enorme centopeia de gentes, todos ali para desfrutarem do saber e da elouquência desta que hoje é, seguramente, uma das mais ativas e imperativas vozes do marxismo brasileiro

Rita Von Hunty (Foto: 247)
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Era 21 de janeiro de 2020. Meu namorado e eu éramos mais dois naquela enorme fila que dava voltas no CCSP. Era noite de aula aberta da Profa. Rita von Hunty. O tema "Quem tem medo de Cassandra Rios?". Apesar de já conhecê-la, passei o dia todo estudando Cassandra Rios, não queria perder nenhum detalhe sequer daquela aula, ou melhor, daquele show! Como bom alunos reli avaliações de sua obra e lembrei também de alguns de seus livros que li.

A aula marcada para às 19:30 já estava atrasada, o motivo era que havia muito mais gente do que as salas podiam comportar. De fato, a fila perdia-se de vista e subia novamente ao ponto inicial. Enorme centopeia de gentes, todos ali para desfrutarem do saber e da elouquência desta que hoje é, seguramente, uma das mais ativas e imperativas vozes do marxismo brasileiro.

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Às 20 horas fomos conduzidos a um teatro. As pessoas tomavam seus lugares, eram dois andares de arquibancadas. No centro, a maestra Rita von Hunty. Ritinha iniciou externalizando sua surpresa, devia haver mais ou menos umas setecentas pessoas ali, era impossível controlar seu nervosismo inicial, além de sua emoção, mas começou sua exposição dizendo que Cassandra Rios não seria o tema de nossa aula, mas sim aqueles que tinham medo dela! E quem eram? Aqueles conservadores de todas as formas que censuravam os livros de Cassandra, que não podiam conviver com o gozo e com o afeto de seus livros. Seu discurso libertador causava raiva e medo das elites dominantes na época da ditadura, não por menos 36 de seus mais de 50 livros foram censurados durante a ditadura militar, a mais censurada autora brasileira.

Durante aproximadamente uma hora e vinte fomos conduzidos pela sua impecável linha de raciocínio que nos revelou uma constatação terrível: vivemos em um Estado notadamente autoritário e que, além de cultura e arte, tem como um de seus mais importantes pontos de ataque, a seara das vidas pessoais, da sexualidade e liberdade dos indivíduos. Ao mesmo tempo que a professora não passou pano pela gravidade da realidade e pela dureza daquilo que está a se pintar em futuro muito próximo, Rita foi categórica em passar uma mensagem de união e de resistência: estamos todos juntos e no mesmo time, a despeito deles quererem fazer parecer que não. Somos muitos e representamos muito mais do que eles nos fazem crer. Somos muito mais do que eles gostariam de fôssemos. 

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No final, ainda pude entregar um broche do MTST a este símbolo de resistência. Rita é uma mensagem de alento no meio deste cenário sibilino. É a certeza de que a esperança floresce da consciência de classe e da educação. 

E a pergunta que queremos fazer é: quem tem medo de Rita von Hunty?

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Paz entre nós, guerra aos nossos senhores!

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