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Tereza Cruvinel

Colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos.

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Quem vai deter Bolsonaro?

Jornalista Tereza Cruvinel critica o fato de apenas dois do STF, Celso de Mello e Marco Aurélio Mello, terem condenado o ataque de Jair Bolsonaro ao Supremo com o vídeo das hienas. "De resto, as demais instituições e a sociedade civil assistem perplexas a estes ensaios que apontam para seu não secreto nem dissimulado desejo: o de instalar de fato a autocracia do leão, através de um golpe", diz ela

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Depois das últimas provocações institucionais de Bolsonaro, que culminaram com o desvairado vídeo do leão acossado pelas instituições democráticas – que implicitamente foram chamadas de “forças do mal” – apenas dois ministros do STF, e não o STF em si, levantaram a voz e o repreenderam: Celso de Mello ontem, e Marco Aurélio Mello, hoje. De resto, as demais instituições e a sociedade civil assistem perplexas a estes ensaios que apontam para seu não secreto nem dissimulado desejo: o de instalar de fato a autocracia do leão, através de um golpe.

Não devemos ter medo de considerar esta hipotése para não sermos chamados de paranoicos ou devotos do conspiracionismo. Pecado bem mais grave será o da leniência diante dos sinais que ele mesmo espalha, com palavras e gestos. É da boca de Bolsonaro que saem elogios a ditaduras, aprovações à tortura, ataques ao sistema político (um dos trunfos de sua eleição por brasileiros desiludidos com a política) e a violência verbal diária, contra tudo e todos, inclusive contra ooutros povos, como o argentino, temperada pela vulgaridade. Ontem ele fez até mesmo uma declaração de afinidade com o príncipe saudita sanguinário, envolvido na morte de um jornalista por esquartejamento e sumiço do corpo.

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A indulgência em relação ao presidente desatinado ampara-se numa leitura ingênua ou conveniente às elites que esperam dele a aprovação e implementação de reformas e medidas neoliberais:  ele é assim mesmo, e com suas diatribes, ainda  que vulgares e preocupantes, contribui para o avanço das reformas, oferecendo temas diversionistas ao debate público.

De fato, enquanto discutimos o vídeo do leão acossado pelas malévolas instituições democráticas – imprensa, STF, OAB, CUT, partidos e outros – Guedes avança com sua agenda.

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Já a  suposta paranoia, ou fiquemos na preocupação com o que de pior pode acontecer,  ampara-se na prática, nas palavras, no passado e na natureza de Bolsonaro, essencialmente autoritária e antidemocrática. E neofascista, é preciso também dizer.

Mas convenhamos que eles fazem as coisas com uma loucura metodológica. Pelo vídeo, por exemplo, Bolsonaro hoje pediu desculpas explicando. Não o produziu, o vídeo apareceu, alguém (que negou ser o filho Carlos) achou interessante e postou em sua conta na rede social sem perceber que continha “injustiça”.  Certamente apenas em relação ao STF, que foi quem reclamou, embora não tenha sido mencionado.

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A peça representa falta do presidente para com a honra, a dignidade e o decoro do cargo. Teoricamente, é motivo para impeachment. Mas quem haverá de propor isso, se ele já tirou o corpo fora: não é autor do vídeo, não sabe quem o postou,  embora se sinta responsável. Rodrigo Maia engavetaria o pedido por falta de fundamento.

Seguiremos, por mais tempo, assistindo ao espancamento das instituições, que vão sendo testadas ao limite, para gáudio dos 30% que constituem a base pétrea do bolsonarismo.  Quando elas estiverem prostradas, talvez seja a hora esperada para o golpe. E será tarde para os que transigiram ou se omitiram.]

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Por mais pecados que tenha o STF cometido nestes tempos estranhos, como diz o ministro Marco Aurélio, é de lá que têm vindo censuras aos excessos de Bolsonaro e até ao assanhamento do general Vilas Boas. O Congresso tem se calado, os partidos, também, a sociedade civil parece ter hibernado, e o único líder que a oposição poderia ter, com força para fazer frente à situação, foi encarcerado justamente para que Bolsonaro pudesse tornar-se presidente, livre de sombras, contrapontos e forças dispostas a contê-lo.

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